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Klaus Barbie: diferenças entre revisões

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Bibliografia de Klaus Barbie
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Revisão das 10h30min de 29 de novembro de 2004

Klaus Barbie

Klaus Barbie foi um temido oficial das SS, conhecido pela brutalidade com que torturava os seus prisioneiros.

Nasceu no dia 25 de Outubro de 1913 em Bad Godesberg, uma pequena cidade situada no vale do Reno. Foi recrutado para as SS no dia 26 de Setembro de 1935. Em 1940 é enviado para Haia onde é responsável por capturar os refugiados políticos alemães na Holanda e o povo judeu. É precisamente, para fugir de Klaus Barbie que Anne Frank se vê obrigada a viver escondida durante meses em Amesterdão. Em 1942, Klaus Barbie é enviado para Dijon e no mês de Novembro do mesmo ano para Lyon, onde assume a direcção da Gestapo.

Durante este período, Barbie é responsável por dois dos actos mais infames cometidos pelos Nazis em França. O primeiro foi o assassínio de Jean Moulin, o braço-direito de Charles de Gaulle, responsável por unir a Resistência Francesa. Imediatamente após ter conseguido unir a Resistência Francesa, Moulin deslocou-se a Lyon para se encontrar com os chefes da Lyonnaise Resistance. Ao invés deste encontro, outro o esperava: Klaus Barbie. Depois de preso em Montluc, Moulin foi torturado praticamente até à morte por um dos homens de Barbie e, provavelmente, pelo próprio Barbie. Após o seu último encontro com Barbie, Moulin foi largado, já moribundo, no pátio da prisão de Montluc. O seu estado deplorável é descrito por Christian Pineu, o barbeiro da prisão: "Moulin estava inconsciente, os seus olhos metidos no crânio como se tivessem sido enfiados para dentro." Moulin sucumbiu às suas feridas passado uma semana. A sua morte torna-se ainda mais trágica por se saber que ele nunca teria sido capturado se não tivesse sido traído por um dos seus companheiros da Resistência. O próprio Klaus Barbie admitiu mais tarde que nunca o teria capturado não tivesse tido a ajuda de Réné Hardy, um dos companheiros de Moulin.

O outro crime pelo qual Klaus Barbie nunca será esquecido foi a "liquidação" de um campo onde se escondiam crianças judias. Todas com idades inferiores a 14 anos, as 44 crianças tinham-se refugiado em, Izieu, uma pequena aldeia perto de Lyon. Barbie, decidido a cumprir o programa Solução Final da questão judia, que consistia na exterminação do povo judeu e na elevação do povo ariano, encontrou as crianças, que foram depois deportadas para Auschwitz, o mais cruel campo de concentração da história da Segunda Guerra Mundial. Nenhuma destas crianças sobreviveu.

Mas os actos de Barbie que mais chocaram a sociedade foram os seus actos de tortura durante os interrogatórios. Depois de oficiais da Gestapo espancarem os prisioneiros para assegurar que estes não reagissem durante o interrogatório, eram deixados sozinhos por umas horas. Os prisioneiros mais destemidos e que se recusassem a falar eram sujeitos a chicoteadas, amputações, fome e aos temidos "banhos". Estes banhos consistiam em manter o prisioneiro debaixo de água até desmaiar, para ser reanimado, interrogado e novamente submergido, caso insistisse no silêncio. Os testemunhos deixados por algumas das suas vítimas não deixam quaisquer dúvidas sobre a crueldade e o prazer com que executava os actos de tortura.

No fim da ocupação alemã em Lyon em Setembro de 1944, Barbie, que havia contraído uma doença venérea, viu-se obrigado a partir para um hospital na Alemanha Ocidental. Já na viagem em direcção ao hospital, Barbie deu ordens à Gestapo para assassinar todos os 70 prisioneiros deixados na prisão de Montluc. Depois de recuperar da sua doença, Barbie saiu do hospital, o seu paradeiro permanece desconhecido durante 40 anos.

Na verdade, Barbie torna-se agente dos serviços secretos americanos nos EUA em 1947, no mesmo ano em que é julgado à revelia em França pelos seus actos criminosos e condenado à sentença de morte. Em seguida instala-se na Bolívia e coloca as suas competências ao serviço da ditadura do General Luis García Meza. Dispõe de um passaporte diplomático e desloca-se à Europa, sob o nome de Klaus Altmann para negociar a compra de veículos militares destinados a reprimir as manifestações da oposição.

Klaus Barbie é identificado em 1971, graças a Serge e Beate Klarsfeld, um filho de um deportado assassinado em Auschwitz e uma alemã, que se incumbiram de procurar todos os acusados de crimes de guerra que haviam saído impunes da 2ª Guerra Mundial.

No entanto, só em 1983, após a reposição da democracia sob o Governo de Hernán Siles Zuazo é extraditado para França. Em 1987, é dado início ao seu julgamento na cidade de Lyon e Barbie é acusado de 177 crimes contra a humanidade e condenado a prisão perpétua. No total, é responsabilizado pela deportação de pelo menos 843 pessoas.

Durante o julgamento, Barbie não dá sinais do menor arrependimento dos seus actos, chegando mesmo a afirmar o seu contentamento por ter salvo a França de um regime socialista.

Barbie morreu de cancro na prisão de Lyon em 1991.

Retirado de "http://pt.wikipedia.org/wiki/Klausbarbie"