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Coluna Prestes: diferenças entre revisões

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Coluna Prestes e Revolução de 30
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Revisão das 11h22min de 24 de setembro de 2004

Coluna Prestes Foi um movimento político-militar de origem tenentista, que entre 1925 e 1927 se deslocou pelo interior do país pregando reformas políticas e sociais e combatendo o governo do então presidente Arthur Bernardes e, posteriormente, de Washington Luís.

O Tenentismo - O movimento tenentista não é facilmente definível. Possui um programa extremamente difuso, mas algumas linhas gerais podem ser delineadas. Sua insatisfação com a República Velha leva-os a requerem voto secreto e um maior centralismo político. Ademais, exigem ensino público para facilitar o acesso às informações por parte da população carente. São idealistas, porém elitistas. Golpistas, mas reformistas. Prova inconteste da falta de clareza dos ideais tenentistas é que a inúmeras tendências aderiram os líderes do movimento. Alguns tornaram-se comunistas, outros nazi-fascistas, outros ainda conservadores. Cumpre realçar que a maior parte do movimento era composto por capitães e tenentes da classe média, donde originou-se o ideal de "Soldado Cidadão".

Após a derrota do movimento paulista, em 1924, um grupo de combatentes recuou para o interior sob o comando de Miguel Costa. No início de 1925 reúne-se no oeste do Paraná com a coluna do capitão Luís Carlos Prestes, que havia partido do Rio Grande do Sul. Sempre com as forças federais no seu encalço, a coluna de 1 500 homens entra pelo atual Mato Grosso do Sul, atravessa o país até o Maranhão, percorre parte do Nordeste, em seguida retorna a partir de Minas Gerais. Refaz parte do trajeto da ida e cruza a fronteira com a Bolívia, em fevereiro de 1927. Sem jamais ser vencida (venceu todas as batalhas), a coluna Prestes enfrenta as tropas regulares do Exército ao lado de forças policiais dos Estados e tropas de jagunços, estimulados por promessas oficiais de anistia. Acredita-se que até o cangaceiro Lampião foi convocado para derrotar a Coluna Prestes.

A coluna poucas vezes enfrentou grandes efetivos do governo. Em geral, eram utilizadas táticas de despistamento para confundir as tropas legalistas. Ataques de cangaceiros à Coluna também reforçam o caráter lendário da marcha, mas não há registros desses embates. Nas cidades e nos vilarejos do sertão, os rebeldes promovem comícios e divulgam manifestos contra o regime oligárquico da República Velha e contra o autoritarismo do governo de Washington Luís, o qual mantém o país sob estado de sítio desde sua posse, em novembro de 1926.


Os homens liderados por Luís Carlos Prestes e Miguel Costa não conseguem derrubar o governo de Washington Luís. Entretanto, com a reputação de invencibilidade adquirida na marcha vitoriosa de 25 mil quilômetros, aumentam o prestígio político do tenentismo e reforçam suas críticas às oligarquias. Com o sucesso da marcha, a Coluna Prestes ajuda a abalar ainda mais os alicerces da República Velha e preparar a Revolução de 30*. Projeta também a liderança de Luís Carlos Prestes, que posteriormente entra no Partido Comunista Brasileiro. Após liderar a Intentona Comunista de 1935, torna-se uma das figuras centrais do cenário político do país nas décadas seguintes.

  • 1930. Eleições para presidente do Brasil. O candidato da oposição, Getúlio Vargas, é derrotado nas urnas. Alguns meses mais tarde, Vargas lidera uma revolução que o conduz à presidência da República.

Nas primeiras décadas do século vinte, a política brasileira é comandada pelos grandes proprietários de terra. O presidente da República é apoiado pelos governadores dos estados que representam as oligarquias regionais dos coronéis.

Mas os grandes beneficiados são os cafeicultores de Minas Gerais e São Paulo. A cada queda nos preços internacionais do café, o governo compra os estoques dos fazendeiros, dividindo os prejuízos com o resto do país.

Na década de 1920, a industrialização e o crescimento das cidades promovem a ascensão de novos grupos sociais. O operariado se organiza. Em 1922, funda o Partido Comunista do Brasil.

Setores da classe média, proprietários de terra sem representação no governo, além de jovens oficiais do Exército, não aceitam mais um governo a serviço dos fazendeiros do café. Diversas revoltas militares explodem ao longo dos anos 20.

Com a grande depressão, em 1929, os preços do café despencam. A saca, que custava duzentos mil réis em agosto de 29, passa a 21 mil réis em janeiro do ano seguinte. A crise atinge toda a economia brasileira. Mais de 500 fábricas fecham as portas em São Paulo e Rio de Janeiro. O país tem quase dois milhões de desempregados no final de 1929. A miséria e a fome atingem a maioria da população.


GV no Palácio do Catete / CPDOC Fundação GV Em janeiro de 1930, o presidente da República, Washington Luis, de São Paulo, lança o também paulista Júlio Prestes para a sua sucessão. Mas um paulista sucedendo outro na presidência romperia a tradicional alternância de poder entre São Paulo e Minas Gerais. Os políticos mineiros vão engrossar as fileiras da oposição.


A Aliança Liberal, uma frente de oposição, apresenta o gaúcho Getúlio Vargas candidato a presidência, tendo o paraibano João Pessoa como vice. As eleições dão a vitória ao candidato do governo.

Em julho, João Pessoa é assassinado no Recife, por questões pessoais. A Aliança Liberal se une aos militares e inicia uma revolução. A revolta explode no Rio Grande do Sul, Paraíba e Minas Gerais. Mas logo se alastra pelo país. O Presidente Washington Luis é deposto. O candidato eleito Júlio Prestes se refugia na Embaixada Inglesa.

Em novembro de 1930, Getúlio Vargas toma posse como chefe do governo provisório. A Revolução de 30 abre a participação política a setores da sociedade como a classe média, a burguesia industrial e, principalmente, a setores das oligarquias rurais que estavam fora do poder.


Roteiro: Fernando Navarro


Ensinar e Aprender 

1. A quebra da bolsa de Nova York, em 1929, marcou toda a década de 30. Pesquisar os motivos da grande depressão no mundo e no Brasil e discutir as mudanças sociais, culturais, econômicas e políticas provocadas pela revolução de 30.

2. Fazer uma dramatização destacando o papel dos integrantes do Movimento Tenentista e da Aliança Liberal na Revolução de 30.

Bibliografia

DECCA, Edgar de. 1930: O Silêncio dos vencidos. São Paulo: Brasiliense, 1982.

SILVA, Zélia Lopes da. Os Sindicatos e a gestão do Estado no mercado de trabalho em São Paulo (1929-1932). Revista Brasileira de História. São Paulo: v.7. n.14, mar/ago. 1987.

Filmografia

Revolução de 30 (Brasil, 1980) Direção: Sylvio Back.