Escola Semiótica de Tartu-Moscou: diferenças entre revisões

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A Escola de Semiótica Tartu-Moscou (ESTM) é o nome dado a uma corrente filosófica dentro do campo da [[Semiótica]], constituída por acadêmicos como [[Yuri Lotman]], [[Boris Uspenskii]], [[Viacheslav Ivanov|Vyacheslav Ivanov]], [[Vladimir Toporov]], [[Alexander Piatigorsky]], [[Isaak I. Revzin]], [[Mikhail Gasparov]], [[Yuri Levin]], and others. Este grupo de acadêmicos se reuniu, a partir da década de 1960, na [[Universidade de Tartu]], [[Estónia|Estônia]], com o intuito inicial de desenvolver um espaço de discussão e produção acadêmica voltada para a compreensão do papel da [[linguagem]] nos [[Estudos culturais|Estudos Culturais]], sob um viés semiótico.
A '''Escola Semiótica de Tartu-Moscou''' é uma instituição científica voltada aos estudos da [[semiótica]]. Ela foi formada em 1964, sendo liderada primeiramente pelo estônio [[Yuri Lotman]]. Outros proeminentes membros da época foram, entre outros, Boris Uspensky, Vyacheslav Ivanov, Vladimir Toporov, Mikhail Gasparov, Alexandre Piatigorsky e Isaak I. Revzin. Como resultado de seu trabalho coletivo, eles delimitaram uma nova estrutura teórica em torno da [[semiótica]].


== '''Escola de Semiótica Tartu-Moscou''' ==
A Escola de Semiótica de Tartu-Moscou desenvolveu um método original de análise cultural multidimensional. As linguagens da cultura são interpretadas como sistemas de modelagem secundária em relação à linguagem verbal. Este método permite uma compreensão produtiva do uso de diferentes idiomas da cultura.
Um dos primeiros acontecimentos que levaram à formação da ESTM foi o Simpósio em Estudos Estruturais de Sistemas Sígnicos, em [[Moscou]], no ano de 1962, unindo vários dos nomes acima citados. Apesar de não estar presente neste Simpósio, Yuri Lotman teve contato com os trabalhos de Ivanov, Piatigorskii, e Revzin, convidando-os para a Universidade de Tartu um ano depois<ref>{{Citar periódico|ultimo=Semenenko|primeiro=Aleksei|data=2012|titulo=The Texture of Culture|url=https://doi.org/10.1057/9781137008541|lingua=en-gb|doi=10.1057/9781137008541}}</ref>. O evento principal que marca o início da ESTM, em 1964, é a primeira edição da Escola de Verão de Semiótica<ref>{{Citar web|titulo=ABOUT TARTU SEMIOTICS SUMMER SCHOOL|url=http://tsss.ut.ee/about|obra=tsss.ut.ee|acessodata=2019-06-26|lingua=et}}</ref> , em [[Kääriku]], Estônia, na qual o primeiro volume do periódico acadêmico Sign System Studies<ref>{{Citar web|titulo=Sign Systems Studies|url=http://www.sss.ut.ee/index.php/sss|obra=www.sss.ut.ee|acessodata=2019-06-26}}</ref>, o mais antigo periódico de semiótica do mundo, ainda publicado em inglês e russo até os dias atuais. Apesar de ter sido descontinuada na década de 1980, as Escolas de Verão de Semiótica retornaram a acontecer, bianualmente, a partir de 2011.


A Escola Tartu-Moscou, dado sua história e a multiplicidade de idéias convergentes entre seus membros pode ser considerada sob diferentes perspectivas<ref>{{citar periódico|ultimo=Torop|primeiro=Peeter|data=1992|titulo=Тартуская школа как школа|url=|jornal=В честь|acessodata=}}</ref>
Esta escola é amplamente conhecida pela produção da revista, Sign Systems Studies (anteriormente publicada em russo como Труды по знаковым системам), publicada pela Tartu University Press. É o mais antigo periódico de semiótica do mundo, fundado em 1964.


=== '''A ESTM como Corrente Científica''' ===
Em seu primeiro período, durante os anos 1960 e 1970, a TMSS seguiu uma abordagem [[estruturalismo|estruturalista]] e foi fortemente influenciado pelo formalismo russo. Desde os anos 80, sua abordagem pode ser caracterizada como pós-estruturalista e está conectada com a introdução do conceito de [[semiosfera]] de [[Yuri Lotman]] e sua relação com o organicismo.
Se estruturou como uma combinação das tradições de crítica literária de [[São Petersburgo]] (Leningrado) e de linguística de Moscou. A primeira contribuiu para a ESTM no que diz respeito ao estudo semiótico de objetos culturais complexos  - enquanto, por sua vez, a segunda se encontra ligada à investigação de metodologias mais precisas para o estudo da cultura através de um viés semiótico. Em relação à sua produção científica, a ESTM como corrente científica se consolidou graças à sua contribuição relacionada à transposição, em termos semióticos, dos métodos [[Literatura|literários]] e [[Linguística|linguísticos]] de análise, para a análise de produtos culturais como [[pintura]], [[música]] e [[cinema]] - assim como o estudo da cultura como um sistema modelizante: a linguagens da cultura são interpretadas como modelos secundários, em relação à linguagem verbal.

A partir da década de 1990, o TMSS foi sucedido pela Escola de Semiótica Tartu, que é baseada no Departamento de Semiótica da Universidade de Tartu e liderada por Kalevi Kull, Peeter Torop, Mihhail Lotman e outros.


==Publicações==
==Publicações==

Revisão das 20h41min de 26 de junho de 2019

A Escola de Semiótica Tartu-Moscou (ESTM) é o nome dado a uma corrente filosófica dentro do campo da Semiótica, constituída por acadêmicos como Yuri Lotman, Boris Uspenskii, Vyacheslav Ivanov, Vladimir Toporov, Alexander Piatigorsky, Isaak I. Revzin, Mikhail Gasparov, Yuri Levin, and others. Este grupo de acadêmicos se reuniu, a partir da década de 1960, na Universidade de Tartu, Estônia, com o intuito inicial de desenvolver um espaço de discussão e produção acadêmica voltada para a compreensão do papel da linguagem nos Estudos Culturais, sob um viés semiótico.

Escola de Semiótica Tartu-Moscou

Um dos primeiros acontecimentos que levaram à formação da ESTM foi o Simpósio em Estudos Estruturais de Sistemas Sígnicos, em Moscou, no ano de 1962, unindo vários dos nomes acima citados. Apesar de não estar presente neste Simpósio, Yuri Lotman teve contato com os trabalhos de Ivanov, Piatigorskii, e Revzin, convidando-os para a Universidade de Tartu um ano depois[1]. O evento principal que marca o início da ESTM, em 1964, é a primeira edição da Escola de Verão de Semiótica[2] , em Kääriku, Estônia, na qual o primeiro volume do periódico acadêmico Sign System Studies[3], o mais antigo periódico de semiótica do mundo, ainda publicado em inglês e russo até os dias atuais. Apesar de ter sido descontinuada na década de 1980, as Escolas de Verão de Semiótica retornaram a acontecer, bianualmente, a partir de 2011.

A Escola Tartu-Moscou, dado sua história e a multiplicidade de idéias convergentes entre seus membros pode ser considerada sob diferentes perspectivas[4]

A ESTM como Corrente Científica

Se estruturou como uma combinação das tradições de crítica literária de São Petersburgo (Leningrado) e de linguística de Moscou. A primeira contribuiu para a ESTM no que diz respeito ao estudo semiótico de objetos culturais complexos  - enquanto, por sua vez, a segunda se encontra ligada à investigação de metodologias mais precisas para o estudo da cultura através de um viés semiótico. Em relação à sua produção científica, a ESTM como corrente científica se consolidou graças à sua contribuição relacionada à transposição, em termos semióticos, dos métodos literários e linguísticos de análise, para a análise de produtos culturais como pintura, música e cinema - assim como o estudo da cultura como um sistema modelizante: a linguagens da cultura são interpretadas como modelos secundários, em relação à linguagem verbal.

Publicações

  • Machado,Irene. Escola de Semiótica – A Experiência de Tártu-Moscou para o Estudo da Crítica. Atelié editorial.
  • Andrews, Edna 2003. Conversations with Lotman: Cultural Semiotics in Language, Literature, and Cognition. Toronto: University of Toronto Press.
  • Grishakova, Marina. "Around Culture and Explosion: Juri Lotman and the Tartu-Moscow School in the 1980-90s." In: J. Lotman. Culture and Explosion. Ed. by M. Grishakova. Berlin-New York: De Gruyter, 2009.
  • Grishakova, Marina, and Silvi Salupere. Theoretical Schools and Circles in the Twentieth-Century Humanities: Literary Theory, History, Philosophy. Routledge, 2015.
  • Levchenko, Jan; Salupere, Silvi (eds.) 1999. Conceptual Dictionary of the Tartu-Moscow Semiotic School. (Tartu Semiotics Library, vol 2.) Tartu: Tartu University Press.
  • Paterson, Janet M. 2000 (1993). Tartu School. In: Makaryk, Irena Rima (ed.), Encyclopedia of Contemporary Literary Theory: Approaches, Scholars, Terms. Toronto: Toronto University Press, 208–211.
  • Salupere, Silvi; Torop, Peeter; Kull, Kalevi (eds.) 2013. Beginnings of the Semiotics of Culture. (Tartu Semiotics Library, vol 13.) Tartu: University of Tartu Press.
  • Sebeok, Thomas 1998. The Estonian connection. Sign Systems Studies 26: 20–41.
  • Waldstein, Maxim 2008. The Soviet Empire of Signs: A History of the Tartu School of Semiotics. VDM Verlag Dr. Muller.
  • L’École sémiotique de Moscou-Tartu / Tartu-Moscou : Histoire. Épistémologie. Actualité. 40 Slavica Occitania ed. Toulouse: Université de Toulouse-Le Mirail. Ekaterina Velmezova. 2015. ISBN 978-2-9538558-9-0. Consultado em 7 de outubro de 2015. Arquivado do original em 5 de outubro de 2015 


  1. Semenenko, Aleksei (2012). «The Texture of Culture» (em inglês). doi:10.1057/9781137008541 
  2. «ABOUT TARTU SEMIOTICS SUMMER SCHOOL». tsss.ut.ee (em estónio). Consultado em 26 de junho de 2019 
  3. «Sign Systems Studies». www.sss.ut.ee. Consultado em 26 de junho de 2019 
  4. Torop, Peeter (1992). «Тартуская школа как школа». В честь