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Eunice Cunha: diferenças entre revisões

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Revisão das 04h14min de 10 de setembro de 2021

Eunice Cunha
Nome completo Eunice de Paula Cunha
Nascimento 1915
Cajuru
Morte 2014
São Paulo
Nacionalidade brasileira
Ocupação professora, jornalista e ativista

Eunice de Paula Cunha (Cajuru, 1915São Paulo, 2014) foi uma professora, jornalista e ativista do movimento negro e feminista brasileira.[1][2]

Foi uma das fundadoras da Frente Negra Brasileira.[1][2]

Colaborou com a criação do órgão jornalístico, batizado de O Clarim, posteriormente denominado Clarim da Alvorada (ou Clarim d’Alvorada), onde foi redatora, entre 1924 e 1932.[3][4][1][2]

Uma das lideranças na luta pela igualdade de gênero, pelo fim do racismo e por direitos das mulheres negras. Em 1930, através do jornal Clarim d’Alvorada, Eunice Cunha incentivava que mulheres negras buscassem espaços educacionais como forma de romper com a subalternidade.[4]

Convocava as “patrícias” a lutar pela “reabilitação social”, movendo-se e sacudindo-se contra o “cativeiro moral”, que “ainda” dominava os “negros”.[5]

Ao reivindicarem para si a missão de conduzir as massas de cor por meio de projetos que articulavam assistencialismo, educação e ascensão social no mundo livre, figura como Eunice Cunha interrogava relações de poder que as rotulavam como representantes do sexo frágil..[5]

Eunice Cunha, na busca pelo letramento da população negra pós-abolição. [6]

Sobressaiu como jornalista na imprensa negra brasileira.[3]

Chama a atenção para a educação da mulher negra, no sentido de superar a sua condição diante da sociedade e da posição ocupada pelos homens.[3]

Tentativas de chamar a atenção da população negra para si mesma e da população negra frente às ações da elite feminina branca.[3]

Direcionando seus escritos para vários leitores, mas o seu público alvo são as mulheres negras. Incentiva a emancipação feminina.

Educação moderna e capaz de libertar suas filhas de uma situação de manifesta inferioridade moral e material.[3]

A mulher válida, principalmente aquela que, pela instrução, se tornou capaz para certos serviços de homem.[3]

Importante voz feminina na década de 1930, teve sua liderança marcada também pelo fato de denunciar o destrato com as jovens negras trabalhadoras domésticas.[3]

Faz denúncias contra o racismo.[3]

Precisamos nos mover, sacudir a indolência que ainda nos domina e nos faz tardias. O cativeiro moral para nós ainda perdura. Notemos a fundação desta Escola Luís Gama com o fim de preparar meninas de cor para os serviços domésticos, outro direito. Por esta iniciativa se vê que para os brancos não possuímos outra capacidade, ou oura utilidade ou outro direito a não ser o eternamente os de escravos.[3]

Ênfase à chamada de atenção às mulheres negras frente às realidades sociais em que estão inseridas. A luta por ascensão social seria, para as mulheres negras brasileiras, a retomada dos caminhos das ancestralidades que resistiram e não se resignaram ao sistema escravista.[3]

Mulheres negras e jovens tornam-se a esperança de mudanças políticas e sociais diante da sociedade branca repressora e excludente. Diante dos brancos, negros serão eternamente escravos. Escrevendo em defesa das mulheres com chamamento para as ideias surgidas no pós-guerra, reconhece, enquanto jovem negra, infância e relações etnorraciais em pesquisa que seus pares, outras jovens negras, estão estáticas frente a tudo que se poderia avançar em sociedade.[3]

A escrita para a imprensa negra faz com que a mulher se sobressaia em temas que superam as fases românticas e a situação dela vai se modificando, à medida que vai havendo o incentivo à educação e a busca pela promoção social. A igualdade de gênero já se fazia presente nas ideias publicadas por Eunice Cunha, sob o pseudônimo Nice. Dirige-se às demais mulheres. Todas as mulheres negras são Nices.[3]

A mulher válida, principalmente aquela que pela instrução, se tornou capaz para certos serviços como o homem. Vantagens de uma educação moderna.[3]

Mulheres brancas para terem mulheres negras a sua disposição como domésticas instruídas. A posição da jornalista professora é insurgência a imposição da elite branca que não deixa a abolição ocorrer.[3]

Encontro com cada mulher negra em submissão.[3]

Tida como ao falar com ela se estaria falando com todas as mulheres da raça negra.[3]

Colunas esclarecedoras às mulheres negras não letradas, principalmente.[3]

Nice Cunha influenciou a comunidade negra.[3]

Mulher negra que se engajou nas lutas pela ascensão social nas comunidades negras e na sociedade em geral.[3]

Segundo o jornal Jornegro, dona Eunice Cunha deveria ser tomada como exemplo, pois ela era um importante símbolo da mulher negra que colaborava na desconstrução dos estereótipos e se integrava à família negra. [7]

Criticava participação subestimada. E ser olhadas como boas domésticas ou como objeto sexual. Primava pela presença cada vez maior e mais ativa nos grupos negros. Consciência da importância do papel na formação de novos homens e mulheres, influência que as mães têm sobre os filhos. Conquistar o lugar que temos direito e mostrar que também somos capazes.[7]

Embora ainda não se denominasse feminista, criticava o único papel destinado às mulheres negras pela sociedade, o trabalho doméstico.[8]

Uma de suas principais vozes intelectuais.[8]

Alertou, em 1935, sobre o que a branquitude queria fazer das meninas negras, logo as mulheres negras entenderam seu chamado, reconheceram que um dos territórios repatriados e desterritorializados seria a educação.[8]

A educação das mulheres negras foi um dos fatores determinantes para que as militantes do século XX, abrissem um canal de espaços seguros para aquelas que viriam depois. Esses espaços foram constituídos e inventados muitas vezes por mulheres a professora Eunice de Paula Cunha, em 1935, chamando a juventude negra para o ataque.[8]

E, num momento em que mulher, no Brasil, ainda não tinha direito de voto e lutava por mínimos direitos sociais e no seio das famílias, D. Eunice Cunha assumia responsabilidades de organização e – antecipando visões do feminismo contemporâneo – incitava jovens negras à insubordinação contra valores raciais-sociais. :Muito a propósito do triste conceito que fazem sobre nós, olhemos o que nos preparam.

Notemos a fundação desta Escola Luiz Gama com o fim de preparar meninas de cor para serviços domésticos.  Por  esta  iniciativa  se  vê  que  para  os  brancos  não  possuímos  outra  capacidade,  outra utilidade ou outro direito a não ser eternamente o de escravo.(...) Mas isto não sucederá, só  se  não  houver  negros  que  sintam  bem  de  perto  a  necessidade  de  nos  movimentar  para  nossa reabilitação na vida social. A vida de um povo depende da sua juventude. Pois bem, nos além de jovens somos mulheres... Mas onde podemos trabalhar, comungar as mesmas idéias? Em toda parte... Instruindo-nos, procurando conhecer bem de perto a necessidade do negro. (“Apêlo às Mulheres Negras”. Nice. In O CLARIM. Abril de 1935)[9]

As mulheres negras foram ativas também na Frente Negra Brasileira. Dentre elas, estava à professora Eunice de Paula Cunha, mulher de Henrique Cunha, um dos fundadores da organização, e pais do prof. dr. Henrique Cunha, um dos autores desta coletânea (Cuti, 1992, p.185)[10]

Em seguida ele recita o poema “Nossos avós”, dedicado a sua amiga Eunice de Paula Cunha, que junto com seu marido faziam parte da Frente.[11]

Vida pessoal

Foi casada com Henrique Antunes Cunha. Mãe de Henrique Cunha.[10]

Prêmios

  • Tributo aos Lutadores (in memorian).[12]

Obras selecionadas

  • Apelo às Mulheres Negras, O Clarim. São Paulo, abril de 1935.[5]
  • A mulher moderna e a sua educação, O Clarim. São Paulo, maio de 1935.[3]

Referências

  1. a b c 1609946. «VOZES INSURGENTES DE MULHERES NEGRAS - do século XVIII à primeira década do século XXI». Issuu (em inglês). Consultado em 10 de setembro de 2021 
  2. a b c Brito, Bianca M S de (2020). A escrita de si de mulheres negras: memória e resistência ao racismo (PDF) (Tese de doutorado). São Paulo: USP. pp. 88, 190, 237, 247 
  3. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t Silva, Maria Saraiva da (2017). A invisibilidade da mulher negra na imprensa negra do Brasil: uma questão de gênero. [S.l.]: UFC. ISBN 9788542011487 
  4. a b Oliveira, Laila T B de (2016). A MULHER NEGRA NA PRIMEIRA PESSOA: UMA CONSTRUÇÃO DE RAÇA E GÊNERO NAS NOVELAS PROTAGONIZADAS POR TAÍS ARAÚJO (PDF). São Cristóvão: [s.n.] p. 30 
  5. a b c Xavier, Giovana (2013). Segredos de penteadeira: conversas transnacionais sobre raça, beleza e cidadania na imprensa negra pós-abolição do Brasil e dos EUA. Rio de Janeiro: [s.n.] doi:10.1590/S0103-21862013000200009 
  6. Ribeiro, Jessika (12 de dezembro de 2018). «Mulheres negras contra o racismo, a violência e pelo bem viver | Geyse Silva, Ana Carolina Dartora, Moara Saboia, Márcia Fernandes e e Dandara Tonantzin». Democracia Socialista. Consultado em 10 de setembro de 2021 
  7. a b LOPES, MARIA A de O (2007). História e memória do negro em São Paulo: efemérides, símbolos e identidade (1945-1978) (PDF) (Tese de doutorado). Assis: UNESP. p. 189 
  8. a b c d Alves, Priscila T (2020). A IDIOSSINCRASIA DA COR: NARRATIVAS DE INTELECTUAIS NEGRAS NO BRASIL CONTEMPORÂNEO. (PDF). Campinas: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS. pp. 25, 112, 115, 159 
  9. Pereira, Amauri Mendes (2016). «Nem "raio em céu azul", nem "diálogo de surdos": Uma proposta para além do racismo e do anti-racismo». Revista Aú (01). ISSN 2238-8494. Consultado em 10 de setembro de 2021 
  10. a b História da educação do negro e outras histórias (PDF). Brasília: MEC/BID/UNESCO. 2005. p. 132. ISBN 852960038X 
  11. «Relembrando Palmares: Do Quilombo Histórico à Memória do Povo Negro - Geledés Instituto da Mulher Negra | Rede de Historiadores Negros | Acervo Cultne». Google Arts & Culture. Consultado em 10 de setembro de 2021 
  12. «No Jornal da Advocacia, o reconhecimento à luta contra o racismo». OAB SP. Consultado em 10 de setembro de 2021