Discussão:Antipapa Anastácio III

O conteúdo da página não é suportado noutras línguas.
Adicionar tópico
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Mistérios

Uma Papisa No Trono Papal?


O Papa revela ser uma mulher.


Uma mulher no trono papal? Os papas que, de Roma, governaram a Igreja Cristã durante a Idade Média estavam muitas vezes longe de ser santos. E as pessoas aceitavam, sem hesitações, quaisquer histórias a respeito deles, por mais escandalosas que fossem.

Terremotos violentos abalam o sul da Itália; fala se de chuvas de sangue sobre a França; e, em Roma, o odor fétido dos gafanhotos que passam em nuvens sobre a Cidade Eterna e caem mortos no mar envenena de tal modo a atmosfera que faz sucumbir pessoas e animais. As multidões estão em pânico. Será Carlos Magno, coroado imperador há apenas meio século, o poderoso dirigente cujo reinado deverá preceder o fim do mundo? Terá sido Maomé o precursor do temido anticristo? Significará o irresistível avanço dos seus fanáticos seguidores para ocidente o fim da cristandade? Corre o ano de 857, e o povo de Roma exige que o papa João VIII a quem se habituou a amar durante os dois anos de pontificado o tranqüilize. Multidões aparecem para aclamá-lo quando ele encabeça a procissão desde a Basílica de S. Pedro até a sua residência no Palácio de Latrão, na margem oposta do rio Tibre. Mas quando o grupo papal entra numa viela estreita entre o Coliseu e a Igreja de S. Clemente, o Santo Padre tropeça e cai. Sob o olhar atônito de todos, o papa João revela-se uma mulher em trabalho de parto. E enquanto nasce a criança, a multidão devota transforma-se numa horda enraivecida: os espectadores, furiosos, agarram a desafortunada mulher e o filho recém-nascido, arrastam-nos para além das portas da cidade e apedrejam-nos até a morte. E esta a história contada e repetida por toda a Europa pelo menos desde o final do século XIII e que foi aceita durante séculos.

Tudo em nome do amor No princípio do século IX, por volta do ano de 818, segundo se diz, um casal de missionários ingleses na cidade de Mainz, sobre o Reno, teve uma filha, Joana. Ainda criança, ela destacava-se pela sua beleza e inteligência notável. Apaixonando-se por um frade aos 12 anos, Joana deixou a casa dos pais, vestiu-se de homem e ofereceu-se como noviço para o mosteiro, a fim de poder estar junto do amante. João Ânglico, ou João Inglês, como ela própria se chamava, passava os dias a rezar ou a estudar na biblioteca e as noites com o seu amante. O embuste foi descoberto em pouco tempo e o casal teve de fugir - escapando ao castigo da Igreja ao juntar-se a uma peregrinação através da Europa até a Terra Santa. Em Atenas, o companheiro de Joana desapareceu, mas ela seguiu para Roma. Ainda disfarçada de homem, Joana trabalhou como tabelião ou, segundo outra versão da história, como professor. Fosse qual fosse este seu primeiro emprego, Joana em breve se tornava célebre. Os estudantes admiravam a sua eloquência, os filósofos respeitavam a sua sabedoria, os cardeais registravam os seus conhecimentos teológicos e os cortesãos papais amavam-na pela sua generosidade. Quando o papa Leão IV morreu, em 855, Joana foi unanimemente eleita sua sucessora, subindo ao trono papal como João VIII. Joana/João conseguiu esconder o segredo do seu sexo de todos, menos de uma pessoa, e isso lhe foi fatal. Aquela mulher solitária e apaixonada tomou por amante o seu criado particular e em breve ficava grávida. Depois do parto em público e da imediata vingança da multidão, foi nomeado às pressas um novo papa, Bento III. Os historiadores da Igreja, posteriormente, alteraram a data da sua subida ao trono para 855, a fim de eliminarem quaisquer registros do pontificado de Joana. Quando um outro João foi eleito papa 15 anos depois, em 872, tomou o nome de João VIII, e não de João IX.

Prova para céticos A história do papa João surgiu muito provavelmente no século x, em que reinaram nada menos que 23 papas alguns por meses apenas. Os finais dos respectivos reinados constituem uma sombria ladainha: preso, assassinado, deposto, morto de fome, cegado. Por detrás de muitos destes pontífices ineficazes e efêmeros, estiveram milhares das famílias nobres de Roma. Se as mulheres detinham tanto poder, questionava o povo, porque não uma mulher papisa? Os historiadores encontram a primeira referência à papisa Joana em Os Sete Dons do Espírito Santo, obra de Estêvão de Bourbon, um dominicano francês do século XIII A história narrada por este foi incorporada em A crônica dos Papas e Imperadores, obra muito lida de outro dominicano do século XIII, o polonês Martin de Troppau. Os que acreditavam na história da papisa Joana citavam, entre outras provas, a estátua de uma mulher com uma criança na viela entre o Coliseu e a Igreja de S. Clemente, onde a procissão papal de 857 fora tão dramaticamente interrompida. Esta ruela, devido ao escândalo da papisa Joana, foi evitada nas procissões posteriores. Durante mais de 200 anos figurou entre os bustos dos papas na Catedral de Siena uma estátua com a inscrição: “Papa João VIII, uma mulher inglesa”; no século XVI, o papa Clemente VIII ordenou que o busto fosse renomeado como ‘‘Papa Zacarias’’ A prova talvez mais bizarra surgida em apoio da história da papisa Joana foi a Sella stercoraria, curiosa cadeira de mármore com uma abertura no assento que se encontrava na Basílica de S. João Latrão. Diz-se que, desde o final do século XI até o XVI, esta cadeira foi utilizada nas entronizações papais. Antes de assumir o cargo, cada novo papa devia sentar-se na cadeira para que, por meio de um exame médico, fosse confirmado o sexo do candidato.

A reputação dos intelectuais A história de uma papisa foi levada tão a sério que o Concílio de Constança, em 1415, a citou ao discutir os poderes do papa. Pio II, um intelectual que foi papa no final daquele século, tentou derrubar a lenda, embora, ao que parece, com pouco sucesso. Nos a séculos XVI e XVII, os escritores protestantes serviram- s~ se da história da papisa Joana para reforçar os seus ir ataques ao papado. Mas, curiosamente, foi um escritor calvinista, David Blondel, quem fez o primeiro ataque coerente a tão persistente lenda. A sua obra de 1647 tem o título quilométrico de Esclarecimento Familiar da Questão: Saber Se Uma Mulher Se Sentou no Trono Papal em Roma. Atualmente, os historiadores rejeitam a história da papisa Joana, afirmando não se tratar de um registro de acontecimentos verdadeiros, mas de uma herança do papado medieval época turbulenta em que os papas eram conhecidos por tudo, menos pela sua santidade, e nada sobre eles era demasiado mau nem demasiado estranho para ser acreditado. Quanto à cadeira de mármore, tratava-se provavelmente de uma relíquia da Roma antiga, móvel pertencente a um dos banhos públicos da cidade.

Texto das fotos: Escândalo na cidade eterna, de forma dramática, o papa João VIII revela ser uma mulher. Diz-se que a estranha cadeira de mármore foi utilizada nas entronizações papais durante séculos, após o breve reinado da papisa. Fonte: Os Grandes Mistérios da Passado, Rider`s Digest.

[http://www.ohistoriador.com.br/consulta.php?tab=mis&id=9