Ataíde (mitologia)

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Mangue, habitat e área de proteção do Ataíde.

Ataíde é um encantado do mangue, que na Pajelança cabocla são chamados de Oiaras, da cidade de Bragança, que fica localizada no nordeste do estado brasileiro do Pará. Esta entidade é conhecida como protetora da natureza local, território banhado por rios e mangues.

Descrição[editar | editar código-fonte]

Assim como o Boitatá, a Iara e outros seres místicos presente na cultura paraense, o Ataíde possui características animalescas, como um corpo coberto de pelos, garras grandes, força e membros sobre-humanos. Destaca-se a caraterística sexual da criatura, que é sempre retratada com uma genitália de tamanho desproporcionalmente grande.[1] O que, muitas vezes, a torna motivo de piada e erotização por parte da população.[2]

Ao realizar a proteção desses espaços, o Ataíde acaba castigando quem prejudica a natureza da região. Dentre os castigos, estão a violência física, a violência sexual e mesmo a morte do indivíduo que colocou em risco o funcionamento natural da biodiversidade local.[3] Esses aspectos contribuíram para que a figura da criatura fosse temida pelos moradores da cidade de Bragança, principalmente pelos trabalhadores que vivem do comércio pesqueiro e da coleta de caranguejos nos mangues, áreas sob proteção do Ataíde.[4]

Nas narrativas populares, o Ataíde é caracterizado por habitar as regiões de biodiversidade bragantina. Diz-se que as chances de encontrar com essa entidade são maiores quando as pessoas circulam em áreas próximas às matas, aos rios e aos mangues.[5] De modo que, vários ribeirinhos e pescadores evitam as idas ao mangue para a coleta de caranguejos nos horários de 12h00 e 18h00 (horários ditos com maior chances de ser atacado pelo Ataíde). Também existem relatos de que as chances de ataques aumentam durante a época de reprodução dos caranguejos.[2]

No ano de 2018, o artista Moacir de Pinheiro Cardoso Filho criou uma pintura do Ataíde na Praça Edwaldo de Souza Martins, na cidade de Bragança. A obra retratava o Ataíde com um caranguejo em suas garras e seu membro fálico enrolado em seu pescoço. Ao fundo, foi retratado o ambiente de um mangue, com um rio e toda fauna e flora da região.[1]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b «Desenho de lenda amazônica com pênis gigante causa polêmica no interior do Pará». G1. 13 de dezembro de 2018. Consultado em 8 de julho de 2023 
  2. a b Silva, Jerônimo da Silva e; Silveira, Flávio Leonel Abreu da (5 de maio de 2021). «Enrabamento, cura e proteção: cosmologias do Caboclo Ataíde no Nordeste Paraense». Mana: e271204. ISSN 0104-9313. doi:10.1590/1678-49442021v27n1a204. Consultado em 21 de junho de 2023 
  3. Oliveira, Kátia Regina Moraes de; Reis, Maiara da Silva; Santos, Raquel Amorim dos (2018). «Representação do Mito do Ataíde nas Vozes de Crianças na Comunidade Ribeirinha do Castelo em Bragança - PA». @rquivo Brasileiro de Educação (14): 62–87. ISSN 2318-7344. doi:10.5752/P.2318-7344.2018v6n14p62-87. Consultado em 21 de junho de 2023 
  4. http://www.setur.pa.gov.br/noticia/na-rota-belem-braganca-o-verao-paraense-brilha-entre-igarapes-praias-e-muita-historia
  5. Amaral, Ricardo Costa; Ely Martins Cordeiro, Yvens (14 de março de 2023). «O mito e a paisagem do encantado Ataíde na conservação da biodiversidade em Bragança-PA». Diálogos (3): 138–155. ISSN 2177-2940. doi:10.4025/dialogos.v26i3.62906. Consultado em 21 de junho de 2023