Discussão:Edifício na Rua do Carmo, n.º 33

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Último comentário: 29 de janeiro de 2017 de Darwinius no tópico Sobre a suposta "sinagoga" do Funchal

Sobre a suposta "sinagoga" do Funchal[editar código-fonte]

Como se vê deste artigo, a saga da suposta sinagoga do Funchal começou em 2013, ao que parece com uma notícia de jornal, por ocasião da visita ao Funchal de um entusiasta americano-israelita de criptojudaísmo. Antes disso jamais aquele lugar teve qualquer fama de sinagoga, nem se encontra a menor referência documental ou jornalística a uma sinagoga no Funchal na época em que aquela supostamente existiu. Infelizmente o presidente da Câmara do Funchal, Paulo Cafofo, tomou essas informações por correctas, e iniciou um projecto de classificação desse edifício, até se deparar com um obstáculo intransponível - a total ausência de documentação, ou qualquer outro indício, que confirmasse o suposto achado. Por isso o processo de classificação da suposta sinagoga há anos que está parado, e assim ficará para toda a eternidade.

A identificação com uma sinagoga parece ter sido feita unicamente com base na arquitectura neo-mourisca da fachada, totalmente diferente, de resto, e ao contrário do que vem nesse artigo - e como qualquer um pode confirmar - do belo edifício de arquitectura eclética de Ventura Terra, em Lisboa, que em comum com este apenas tem o formato de empena da fachada - característica que, de resto, também partilha com os palheiros de Santana. Nessa fachada surge também uma bandeira de janela mourisca com uma espécie de estrela de 6 pontas assimétrica e truncada, que com alguma boa vontade recorda a chamada Estrela de David, ornato arquitectónico bastante comum, especialmente naquele tipo de arquitectura historicista, mas que tem sido abusiva e infantilmente interpretado nessas peças jornalísticas como uma "janela de sinagoga". Chega a ser insultuosa, para a memória do grande arquitecto, a comparação entre os dois edifícios.

Como se pode confirmar em toda a literatura sobre o assunto, notavelmente no artigo da Islenha nº 10 de 1992 da autoria de Rui Santos, pela abalizada opinião de Jorge Valdemar Guerra (no próprio artigo), ou recentemente (2016) neste trabalho da Fernanda Olival, madeirense de nascimento e uma das maiores autoridades nacionais em judaísmo e Inquisição, não existe qualquer referência a sinagogas no Funchal, o que de resto seria absolutamente extraordinário, dada a minúscula dimensão da comunidade judaica local.

O edifício em questão, localizado na Rua do Carmo nº 33, parece ter sido construído de raiz e no formato actual por meados do século XX, tendo licença de habitabilidade atribuída pela Câmara Municipal do Funchal em 1951, e albergou até bem recentemente uma tradicional lavandaria e tinturaria. E, que eu saiba, nunca teve nada de especialmente notório, excepto ter uma fachada engraçada, até ser declarado como "Sinagoga do Funchal" há quatro anos atrás. Desde então até um nome em hebraico lhe inventaram ("Shaar Hashamaim").

Infelizmente o mal já está feito com a publicação dessas peças jornalísticas sobre essa sinagoga fantasma, mas pelo menos que se mantenha por aqui a coisa como alegada, suposta e hipotética. Ao menos até que apareça alguma fonte fiável - pelo menos de melhor qualidade que artigos de jornal que nem citam fonte nenhuma que sustente as suas extraordinárias afirmações - que esclareça esse assunto. -- Darwin Ahoy! 18h25min de 29 de janeiro de 2017 (UTC)Responder