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Líquen: diferenças entre revisões

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Revisão das 14h03min de 18 de março de 2004

Estrutura

No líquen podem distinguir-se, morfologicamente, dois componentes: um conjunto de filamentos sem clorofila, que corresponde às hifas dos fungos superiores, e, entre eles, células com clorofila, que correspondem a uma alga e que têm o nome de gonídios.

Os líquenes não são uma unidade sistemática própria, mas antes o resultado da simbiose entre uma alga e um fungo, com benefício para ambos. Esta simbiose impede-os de viverem separadamente mas deu-lhes a possibilidade de viverem nos meios mais agrestes. Estes últimos podem apresentar-se em toda a espessura do líquene ou, disporem-se apenas como uma camada superficial. Há uma estreita relação entre os dois simbiontes, de modo a poderem, entre si, trocar substâncias.

Morfologia e Anatomia

Os líquenes apresentam diferentes aspectos morfológicos: filamentosos, foliáceos e incrustantes. O fungo é geralmente, responsável não só pela forma como também pela estrutura do líquen, contribuindo as hifas para a maior parte da sua massa. Cortes transversais de certas espécies de líquenes, observados ao microscópio óptico, mostram as algas distribuídas, mais ou menos homogeneamente, em todo o talo, enquanto as hifas se aglomeram junto às superfícies, superior e inferior do mesmo. Noutras espécies, o componente algal forma uma camada paralela à superfície superior.


Fisiologia

No líquen, o metabolismo dos hidratos de carbono está inteiramente dependente da alga, necessitando esta do fungo para a obtenção de água e sais minerais. O fungo proporciona o ambiente físico para o crescimento da alga, conferindo-lhe também protecção contra a intensa luz solar. Alguns compostos fúngicos são tóxicos, defendendo o líquen de ser devorado pelos consumidores.


Funcionamento

Cada um dos organismos do líquen desempenha funções especiais. Assim, a alga, graças à sua clorofila, é capaz de absorver a energia da luz solar e sintetizar açúcares, enquanto o fungo absorve do solo a água com as substâncias nela dissolvidas e, além disso, protege a alga do meio ambiente. Esta última relação situa os líquenes entre os organismos mais resistentes.

Sorédios 

A reprodução dos liquens faz-se principalmente através de fragmentos vegetativos denominados sorédios. Cada sorédio contém algumas poucas algas envolvidas por algumas hifas dos fungos.



Reprodução


O líquen Lecidea (Rhizocarpon) geographicum apresenta um aspecto muito característico, com os seus talos aderindo fortemente à rocha que lhe serve de substrato. Os líquenes apresentam dois tipos principais de reprodução: uma independente para cada um dos simbiontes e outra comum a ambos. Neste último caso, a reprodução é sempre vegetativa. Quando se encontram dentro do talo do líquen, as algas reproduzem-se quase sempre por divisão simples. Por vezes, quando as células isoladas da alga encontram hifas do fungo simbiontes, é possível a reprodução de um novo líquen. Os líquenes crescem muito lentamente, em certos casos no sentido horizontal, noutros no sentido vertical.

Tipos de líquenes


Exemplo de um líquene com talo arbustiforme. O aspecto que apresentam os líquenes, muito diferente do que teriam a alga e o fungo simbiontes separadamente, é variável e pode resumir-se a quatro tipos principais: crustáceo, escamoso, foliáceo e arbustiforme. · Os líquenes de talo crustáceo têm aspecto de crosta e vivem sobre o tronco das árvores ou sobre as rochas. Por vezes conseguem penetrar no substrato e a ele unirem-se tão intimamente, que à superfície fica visível apenas a camada externa do córtex. · Os líquenes de talo escamoso formam pequenas escamas no solo, se bem que não penetrem nele tão profundamente como os anteriores. · Os líquenes de talo foliáceo apresentam lóbulos de dimensão variável e com o aspecto de folhas. Fixam-se ao solo e dele absorvem a água por meio de hifas, ou desenvolvem-se nos rizidomas dos troncos das árvores, em cepos mortos e nas rochas. · Os de talo arbustiforme têm forma cilíndrica, como um caule erecto que se fixa ao substrato pela base, revestindo o solo ou ficando suspensos dos ramos da planta.

Habitat

Os líquenes proliferam nos substractos mais variados: sobre rochas, solo, casca das árvores e madeira. São seres pioneiros nas rochas nuas, dos solos de florestas queimadas e de escoadas vulcânicas. Vivem em ambientes onde nem fungos nem as algas se desenvolveriam. Assim, toleram condições climatéricas extremas, como temperaturas desde 60º C a –196ºC; podem estar em dessecação completa, durante meses (o líquen desidrata-se e a fotossíntese é interrompida). Quando há nevoeiro ou chove, o líquen pode absorver água correspondente a mais de dez vezes o seu peso. Os líquenes, apesar de suportarem os rigores ambientais descritos, são muito sensíveis aos agentes poluentes, nomeadamente ao anidrido sulfuroso, o que explica a não ocorrência destes seres vivos nas grandes cidades.

Distribuição

O aspecto que apresentam os líquenes, muito diferente do que teriam a alga e o fungo simbiontes separadamente, é variável e pode resumir-se a quatro tipos principais: crustáceo, escamoso, foliáceo e arbustiforme. Os líquenes distribuem-se por todo o planeta e em todo o tipo de ambientes, desde as rochas nuas das ilhas oceânicas aos troncos húmidos das florestas de caducifólias das regiões temperadas.

          Os líquenes, organismos precursores de outras forma vegetais, são plantas pioneiras.           Ao serem os primeiros a colonizar um meio, uma rocha, por exemplo, preparam-no para que outras formas superiores nele se possam estabelecer. 

São os primeiros organismos a colonizar um novo meio ambiente, pelo que são designados plantas pioneiras. Este é dos aspectos mais importantes destes organismos vegetais, pois a sua ação nesse meio cria condições para que mais tarde possam desenvolver-se plantas mais evoluídas. Nas ilhas vulcânicas de formação recente, pode observar-se que, ao fim de poucos anos, as rochas de lava se encontram cobertas de espécies diferentes de líquenes. Os rizóides que os líquenes emitem, e também substâncias que segregam, permitem-lhes penetrar no subsolo rochoso, destruindo a rocha e convertendo-a num meio apto ao início de formação do solo. Logo que se começam a constituir pequenas manchas de solo, as plantas superiores podem colonizar a área através das sementes transportadas pelo vento ou pelos animais. Outra característica dos líquenes é a sua sensibilidade à poluição atmosférica. Cada espécie tolera limites muito próximos de substâncias poluentes, pelo que a sua presença ou ausência, permite deduzir com precisão a quantidade e o tipo de produtos que se encontram na atmosfera.


Classificação

Podem distinguir-se dois grandes grupos de líquenes atendendo ao tipo de fungo presente na simbiose: ascolíquenes (uma alga e um ascomicete) e basidiolíquenes (uma alga e um basidiomicete). Os ascolíquenes são formados por um fungo do grupo dos ascomicetes e uma alga azul ou verde, enquanto que os basidiolíquenes são a simbiose de fungos do grupo dos basidiomicetes com algas também azuis ou verdes.

Utilidade dos líquenes

Algumas espécies são utilizadas desde a antiguidade com fins medicinais. Assim sucede, por exemplo, com o líquen-da-islândia (Cetraria islandica), o qual tem o talo de cor parda e base avermelhada, lobulado, e cresce formando como que "relva", em prados alpinos e florestas de coníferas; pelos seus usa-se no combate à tosse e aos catarros dos brônquios. Nas regiões desérticas do norte de África e Ásia Ocidental cresce a espécie Lecanora esculenta, conhecida como líquen-de-maná, de talo crustáceo. Uma espécie muito importante é a Cladonia rangiferina, o musgo-das-renas que vive nas regiões frias do hemisfério norte, constituindo, durante grande parte do ano, o único vegetal disponível como alimento para os animais destas regiões.


Conclusão

Os líquenes constituem um caso especial do reino vegetal, pois são, não um só organismo, mas dois organismos distintos, um fungo e uma alga, formando uma simbiose. A relação entre ambos é tão estreita que não podem viver separadamente.


Bibliografia e Fontes de consulta

"Grande Enciclopédia das Ciências - BOTÂNICA", Ediclube

Fontes de consulta

· http://www.biomania.com.br/fungi/liquens.php · http://www.terravista.pt/meiapraia/1062/liquen2.html · http://www.fortunecity.com/