Guilda (ecologia): diferenças entre revisões

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'''Guilda''', '''guilda ecológica''' ou '''grupo funcional''' é um agrupamento não [[táxon|taxonômico]] de espécies que subsistem de um mesmo tipo de recurso, explorando-o de forma similar.<ref name="Root_1967">{{Citar periódico |autor= Root, R. B|data= outubro de 1967|ano= 1967|mes= outubro|titulo= The Niche Exploitation Pattern of the Blue-Gray Gnatcatcher|jornal= Ecological Monographs|volume= 37|numero= 4|paginas= 317-350|editora= Ecological Society of America|local= Ithaca|issn= 0012-9615|doi= 10.2307/1942327|url= http://www.jstor.org/stable/1942327|lingua2= en|aspas= não}}</ref><ref name="Simberloff_1991">{{Citar periódico |autor= Simberloff, D.; Dayan, T|data= novembro de 1991|ano= 1991|mes= novembro|titulo= The guild concept and the structure of ecological communities|jornal= Annual Review of Ecology and Systematics|volume= 22|paginas= 115-143|editora= Annual Reviews|local= Palo Alto|issn= 1545-2069|doi= 10.1146/annurev.es.22.110191.000555|url= http://www.annualreviews.org/doi/abs/10.1146%2Fannurev.es.22.110191.000555|lingua2= en|aspas= não }}</ref><ref name="Wilson_1991">{{Citar periódico |autor= Wilson, J. B|data= setembro de 1999|ano= 1999|mes= setembro|titulo= Guilds, functional types and ecological groups|jornal= Oikos|volume= 86|numero= 3|paginas= 507-522|editora= Wiley|local= Hoboken|issn= 1600-0706|doi= 10.2307/3546655|url= http://www.jstor.org/stable/3546655|lingua2= en|aspas= não }}</ref> É baseado na similaridade funcional que o grupo de espécies desempenha em uma [[comunidade (ecologia)|comunidade]], sendo um conceito relacionado a [[nicho]]. Exemplos comuns são guildas de consumidores de néctar, sugadores de seiva e pastadores.
'''Guilda''', '''guilda ecológica''' ou '''grupo funcional''' é qualquer conjunto de espécies que subsistem de um mesmo tipo de recurso, explorando-o de forma similar.<ref name="Root_1967">{{Citar periódico |autor= Root, R. B|data= outubro de 1967|ano= 1967|mes= outubro|titulo= The Niche Exploitation Pattern of the Blue-Gray Gnatcatcher|jornal= Ecological Monographs|volume= 37|numero= 4|paginas= 317-350|editora= Ecological Society of America|local= Ithaca|issn= 0012-9615|doi= 10.2307/1942327|url= http://www.jstor.org/stable/1942327|lingua2= en|aspas= não}}</ref><ref name="Simberloff_1991">{{Citar periódico |autor= Simberloff, D.; Dayan, T|data= novembro de 1991|ano= 1991|mes= novembro|titulo= The guild concept and the structure of ecological communities|jornal= Annual Review of Ecology and Systematics|volume= 22|paginas= 115-143|editora= Annual Reviews|local= Palo Alto|issn= 1545-2069|doi= 10.1146/annurev.es.22.110191.000555|url= http://www.annualreviews.org/doi/abs/10.1146%2Fannurev.es.22.110191.000555|lingua2= en|aspas= não }}</ref><ref name="Wilson_1999">{{Citar periódico |autor= Wilson, J. B|data= setembro de 1999|ano= 1999|mes= setembro|titulo= Guilds, functional types and ecological groups|jornal= Oikos|volume= 86|numero= 3|paginas= 507-522|editora= Wiley|local= Hoboken|issn= 1600-0706|doi= 10.2307/3546655|url= http://www.jstor.org/stable/3546655|lingua2= en|aspas= não }}</ref> É um agrupamento que não tem como base a [[filogenia]], como na [[taxonomia]], mas a similaridade funcional das espécies. O termo é empregado com a perspectiva de um recorte por [[nicho]] na [[biodiversidade]], sendo proposto o termo '''guilda local''' quando referente à uma [[comunidade (ecologia)|comunidade]] específica.<ref name="Fauth_1996">{{Citar periódico |autor= Fauth, J. E.; Bernardo, M.; Camara, W. J.; Resetarits, Jr.; J. Van Buskirk; McCollum, S. A|data= fevereiro de 1996|ano= 1996|mes= fevereiro|titulo= Simplifying the Jargon of Community Ecology: A Conceptual Approach|jornal= The American Naturalist|volume= 147|numero= 2|paginas= 282-286|editora= The University of Chicago Press|local= Chicago|issn= 0003-0147|doi= 10.1086/285850|url= http://www.jstor.org/stable/2463205|lingua2= en|aspas= não}}</ref>

Guildas são definidas de acordo com o interesse de estudo do pesquisador, sendo exemplos guildas de consumidores de néctar, sugadores de seiva e pastadores.


== História ==
== História ==
O termo foi primeiro utilizado em um contexto ecológico por [[Andreas Franz Wilhelm Schimper]] em 1898 para denominar grupos de plantas com mesma forma de vida e estrutura:<ref name="Wilson_1991"></ref><ref name="Schimper_1903">{{Citar livro |ultimo=Schimper|primeiro= A. F. W|título= Plant-geography upon a physiological basis|edição= 1|local= Oxford|editora= Oxford Univesity Press|ano= 1903|páginas= 1024|puborig=1898|notaspuborig=publicado originalmente em alemão sob o título de ''Pflanzen-Geographie auf physiologischer Grundlage'' em |url=https://archive.org/details/plantgeographyup00schi}}</ref>
O termo foi criado para designar associações de profissionais na idade média ([[corporações de ofício]]), sendo primeiro utilizado em um contexto ecológico por [[Andreas Franz Wilhelm Schimper]] em 1898 para denominar grupos de plantas com mesma forma de vida e estrutura:<ref name="Wilson_1999"></ref><ref name="Schimper_1903">{{Citar livro |ultimo=Schimper|primeiro= A. F. W|título= Plant-geography upon a physiological basis|edição= 1|local= Oxford|editora= Oxford Univesity Press|ano= 1903|páginas= 1024|puborig=1898|notaspuborig=publicado originalmente em alemão sob o título de ''Pflanzen-Geographie auf physiologischer Grundlage'' em |url=https://archive.org/details/plantgeographyup00schi}}</ref>


::''"Dispersas entre as plantas que ocupam o chão e são essencialmente responsáveis pela edificação das formações, quase sempre são encontradas outras plantas de modos de vida muito diferentes, que aparecem de forma indiscriminada como componentes acessórios das mais diversas formações, sem nunca agrupar-se em uma própria. Na verdade, elas são incapazes de fazê-lo, pois dependem de outras plantas para a sua existência. Cada um destes grupos de vegetais possui, de acordo com o seu modo de vida, traços característicos que sofrem muitas modificações com qualquer alteração no ambiente, mas que permanecem sempre inalteradas nas suas características principais. Tais grupos ecológicos são denominados guildas. Eles são quatro em número - lianas, epífitas, saprófitas e parasitas."'' <ref name="nota1" group="nota"/>
::''"Dispersas entre as plantas que ocupam o chão e são essencialmente responsáveis pela edificação das formações, quase sempre são encontradas outras plantas de modos de vida muito diferentes, que aparecem de forma indiscriminada como componentes acessórios das mais diversas formações, sem nunca agrupar-se em uma própria. Na verdade, elas são incapazes de fazê-lo, pois dependem de outras plantas para a sua existência. Cada um destes grupos de vegetais possui, de acordo com o seu modo de vida, traços característicos que sofrem muitas modificações com qualquer alteração no ambiente, mas que permanecem sempre inalteradas nas suas características principais. Tais grupos ecológicos são denominados guildas. Eles são quatro em número - lianas, epífitas, saprófitas e parasitas."'' <ref name="nota1" group="nota"/>

Ao longo do século XX o termo não teve um definição consistente, tendo sido empregado para classificar desde grupos de espécies invasoras até grupos de espécies pertencentes ao mesmo nível trófico.<ref name="Wilson_1999"></ref> Ao mesmo tempo, pelo agrupamento funcional ser um importante aspecto teórico e uma importante abordagem de estudo, diversos outros termos foram criados para designar conceitos similares, como "grupo funcional", "tipo funcional", "síndrome adaptativa", "grupo ecológico", entre outros.<ref name="Wilson_1999"></ref> Seu sentido mais aceito atualmente foi proposto em 1967 por [[Richard Bruce Root]], mas uma unificação conceitual do termo ainda não foi alcaçada.<ref name="Root_1967"></ref><ref name="Wilson_1999"></ref><ref name="Fauth_1996"></ref>

== Exemplos ==

Considerando a definição mais aceita de guilda, são reunidos aqui alguns exemplos publicados em estudos ecológicos.

=== Guildas ===

Exemplos de guildas utilizadas como unidades de estudo incluem "artrópodes associados ao dossel do feijoeiro" <ref>{{Citar periódico|autor= Marquini, F.; Picanço, M. C.; Guedes, R. N. C.; Ferreira, P. S. F|data= junho de 2003|ano= 2003|mes= junho|titulo= Imidacloprid impact on arthropods associated with canopy of common beans|jornal= Neotropical Entomology|volume= 32|numero= 2|paginas= 335-342|issn= 1519-566X|doi= 10.1590/S1519-566X2003000200021 |url= http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-566X2003000200021&lng=pt&nrm=iso|lingua2= en|aspas= não}}</ref>, "polinizadores de árvores", "plantas anuais de desertos" <ref>{{Citar periódico|autor=Venable, D. L|data= maio de 2007|ano= 2007|mes= maio|titulo= Bet hedging in a guild of desert annuals|jornal= Ecology|volume= 88|numero= 5|paginas= 1086–1090|issn= 0012-9658|doi= 10.1890/06-1495|url= http://www.esajournals.org/doi/abs/10.1890/06-1495|lingua2= en|aspas= não}}</ref> e "bactérias oxidantes de nitrito" <ref>{{Citar periódico|autor=Knapp, C. W,; Graham, D. W|data= novembro de 2007|ano= 2007|mes= novembro|titulo= Nitrite-oxidizing bacteria guild ecology associated with nitrification failure in a continuous-flow reactor|jornal= FEMS Microbiology Ecology|volume= 62|numero= 2|paginas= 195–201|issn= 1574-6941|doi= 10.1111/j.1574-6941.2007.00380.x|url= http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1574-6941.2007.00380.x/full|lingua2= en|aspas= não}}</ref>.

=== Guildas locais ===
Exemplos de guildas locais utilizadas como unidades de estudo incluem "peixes bentívoros de costas arenosas no sudeste brasileiro" <ref>{{Citar periódico|autor= Zahorcsak, P.; Silvano, R. A. M.; Sazima, I|data= agosto de 2000|ano= 2000|mes= agosto|titulo= Feeding biology of a guild of benthivorous fishes in a sandy shore on south-eastern Brazilian coast|jornal= Revista Brasileira de Biologia|volume= 60|numero= 3|paginas= 511-518|issn= 0034-7108|doi= 10.1590/S0034-71082000000300016|url= http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71082000000300016&lng=pt&nrm=iso|lingua2= en|aspas= não}}</ref> e "plantas anuais do deserto de Sonora" <ref>{{Citar periódico|autor= Adondakis, S.; Venable, D. L|data= setembro de 2004|ano= 2004|mes= setembro|titulo= Dormancy and germination in a guild of sonoran desert annuals|jornal= Ecology|volume= 85|numero= 9|paginas= 2582–2590|issn= 0034-7108|doi= 10.1890/03-0587|url= http://www.esajournals.org/doi/abs/10.1890/03-0587|lingua2= en|aspas= não}}</ref>


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Revisão das 14h08min de 6 de dezembro de 2014

Guilda, guilda ecológica ou grupo funcional é qualquer conjunto de espécies que subsistem de um mesmo tipo de recurso, explorando-o de forma similar.[1][2][3] É um agrupamento que não tem como base a filogenia, como na taxonomia, mas a similaridade funcional das espécies. O termo é empregado com a perspectiva de um recorte por nicho na biodiversidade, sendo proposto o termo guilda local quando referente à uma comunidade específica.[4]

Guildas são definidas de acordo com o interesse de estudo do pesquisador, sendo exemplos guildas de consumidores de néctar, sugadores de seiva e pastadores.

História

O termo foi criado para designar associações de profissionais na idade média (corporações de ofício), sendo primeiro utilizado em um contexto ecológico por Andreas Franz Wilhelm Schimper em 1898 para denominar grupos de plantas com mesma forma de vida e estrutura:[3][5]

"Dispersas entre as plantas que ocupam o chão e são essencialmente responsáveis pela edificação das formações, quase sempre são encontradas outras plantas de modos de vida muito diferentes, que aparecem de forma indiscriminada como componentes acessórios das mais diversas formações, sem nunca agrupar-se em uma própria. Na verdade, elas são incapazes de fazê-lo, pois dependem de outras plantas para a sua existência. Cada um destes grupos de vegetais possui, de acordo com o seu modo de vida, traços característicos que sofrem muitas modificações com qualquer alteração no ambiente, mas que permanecem sempre inalteradas nas suas características principais. Tais grupos ecológicos são denominados guildas. Eles são quatro em número - lianas, epífitas, saprófitas e parasitas." [nota 1]

Ao longo do século XX o termo não teve um definição consistente, tendo sido empregado para classificar desde grupos de espécies invasoras até grupos de espécies pertencentes ao mesmo nível trófico.[3] Ao mesmo tempo, pelo agrupamento funcional ser um importante aspecto teórico e uma importante abordagem de estudo, diversos outros termos foram criados para designar conceitos similares, como "grupo funcional", "tipo funcional", "síndrome adaptativa", "grupo ecológico", entre outros.[3] Seu sentido mais aceito atualmente foi proposto em 1967 por Richard Bruce Root, mas uma unificação conceitual do termo ainda não foi alcaçada.[1][3][4]

Exemplos

Considerando a definição mais aceita de guilda, são reunidos aqui alguns exemplos publicados em estudos ecológicos.

Guildas

Exemplos de guildas utilizadas como unidades de estudo incluem "artrópodes associados ao dossel do feijoeiro" [6], "polinizadores de árvores", "plantas anuais de desertos" [7] e "bactérias oxidantes de nitrito" [8].

Guildas locais

Exemplos de guildas locais utilizadas como unidades de estudo incluem "peixes bentívoros de costas arenosas no sudeste brasileiro" [9] e "plantas anuais do deserto de Sonora" [10]

Notas

  1. À época da publicação, todas as formas de vida eram divididas entre animais e plantas no sistema de Linnaeus ou entre animais, plantas e protistas no sitema de Haeckel. As plantas saprófitas descritas pelo autor possivelmente representavam organismos do reino Fungi. Veja reino para maiores informações.

Referências

  1. a b Root, R. B (outubro de 1967). The Niche Exploitation Pattern of the Blue-Gray Gnatcatcher. Ithaca: Ecological Society of America. Ecological Monographs (em inglês). 37 (4): 317-350. ISSN 0012-9615. doi:10.2307/1942327 
  2. Simberloff, D.; Dayan, T (novembro de 1991). The guild concept and the structure of ecological communities. Palo Alto: Annual Reviews. Annual Review of Ecology and Systematics (em inglês). 22: 115-143. ISSN 1545-2069. doi:10.1146/annurev.es.22.110191.000555 
  3. a b c d e Wilson, J. B (setembro de 1999). Guilds, functional types and ecological groups. Hoboken: Wiley. Oikos (em inglês). 86 (3): 507-522. ISSN 1600-0706. doi:10.2307/3546655 
  4. a b Fauth, J. E.; Bernardo, M.; Camara, W. J.; Resetarits, Jr.; J. Van Buskirk; McCollum, S. A (fevereiro de 1996). Simplifying the Jargon of Community Ecology: A Conceptual Approach. Chicago: The University of Chicago Press. The American Naturalist (em inglês). 147 (2): 282-286. ISSN 0003-0147. doi:10.1086/285850 
  5. Schimper, A. F. W (1903). Plant-geography upon a physiological basis 1 ed. Oxford: Oxford Univesity Press. 1024 páginas  Parâmetro desconhecido |notaspuborig= ignorado (|notas=) sugerido (ajuda); Parâmetro desconhecido |puborig= ignorado (ajuda)
  6. Marquini, F.; Picanço, M. C.; Guedes, R. N. C.; Ferreira, P. S. F (junho de 2003). Imidacloprid impact on arthropods associated with canopy of common beans. Neotropical Entomology (em inglês). 32 (2): 335-342. ISSN 1519-566X. doi:10.1590/S1519-566X2003000200021 
  7. Venable, D. L (maio de 2007). Bet hedging in a guild of desert annuals. Ecology (em inglês). 88 (5): 1086–1090. ISSN 0012-9658. doi:10.1890/06-1495 
  8. Knapp, C. W,; Graham, D. W (novembro de 2007). Nitrite-oxidizing bacteria guild ecology associated with nitrification failure in a continuous-flow reactor. FEMS Microbiology Ecology (em inglês). 62 (2): 195–201. ISSN 1574-6941. doi:10.1111/j.1574-6941.2007.00380.x 
  9. Zahorcsak, P.; Silvano, R. A. M.; Sazima, I (agosto de 2000). Feeding biology of a guild of benthivorous fishes in a sandy shore on south-eastern Brazilian coast. Revista Brasileira de Biologia (em inglês). 60 (3): 511-518. ISSN 0034-7108. doi:10.1590/S0034-71082000000300016 
  10. Adondakis, S.; Venable, D. L (setembro de 2004). Dormancy and germination in a guild of sonoran desert annuals. Ecology (em inglês). 85 (9): 2582–2590. ISSN 0034-7108. doi:10.1890/03-0587 
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