Autorrevisão

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Autorrevisão pode ser definida como a inserção de mudanças no texto pelo seu próprio autor, independentemente de colaboradores, visando a sua melhoria. Essas alterações podem compreender palavras, frases ou parágrafos e ocorrer por meio de supressões, acréscimos ou deslocamentos [1].

O problema da autorrevisão consiste na dificuldade do autor em detectar os problemas do próprio texto, bem como uma espécie de resistência a modificar o que já foi escrito. Portanto, a ideia de uma boa autorrevisão pode ser considerada improvável, uma vez que o autor prescinde da distância fundamental a uma boa avaliação textual, mesmo que ele domine as habilidades linguísticas necessárias.

Embora tais habilidades linguísticas sejam imprescindíveis, elas não são suficientes para uma boa revisão. Ou seja, o trabalho de um revisor não é somente reparar aspectos “superficiais” do texto, como deslizes de gramática ou ortografia. Se assim fosse, revisar seria corrigir, dar um tratamento cosmético ao texto, sem repensar o que foi escrito[2]. Uma boa revisão carece de uma reflexão sobre o próprio processo da escritura, pelo qual as ideias evoluem e o sentido se constrói.

A questão é se o autor seria capaz ou não de revisar seu próprio texto, se estaria apto a realizar a autorrevisão, justamente em função das questões mencionadas anteriormente. Evidencia-se então a relevância de um novo olhar sobre o texto, uma leitura desvinculada da produção, capaz de perceber incoerências ou lacunas deixadas pelo autor.

Referências[editar | editar código-fonte]


Bibliografia
  1. ANDRASICK, Kathleen, D. “Independent repatterning: Developing self-editing competence”. English Journal, v. 82, n. 2, p. 28-31, 1993.
  2. ARROJO, Rosemary. “A relação exemplar entre autor e revisor (e outros trabalhadores textuais semelhantes) e o mito de Babel: alguns comentários sobre História do Cerco de Lisboa, de José Saramago”. D.E.L.T.A. v. 19, n. Especial, 2003.
  3. BUENO, Silvia Senz. “‘En lugar de la Mancha’... Procesos de control de calidad del texto, libros de estilo y políticas editoriales”. Panace@. v. VI, n. 21-22, set.-dez. 2005.
  4. CÁLIS, Orasir Guilherme Teche. A reescrita como correção: sobras, ausências e inadequações na visão de formandos em Letras. Dissertação (Mestrado), Universidade de São Paulo. São Paulo, 2008.
  5. GEHRKE, Nara Augustin. “Na leitura, a gênese da reconstrução de um texto.” Letras de Hoje, v. 28, n. 4, p. 115-154, 1993.
  6. LEHR, Fran. “Revision in the writing process”. (ERIC Document Reproduction Service No. ED ED379 664)
  7. LEFFA, Vilson J. “O processo de auto-revisão na produção do texto em língua estrangeira”. Trabalho apresentado no XI Encontro Nacional da ANPOLL, João Pessoa, 2 a 6 de junho de 1996.
  8. SALGADO, Luciana S. “O autor e seu duplo nos ritos genéticos editoriais”. Eutomia, n. 1 (525-546), 2008.
  9. SALGADO, Luciana S. Ritos genéticos no mercado editorial: autoria e práticas de textualização. Tese (Doutorado), Universidade Estadual de Campinas. Campinas, 2007.
  10. VIGNEAU, François et al. “La révision de texte: une comparaison entre réviseurs débutants et expérimentés”. Révue des sciences de l’éducation. vol. XXIII, n. 2, pp. 271–288, 1997.
  11. VITA, Ercilene Maria de Souza. O sujeito, o outro e suas relações com o texto na revisão de textos escolares. Dissertação (Mestrado), Universidade de São Paulo. São Paulo, 2006.
  12. YAMAZAKI, Cristina. “Editor de texto: quem é e o que faz”. Anais do XXX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, Santos (SP). Intercom: São Paulo, 2007.
  13. YODER, Sue Logsdon. “Teaching Writing Revision: Attitudes and Copy Changes”. Journalism Educator, v. 47, n. 4, p. 41-47, 1993.