Judaísmo e o aborto

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Rabinos ortodoxos na "Marcha Pela Vida" em New York, 2008.

No Judaísmo, a visão acerca do aborto é baseada nos princípios da Bíblia Hebraica, na Torá Oral e nas demais literaturas rabínicas. Embora a maioria dos movimentos judaicos religiosos permitam o aborto em casos de risco de morte da mãe, as autoridades divergem acerca dos outros casos.

Referências bíblicas[editar | editar código-fonte]

Na Bíblia Hebraica, a única menção direta ao aborto ocorre em Êxodo 21:22-23. O texto diz:

"Se homens brigarem e ferirem uma mulher grávida, e ela der à luz prematuramen­te, não havendo, porém, nenhum dano sério, o ofen­sor pagará a indenização que o marido da­quela mulher exigir, conforme a determinação dos juízes. Mas, se houver danos graves, a pena será vida por vida"[1]

O historiador judeu Filo de Alexandria ensina que o termo "dano" se refere exclusivamente à criança, e se a pena será pagar uma indenização ou pena de morte depende se o feto está suficientemente formado.[carece de fontes?] De acordo com Rashi e outros comentaristas talmúdicos, o termo "dano" se refere apenas à mãe, e tradicionalmente, ao menos que a mãe também tenha sofrido danos, apenas uma indenização seria imposta por ter causado um aborto espontâneo.[carece de fontes?]

Também pode-se interpretar o texto em Jeremias 1:5 como uma menção indireta sobre o início da vida ser na concepção:

"Antes que te formasse no ventre, te conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei, e às nações te dei por profeta."[2]

Referências rabínicas[editar | editar código-fonte]

Na Halachá (Lei Judaica), o princípio de pikuach nefesh permite violar quase todas as leis para salvar uma vida humana, se estendendo também para a vida de um feto. O Shabat deve ser violado para salvar a vida de um feto.[3] Uma mulher grávida que desenvolve uma fome voraz deve ser alimentada mesmo no Yom Kippur para evitar a perda de vidas;[4] autoridades posteriores debatem se a situação descrita envolve perigo para o feto, a mãe ou ambos.

Bnei Noach[editar | editar código-fonte]

Em Gênesis 9:6 diz: "Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado".[5] O Talmud compreende que esse verso também se refere aos fetos e, portanto, o aborto também é proibido para não-judeus.[6]

Judaísmo reformista[editar | editar código-fonte]

No judaísmo reformista, o aborto costuma ser permitido em casos de estupro, incesto, ou quando testes genéticos determinam que a criança nasceria com uma doença que causaria a morte ou incapacidade grave. Em geral, "A perspectiva reformista sobre o aborto pode ser descrita da seguinte forma: o aborto é uma escolha extremamente difícil enfrentada por uma mulher. Em todas as circunstâncias, deve ser sua decisão de interromper ou não a gravidez, apoiada por aqueles em quem ela confia (médico, terapeuta, parceiro, etc). Esta decisão não deve ser tomada de ânimo leve (o aborto nunca deve ser usado para fins de controle de natalidade) e pode ter ramificações ao longo da vida. No entanto, qualquer decisão deve ser deixada para a mulher em cujo corpo o feto está crescente."[7]

Judaísmo caraíta[editar | editar código-fonte]

Os judeus caraítas seguem apenas a Torah Escrita e rejeitam a Torah Oral. Portanto, suas posições sobre o aborto são baseadas estritamente em suas interpretações das passagens bíblicas.[8]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Cristianismo e o aborto

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. «- Bíblia». Bíblia Sagrada Online. Consultado em 21 de janeiro de 2022 
  2. Jewish Pro-Life Foundation (PDF). [S.l.: s.n.] 
  3. Arakhin 7a. [S.l.: s.n.] 
  4. Yoma 82a. [S.l.: s.n.] 
  5. «Genesis 9:6». www.sefaria.org. Consultado em 21 de janeiro de 2022 
  6. Sanhedrin 57b. [S.l.: s.n.] 
  7. «URJ - Abortion». web.archive.org. 23 de março de 2008. Consultado em 21 de janeiro de 2022 
  8. https://scholarlycommons.law.case.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=4366&context=caselrev