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Revolta da Chibata: diferenças entre revisões

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Revisão das 19h18min de 18 de novembro de 2004

A Revolta da Chibata foi uma rebelião militar ocorrida em 1910, no período da presidência do Marechal Hermes da Fonseca, tendo sido empreendida por marinheiros das forças navais estabelecidas no Rio de Janeiro.

Durante esta época, o Brasil contava com uma grande força naval à sua disposição: dois grandes couraçados ingleses de última geração já haviam sido importados pelo Brasil durante o governo de Afonso Pena (1906-1909), fazendo da marinha brasileira deste período uma das mais bem equipadas em nível mundial. No entanto, os contrastes sempre presentes na história brasileira eram visíveis, pois ao passo que a modernização tecnológica da Marinha recebia tratamento privilegiado, por outro lado os marinheiros recebiam um tratamento desumano há muito abolido nas mais importantes forças navais estrangeiras da época. Os marinheiros do Brasil eram arbitrariamente recrutados: o recrutamento servia em muitos casos como castigo aos "jovens indisciplinados", pois a disciplina adotada pela Marinha era demasiadamente rígida, além dos soldos pagos pelo governo serem irrisórios. A manutenção da disciplina no corpo de marinheiros admitia castigos corporais: castigos característicos eram as chibatadas, em que se utilizavam grossas cordas umedecidas com a água salgada do mar e ainda trespassadas por agulhas.

Os conflitos iniciaram-se em novembro de 1910. No dia 10 deste mês, o país festejava a posse do Marechal Hermes da Fonseca na presidência, simultaneamente ao aportamento dos dois couraçados britânicos, batizados São Paulo e Minas Gerais. Apesar do clima comemorativo em terra, nos navios a situação já se encontrava tensa, pois muitos marinheiros, a título de "exemplaridade punitiva", já eram castigados frente às guarnições que se formaram para servir nas embarcações.

A revolta eclode no dia 22 de novembro: liderados pelo marinheiro gaúcho João Cândido, os marinheiros rebelaram-se inicialmente contra os oficiais das embarcações, castigando-lhes com a morte. O motim estendeu-se para o continente: no comando das embarcações, os marinheiros dispararam tiros de canhão contra a capital do Rio de Janeiro. A partir daí, o governo foi obrigado a atender as diversas reivindicações dos revoltosos: melhores condições de trabalho, aumento dos soldos da Marinha, anistia aos presos e fim dos castigos corporais.

O pânico da população em terra era evidente. Perante a ameaça de bombardeamento cerrado à capital, as reivindicações foram aceitas durante certo período de tempo, mediante o restabelecimento da hierarquia militar nos navios: alguns oficiais foram enviados às embarcações, retomando assim o comando. No entanto, mais tarde, havendo uma nova revolta de fuzileiros navais na Ilha das Cobras, o governo, previamente informado desta nova articulação rebelde, tratou de sufocar violentamente o levante e terminou por utilizar este fato como pretexto para uma revanche aos anteriores revoltosos da chibata. Os castigos voltaram com maior força, houve novas e numerosas prisões e os acordos salariais e anistias estabelecidos anteriormente foram ignorados pelo governo.