Sanatruces II de Hatra

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: Para outros significados, veja Sanatruces.
Sanatruces II
Rei de Hatra
Reinado 200-240/241
Antecessor(a) Barsemias
Sucessor(a) Conquista persa
 
Morte 240/241
  Hatra
Cônjuge Abu
Descendência Barsemias
Mana
Duspari
Samai
Nadira (?)
Pai Barsemias
Mãe Jaialade

Sanatruces II, também chamado, Sanatru, Daizane e Satirune, foi o último rei de Hatra, governando de ca. 200 até 240/241.

Vida[editar | editar código-fonte]

Era filho de Barsemias e é atestado por nove inscrições descobertas na cidade; uma delas foi encontrada numa estátua mostrando-o de pé. Apenas duas delas portam datas (talvez 231 e 237/238), e ambas são difíceis de ler. Aparece em fontes siríacas como Sanatru e em fontes árabes como Daizane e Satirune. Sua esposa foi possivelmente Abu e ele teve dois filho, seu herdeiro Barsemias e Mana (atestado em 235 como suposto chefe de Arábia de Ual, uma região ao sul de Edessa),[1] e duas filha chamada Duspari, cuja estátua é conhecida e datada de 238, e Samai, cuja estátua também é conhecida.[2]

Segundo Tabari, as fontes que consultou afirmavam que veio de Ba Jarma e segundo Hixame ibne Alcalbi era da tribo dos Cudá. Por essa tradição, seu pai era Moáuia e sua mãe era Jaialade (Jayhalah), da tribo de Tazide ibne Huluane. Alcalbi ainda afirmou que seu reino, centrado em Hatra, se estendia sobre a Mesopotâmia Superior, alcançando a Síria, e que várias tribos como os Banu Abide ibne Alajerã e outros Cudá estavam sob seu comando.[3] Tabari fornece a seguinte genealogia: Daizane ibne Moáuia ibne Alabide ibne Alajerane ibne Anre ibne Anaca ibne Sale ibne Huluane ibne Imerane ibne Alhafi ibne Cudá.[4]

Tabari também relata que quando o Sapor I (r. 240–270) fez campanha no Coração (essa expedição de Sapor é hoje datada mais tarde), Sanatruces saqueou o Sauade. Anre ibne Ilá ibne Aljudai ibne Alda ibne Juxã ibne Huluane ibne Imerane ibne Alhafi ibne Cudá escreveu um poema no qual relatou a expedição de Sanatruces:[5]

Encontramos-os [em batalha] com uma hoste dos [Banu] Ilafe e com [uma tropa de] garanhões de casco forte.
Os persas receberam em nossas mãos punição exemplar, e massacramos os herdabes de Xarazur.
Avançamos em direção aos persas (Alaajim) de longe com uma hoste da Jazira [Mesopotâmia Superior] como numa labareda de fogo.

Ao retornar, Sapor sitiou Sanatruces em Hatra. Alcalbi afirmou que o xá cercou Hatra por 4 anos, completamente incapaz de destruí-la ou capturar Sanatruces, enquanto Alaxa mencionou em seu poema que Sapor sitiou a fortaleza por apenas dois anos:[6]

Não viu Hatra, cujo povo sempre goza de vida fácil? Mas alguém é favorecido com vida fácil para sempre?
Sapor dos Exércitos permaneceu diante dela por dois anos, empunhando seus machados de batalha lá. Mas seu Senhor [governante de Hatra] não lhe deu nenhum acesso de força, e pivôs como o dele não puderam permanecer firmes (isto é, a facilidade de vida que ele desfrutava não podia durar para sempre)
Quando seu Senhor viu o que ele [Sapor] estava fazendo, caiu sobre ele com um violento golpe, sem ele ser capaz de retalhar. Ele chamou seus partidários, "Venham ao seu afazer, que já foi rompido
E morra mortes nobres através de suas próprias espadas; Eu vejo que o verdadeiro guerreiro assume por si mesmo o fardo da morte com equanimidade."

Segundo as fontes árabes, num relato possivelmente lendário,[7] uma das filhas de Daizane chamada Nadira lhe traiu por se apaixonar por Sapor e permitiu que o xá entrasse na cidade. Hatra foi destruída, Daizane foi morto e seus partidários foram aniquilados.[8] Anre ibne Ilá, que estava com Daizane, disse:[9]

Você não se encheu de pesar quando os relatórios chegaram sobre o que aconteceu com os líderes do Banu Abide,
E do assassinato de Daizane e seus irmãos, e dos homens de Tazide, que costumavam cavalgar nos esquadrões de cavalaria?
Sapor dos Exércitos os atacou com elefantes de guerra, ricamente protegidos e com seus heroicos guerreiros,
E ele destruiu os blocos de pedra das colunas da fortaleza, cujas pedras de fundação eram como blocos de ferro.

Referências

  1. Sartre 2005, p. 346.
  2. Mathiesen 1992, p. 205-206, 211.
  3. Tabari 1999, p. 32-33.
  4. Tabari 1999, p. 32.
  5. Tabari 1999, p. 33.
  6. Tabari 1999, p. 33-34.
  7. Schmitt 2003.
  8. Tabari 1999, p. 34-35.
  9. Tabari 1999, p. 35-36.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Mathiesen, H. E. (1992). Sculpture in the Parthian Empire. Aarhus: Aaarhus University Press. ISBN 87-7288-311-1 
  • Schmitt, Rüdiger (2003). «Hatra». Enciclopédia Irânica 
  • Sartre, Maurice (2005). The Middle East under the Romans. Cambrígia, Massachusetts: Harvard University Press. ISBN 978-0-674-01683-5 
  • Tabari (1999). Bosworth, C.E., ed. The History of al-Tabari Vol. V - The Sasanids, The Byzantines, the Lakhmids and Yemen. Nova Iorque: State University of New York Press