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Guerra das Rosas: diferenças entre revisões

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Guerra das Rosas
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Revisão das 05h02min de 11 de agosto de 2004

Menos de um mês após ter sucedido a seu pai no trono da Inglaterra, Eduardo V, de 12 anos, foi levado para a Torre de Londres, onde mais tarde teve a companhia de seu irmão mais novo. Ninguém os viu sair de lá, e seu misterioso desaparecimento continua inexplicado.

Em 9 de abril de 1483, o rei Eduardo IV da Inglaterra morreu repentinamente, pouco antes do seu 41º aniversário. O seu filho mais velho e herdeiro tinha apenas 12 anos, e, no seu testamento, Eduardo nomeara seu irmão mais novo Ricardo, duque Gloucester, como protetor do reino.

Havia quase trinta anos que as ilhas britânicas estavam envolvidas numa sombria guerra civil entre a casa de York, que entre seus emblemas possuía uma rosa branca, e a casa de Lancaster, simbolizada por uma rosa vermelha. O conflito cujo resultado parecia favorecer alternadamente um lado ou o outro, foi mais tarde romantizado como a Guerra das Rosas. Como defensor da casa de York, Eduardo tinha declarado usurpadores os três anteriores reis da casa de Lancaster, mas o seu domínio não estava de forma alguma seguro, e ele sabia que iriam surgir desafios ao seu jovem herdeiro, herdeiro, príncipe de Gales.

Ricardo demonstrava ser um soldado leal e expedito a serviço do seu irmão Eduardo IV e jurara fidelidade ao príncipe de Gales. Mas agiu rapidamente a fim de se apoderar do reino no momento em que se verificou um vazio de poder. A 29 de abril, Ricardo interceptou os membros da corte que acompanhavam o jovem Eduardo a Londres, prendeu o tio materno deste, regente interino, e acompanhou o sobrinho no resto do percurso até a capital. A coroação de Eduardo V, inicialmente marcada para 4 de maio, foi adiada para 22 de junho, enquanto o jovem rei era instala do na torre de Londres.

Suspeitando dos motivos do cunhado, a viúva de Eduardo IV, Elisabeth Woodville procurou refugio na abadia de Westminster, com Ricardo, o filho mais novo e as filhas. Mas em junho o protetor convenceu Elisabeth a entregar-lhe Ricardo, duque de York, de 9 anos, sob o pretexto de o jovem rei estava muito só e precisava do irmão para brincar.

Então, no Domingo marcado para sua coroação, Eduardo foi afastado da sucessão. Ralfh Shaa, doutor em teologia de Cambridge, fez um sermão no exterior da catedral de São Paulo, em Londres, em que pôs em causa a legalidade da sucessão. O doutor Shaa afirmou que Eduardo IV estava já oficialmente noivo na data de seu casamento com Elisabeth, que seu união com esta era, consequentemente inválida segundo a lei vigente e que os filhos de ambos - incluindo o rei-menino - eram ilegítimos. Passados dois dias, um dos mais dedica­dos defensores do protetor repetiu essa afirmação diante de um grupo de cidadãos importantes de Londres, acrescentando-lhe o lamento: “Desgraçado do reino que tem como rei uma criança.”

Após breve exibição de relutância, o duque de Gloucester aceitou a coroa em 26 de junho, sendo proclamado Ricardo III. O reinado do jovem rei du­rara menos de três meses.

Ricardo III é acusado Durante o mês de julho, Eduardo V, agora desdenho­samente apelidado de Eduardo, o Bastardo, e o irmão foram por vezes vistos a brincar nos pátios da Torre. Mas depois, segundo uma testemunha, os dois rapazi­nhos foram levados para quartos mais interiores, sen­do vistos cada vez menos por detrás das janelas gra­deadas, “até que, por fim, deixaram de aparecer.

No outono de 1483, eram generalizados os ru­mores de que os dois príncipes tinham sido assassi­nados na Torre mas por quem? Em janeiro de 1484, o chanceler francês lançava um aviso contra o perigo que representava o fato de um rei ser menor de idade - o rei da França, Carlos VIII, tinha ape­nas 14 anos , pois, como afirmou com autoridade, os filhos de Eduardo IV tinham sido mortos pelo tio e a coroa passara assim para o assassino. Entretanto, Elizabeth Woodville estabelecera uma aliança com os inimigos de Ricardo ao oferecer a sua filha mais velha em casamento ao pretendente dos Lancasters, Henrique Tudor. Em agosto de 1485, Ri­cardo III defrontou-se com Henrique Tudor na Bata­lha de Bosworth Field. Num momento crítico da contenda, um dos homens do rei abandonou este para se juntar a Henrique e Ricardo foi morto. O de­sertor pegou na coroa do rei morto e colocou-a na ca­beça de Henrique VII. Estava terminada a Guerra das Rosas, e a Inglaterra, sob a Casa dos Tudors, ia entrar num período de desenvolvimento nunca visto.

Tal como Ricardo III fora perseguido pelos boatos de que tinha assassinado os príncipes, agora Henrique VII era atormentado por histórias de que eles ainda se encontravam vivos, sendo seus potenciais rivais ao trono. Mas acabou por conseguir fazer vingar a versão de que, por instruções de Ricardo, os rapazes tinham sido asfixiados com colchões de penas e sepultados debaixo de pedras na base de uma escada da Torre.

O bode expiatório mais conveniente foi um Sir James Tyrell, julgado e executado por “traição não es­pecificada” em maio de 1502. Só mais tarde foi anun­ciado que Tyrell, antes de ser decapitado, tinha con­fessado ter assassinado os príncipes. A história foi aceita e entrou nos compêndios da História com a biografia de Ricardo III por Sir Thomas More, publi­cada em 1534 e subseqüentemente utilizada por Sha­kespeare como fonte para o seu drama Ricardo III. Funeral atrasado Em 1674, perto de 200 anos depois dos supostos as­sassinatos, foi encontrado durante obras de constru­ção na Torre de Londres um caixão de madeira con­tendo os esqueletos de duas crianças. Admitidos como os restos mortais dos príncipes assassinados, os ossos foram sepultados na Abadia de Westminster.

Em 1933, os ossos foram entregues a peritos para serem examinados. De acordo com o veredicto, tra­tava-se de esqueletos de rapazes com as idades de Eduardo V e do irmão à altura do seu desapareci­mento. Não foi possível determinar a causa da mor­te, mas o maxilar do rapaz mais velho apresentava-se muito deteriorado.

Um dos últimos visitantes dos príncipes na torre de Londres fora um médico da corte chamado para tratar uma dor de dentes de Eduardo V. O jovem rei, segundo o relato do médico, rezava e fazia penitencias diariamente, convencido de que iria morrer. Ai de mim”, disse, “quisera que meu tio me conservasse a vida, ainda que tivesse de perder o meu reino.