Cléo Agbeni Martins

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Cléo Agbeni Martins, nascida Cleofe de Oliveira Martins (São Paulo, 11 de junho de 1956) é uma escritora, romancista brasileira, roteirista, compositora e advogada aposentada formada e pós graduada pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco (USP). Pertence à Turma de 1979. Agbeni[nota 1] Xangô do Ilê Axé Opô Afonjá, Iá agã[nota 2] no Culto aos egunguns e ialorixá do Ilê Axé Asiwaju situado em Santana de Parnaíba (SP), fundado em 1983, pelas ialorixás Mãe Xagui e por Mãe Stella de Oxóssi.

História[editar | editar código-fonte]

Filha de Oiá e Ogum teve uma primeira iniciação na religião dos Orixás (Candomblé) nos anos 1970 pela falecida ebomi Eunice de Xangô da Casa Branca do Engenho Velho: Obá Sanhá. Continuou sua caminhada religiosa inicialmente com Mãe Xagui, filha de Mãe Bada de Oxalá, a sucessora imediata de Mãe Aninha e, posteriormente, com Mãe Stella de Oxóssi, a quinta ialorixá.[nota 3]

Por mais de vinte anos viveu o dia-a-dia do referido terreiro, o Axé Opô Afonjá, participando de perto de iniciações e todo tipo de eventos religiosos e culturais, a exemplo do Alaiandê Xirê, o festival de sacerdotes-músicos das diferentes nações do candomblé, criado e organizado por Cléo Agbeni Martins em parceria com o sacerdote e pesquisador Roberval Marinho.[2]

É a primeira Agbeni Xangô do Ilê Axé Opô Afonjá (e do Brasil) confirmada em 02/05/1990 por Mãe Stella de Oxóssi. Agbeni significa "aquela que divide a mesma causa". O cargo foi introduzido no Brasil por Mãe Stella de Oxóssi. Hoje em dia é adotado em muitas comunidades religiosas.[3]

Foi a pioneira a escrever na coluna "Religião", assinando como Agbeni Xangô , a partir de junho de 2003, no jornal A Tarde, tarefa que levou a cabo até 2010.[4]

Em 2019, foi contemplada com a Medalha Zumbi dos Palmares por sua contribuição significativa no combate ao racismo religioso e para o reconhecimento do candomblé enquanto religião. A promulgação se deu pelo Projeto de Resolução nº 81/2019 pela vereadora Aladilce Lula Souza na cidade de Salvador - Bahia. A entrega da medalha foi realizada no dia 17/10/2023, entregue pelo Vereador Prof. Dr. Edvaldo Brito, pelo Dom Arquiabade Emanuel d'Able do Amaral OSB e pela Iyalorixá Raimunda dos Anjos do Ilê Axé Obá Ketu.

Obras[editar | editar código-fonte]

  • AZEVEDO, Stella; MARTINS, Cléo. E daí aconteceu o encanto. Salvador: Edição das autoras, 1988.
  • MARTINS, Cléo. Lody, Raul. Faraimará: O Caçador traz alegria: Mãe Stella, 60 anos de iniciação. Rio de Janeiro: Pallas, 1999.
  • MARTINS, Cléo. Euá a Senhora das Possibilidades. Rio de Janeiro: Pallas, 2001.
  • MARTINS, Cléo; MARINHO, Roberval. Iroco o Orixá da Árvore e à Árvore Orixá. Rio de Janeiro: Pallas, 2002.
  • MARTINS, Cléo. Obá a amazona belicosa. Rio de Janeiro: Pallas, 2002.
  • MARTINS, Cléo. Lineamentos da Religião dos Orixás - Memórias de Ternura (artigos compilados com participação especial de Mãe Stella). Rio de Janeiro: Pallas, 2004;
  • MARTINS, Cléo. Ao Sabor de Oiá. Rio de Janeiro: Pallas, 2006.
  • MARTINS, Cléo. Nanã - a senhora dos primórdios. Rio de Janeiro: Pallas, 2008.
  • MARTINS, Cléo. A Cruz, a espada e o agogô. Rio de Janeiro: Metanoia, 2016.
  • MARTINS, Cléo; MACHADO, Ed. Sangue Verde - O Encanto das Folhas. Rio de Janeiro: Metanoia, 2016.
  • MARTINS, Cléo. As Ayabás do Rei. Rio de Janeiro: Metanoia, 2017.
  • MARTINS, Cléo. Garibaldi, o Gaúcho Vendedor: Causos, Anjos e Peleias. Rio de Janeiro: Metanoia, 2018.
  • MARTINS, Cléo Agbeni. O tempo de Xangô é agora e para sempre. Rio de Janeiro: Metanoia, 2019.
  • MARTINS, Cléo Agbeni. Ao Sabor de Oyá. Rio de Janeiro: Metanoia, 2020.
  • MARTINS,Cléo Agbeni. Asiwaju. Crônica do terreiro baiano em Santana de Parnaiba. Rio de Janeiro: Metanoia, 2021.
  • MARTINS,Cléo Agbeni. A travessia. Rio de Janeiro: Metanoia, 2023.

Roteiros cinematográficos[editar | editar código-fonte]

É autora dos roteiros:

  • Orixás da Bahia. Lázaro Faria. Brasil: 2000. DVD (41minutos), 35mm, color. (Produção para o Jornal "O Correio da Bahia")
  • A cidade das mulheres. Lázaro Faria. Brasil: 2005. DVD (72 minutos), 35mm, color. Roteirista e compositora das canções ( melodia e versos) cantada por Elsa Soares.
  • O guerreiro matreiro (curta metragem). Lázaro Faria. Brasil: 2001. X Filmes da Bahia.
  • Correnteza da tradição (curta metragem). Lázaro Faria. Brasil: 2001. X Filmes da Bahia
  • A história da tradição é a tradição da história. Lázaro Faria. Brasil: 2002. X Filmes da Bahia.[carece de fontes?]

Referências

  1. a b SANTOS, Maria Stella de Azevedo. Meu tempo é agora. Salvador: Projeto CENTHRU, 1995, p. 73.
  2. Gonçalves, Vagner (2019). Alaiandê Xirê: desafos da cultura religiosa afro-americana no século XXI. São Paulo: FEUSP. p. 38 
  3. Ahualli, Iyáromi (2020). A mulher que é história: esboços sobre o sepultamento de Iá Stella de Oxóssi. Brasília: UNB. p. 106 
  4. MARTINS, Cléo (11 de novembro de 2017). «Lançamento do livro As Ayabás do Rei» (vídeo) (entrevista centrada). Marília Randam. Salvador: TVE 

Notas

  1. Nas palavras de Mãe Stella de Oxóssi, Agbeni significa "aquela que divide a mesma causa". É um cargo dentro da hierarquia religiosa do candomblé que lida diretamente com os segredos relativos à iniciação (Iniciação Queto) de um neófito, sendo também responsável pela preparação de elementos sagrados indispensáveis para este ritual.[1]
  2. Iá agã (ver verbete "Iá agã" em Hierarquia do candomblé) é a responsável por recrutar e ensinar as adoradoras de Egun, dentro da tradição do Culto aos egunguns.
  3. No livro já citado anteriormente, ao abordar o significado do cargo de Agbeni, Mãe Stella afirma: "O Oiê (cargo) é ocupado por Cléo, minha filha." [1]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Passos, Marlon Marcos Vieira. Oyá-Bethânia: Os mitos de um orixá nos ritos de uma estrela. Mestrado. UFBA, 2008.
  • Gonçalves, Vagner da Silva; Oliveira, Rosenilton Silva de; Silva Neto, Pedro da (Organizadores). Alaiandê Xirê: desafos da cultura religiosa afro-americana no {{séc|XXI}. São Paulo: FEUSP, 2019.
  • AHUALLI, Iyáromi Feitosa; ALMEIDA, Silvana Gorete Estevam de. A mulher que é história: esboços sobre o sepultamento de Iyá Stella de Oxóssi. Revista Calundu, Brasília: UNB, Vol.4, N.1, p. 105-113, Jan-Jun, 2020.
  • Wolff, Norma H; D. Michael Warren. “The Agbeni Shango Shrine in Ibadan: A Century of Continuity.” African Arts, vol. 31, no. 3, 1998, pp. 36–94. JSTOR, www.jstor.org/stable/3337575. Acesso em 20 de Julho 2021.
  • ULRICH, Mauro. Entre o drama e a comédia. Gazeta do Sul, Santa Cruz do Sul: Quinta-feira, 29 de novembro de 2018.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]