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A CONSTRUÇÃO DO DESENVOLVIMENTO LOCAL NO MUNICÍPIO DE ILHÉUS

Após a década de 1990, com a crise gerada pela monocultura do cacau e a disseminação do fungo da vassoura de bruxa que dizimou toda a lavoura cacaueira da região sul da Bahia, surge então a necessidade de alternativas de desenvolvimento econômico, destacando-se duas atividades em particular: O Turismo e o Polo de Informática de Ilhéus.[1]

O turismo, com uma trajetória própria, foi sustentado pelas vocações do município, em especial as belezas naturais, a história e a cultura amplamente divulgadas nas obras literárias de Jorge Amado.[1]

O Pólo de Informática surge de uma dinâmica oposta, figurando como uma intervenção do Governo do Estado, com o intuito de criar uma compensação pelas perdas ocasionadas com a crise da região. O Pólo foi implantado em 1995 e representa o fomento ao campo industrial, melhorando os indicadores socioeconômicos da região( renda, emprego) e gerando maior competitividade da economia local.(GOVERNO DA BAHIA, 1999, p. 1).[1]

Contudo, a escolha dessas alternativas, o Turismo e o Pólo de Informática, não reduz a evidência de que outros setores são essenciais para expandir a economia local e contribuir com o desenvolvimento do município, como o comércio e demais atividades/serviços, assim como a contribuição ainda significativa da cacauicultura.[1]

NOVAS TENDÊNCIAS PARA O MERCADO DE CHOCOLATE.

A região cacaueira do sul da Bahia, Brasil, vem a mais de 20 anos buscando alternativa para superar a baixa rentabilidade das fazendas de cacau. Os reflexos dessa crise não atingiu o setor chocolateiro que cresce 4,5% em volume e 11,5% em valor. Diante dessa realidade, servindo como uma alternativa para mudar a realidade da região cacaueira, o Ministério da Agricultura do Brasil criou incentivos para a industrialização do cacau por parte dos produtores, a partir da fabricação de cacau fino e de "origem", com sabor e aroma especial e com alto teor de cacau.[2]

  1. a b c d Noia, Angye Cássia (2011). «A Construção do Desenvolvimento Local no Município de Ilhéus-Ba: Uma análise das alternativas de desenvolvimento gerados após a crise da monocultura do cacau». DESENVOLVIMENTO, AGRICULTURA E SOCIEDADE – via URFRJ 
  2. Santos, Givago B. Martins (2009). «Tendências e Especificações do Mercado de Chocolate». Mercado de Chocolate 

UFRRJ

DESENVOLVIMENTO, AGRICULTURA E SOCIEDADE

A CONSTRUÇÃO DO DESENVOLVIMENTO LOCAL NO MUNICÍPIO DE ILHÉUS-BA: uma análise das alternativas de desenvolvimento geradas após a crise da monocultura do cacau

 Angye Cássia Noia

Rio de Janeiro, RJ Fevereiro de 2011 

O Governador do Estado da Bahia, Jaques Wagner, em parceria com o Governo Federal e o setor privado, projetaram o Complexo Logístico Produtivo do Sul da Bahia,O Complexo já é apresentado como “uma infraestrutura fundamental e gigantesca para recolocar o progresso nos trilhos: Ferrovia Oeste-Leste, novo Porto Sul Bahia, Aeroporto Internacional e a Zona de Processamento de Exportações [ZPE]” (MAGALHÃES, 2010, p. 7). Através desse Complexo pretende-se interiorizar o desenvolvimento de forma sustentável, gerando empregos, ativos ambientais (até 2019 deverão ser investidos R$ 30 milhões apenas pelo Governo do Estado), fomentando o turismo e a prestação de demais serviços, assim como a industrialização não só em Ilhéus, mas em toda área de abrangência logística do Complexo Intermodal (SICM, 2010).

Durante o período colonial a atividade de maior interesse era a produção de açúcar, sendo o Engenho de Santana o centro econômico da Capitania de Ilhéus. Em 1570, existiam oito engenhos em toda a Capitania, restando, em 1724, apenas o Engenho de Santana, que persistiu por cerca de trezentos anos. Então, pode-se dizer que o cenário econômico regional começou a ser transformado com a introdução da cultura do cacau para fins comerciais. Como a produção do açúcar deixou de ser valorizada na região, os instrumentos e a infraestrutura não foram preservados. Restaram apenas ruínas do Engenho de Santana, no povoado do Rio do Engenho.

Assim, a história local está fundamentada, essencialmente, na pujança da cacauicultura que legou a Ilhéus o título de terra dos “frutos de ouro” (Figura 9) e “Princesinha do Sul” devido ao embelezamento da zona urbana, distinguindo-se das demais cidades em seu entorno. A expressão “frutos de ouro”, comum nas terras baianas do cacau foi destacada por Cardoso (2006, p. 185) no seguinte trecho extraído da obra Terras do Sem Fim, de Jorge Amado: “uma árvore que se chamava cacaueiro e que dava frutos cor de ouro que valiam mais que o próprio ouro”.

Em Ilhéus esse momento pode ser considerado um divisor de águas, marcando a necessidade de diversificação produtiva para a geração de receita, emprego, renda e diminuição da dependência,

Por ora, esse breve delineamento de perspectivas geradas pós-crise do cacau, 1989, tem o intuito de percorrer as novas perspectivas para o município, destacando que a sociedade vem construindo novas concepções, reorganizando as dinâmicas locais.

O turismo enquanto atividade produtiva passou a ser valorizado a partir da década de 1990. Possui uma rede hoteleira de qualidade com alguns hotéis de padrão internacional. Ao dia, as opções concentram-se em sol e praia. Quanto ao período da noite, Ilhéus se torna pouco atraente e diversificada, contando com alguns bares, restaurantes, festas esporádicas, programação cultural e desconectada de eventos de porte nacional. O desenvolvimento da economia do turismo se dá, contudo, sem planejamento para a atividade. Com uma estrutura frágil, o turista não encontra em Ilhéus atrativos turísticos formatados.

Atualmente, Ilhéus possui uma boa estrutura de acomodação, contando com 8.000 leitos distribuídos em 3 resorts, 16 hotéis, 103 pousadas e 12 chalés.

Os dados mais recentes que se tem sobre a quantidade de empreendimentos e leitos em Ilhéus são de um trabalho produzido pela Secretaria de Cultura e Turismo – SCT (2005, p. 140), onde Ilhéus teria evoluído para 141 empreendimentos hoteleiros, com 2.914 quartos hoteleiros e 8.699 leitos. Se somados os números de quartos especificados em todo o município de Ilhéus esse total passa para 2.927 quartos. De acordo com a Secretaria de Turismo do Município (2010), Ilhéus já teria alcançado por volta de 12.000 leitos e na alta estação, especialmente dezembro e janeiro os hotéis têm uma ocupação média de 70% a 80%, com picos de 100%. No restante do ano, Santos (2010) pontua que a ocupação não costuma ser superior a 30%.

Para construir o desenvolvimento local é preciso compreender e tomar partido da realidade do município, não ficar esperando que novas alternativas de produção gerem por si só riqueza semelhante aos tempos áureos do cacau.

Enquanto uma alternativa de desenvolvimento, o turismo foi surgindo em Ilhéus de forma espontânea. Independentemente das raízes da hotelaria estar vinculada ao fluxo de comerciantes do cacau, em dado momento, atores externos identificaram Ilhéus como um espaço de oportunidades. a atividade foram ampliados no início da década de 1990, em face da crise econômica instalada. Apesar dos pequenos avanços qualitativos e quantitativos nesse setor, Ilhéus ainda é um destino com potenciais inexplorados.

Perfil socioeconômico do município de Ilhéus

Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia

Ilhéus está localizado entre as coordenadas aproximadas de latitude - 14º47´20´´ e longitude 39º02´58´´, a uma altitude média de 52 m acima do nível do mar e caracteriza-se pelo clima semiárido, subúmido a seco e úmido. Faz divisa com os municípios de Aurelino Leal, Uruçuca, Oceano Atlântico, Una, Buerarema, Itabuna, Itajuípe, Coaraci e Itapitanga. Com uma área total de 1.584,7 km2 , Ilhéus fica distante 445 Km de Salvador, capital do Estado da Bahia. As rodovias BA-001 e BR-415 são as principais vias de acesso ao município que também é atendido pelo Aeroporto de Ilhéus

De acordo com Censo Demográfico 2010, Ilhéus possuía 184.236 habitantes. Sua densidade demográfica era de 104,68 hab/km2 . Em relação à situação do domicílio, 155.281 habitantes residiam em áreas urbanas e 28.955 habitantes residiam em domicílios rurais, perfazendo um grau de urbanização de 84,3%.

Para o ano de 2016, de acordo com estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o município de Ilhéus conta com uma população de 178.210 habitantes, apresentando um acréscimo de 3,3% em comparação ao ano de 2010.

Em 2014 o Produto Interno Bruto (PIB) municipal foi estimado em R$ 3,51 bilhões e o PIB per capita em R$ 19.627,88. De toda riqueza produzida no município, no ano de 2014, 60,0% era proveniente do setor de comércio e serviços. O setor industrial respondia por 35,0% do Valor Agregado Bruto (VAB), e o setor primário (agropecuária), foi responsável por 5,0% do VAB do município de Ilhéus. Fonte: IBGE (2016). Cálculos da SEI.