Saltar para o conteúdo

Usuário(a):THAIS MORAIS ABADIO/Testes

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Teoria da Autopercepção[editar | editar código-fonte]

A Teoria da autopercepção, desenvolvida pelo psicólogo Daryl Bem, define que os indivíduos conhecem suas próprias atitudes a partir da observação de seus comportamentos em sociedade, estando os indivíduos em uma situação semelhantes aos indivíduos observadores externos. Portanto, o nosso comportamento perante a sociedade é o que melhor define informações sobre quem somos[1].

De acordo com a teoria, as atitudes podem ser utilizadas para dar sentido a uma ação já realizada, ou seja, nem sempre as atitudes são afirmações avaliadoras que orientam as ações, ao contrário, as atitudes podem ser utilizadas para justificar as ações já executadas. Neste sentido, acredita-se que quando se trata de tema em que não conhecemos ou nunca refletimos muito bem a respeito é comum analisarmos ações que já efetuamos para definir nossas atitudes. Ao contrário, a teoria não se aplica para assuntos que somos conhecedores ou temas que já refletimos a respeito, nestes casos, o mais comum é que as atitudes guiem previamente as ações[2].[3]

Os postulados da Teoria da Autopercepção[editar | editar código-fonte]

Quando queremos saber como uma pessoa se sente, nós observamos os seus atos. Da mesma maneira, parece possível que quando um indivíduo quer saber como ele mesmo se sente, ele precisa olhar como ele age.  Uma situação comum que poderia representar bem seria aquelas em que, após iniciar uma refeição, pensamos ou externamos: “Eu acho que estava com mais fome do que pensava”. Daí decorreu o primeiro postulado da Teoria da Autopercepção: indivíduos conhecem suas próprias atitudes, emoções e outros estados internos parcialmente inferindo-os a partir de observações de seus comportamentos evidentes e/ou das circunstâncias em que estes comportamentos ocorrem[1].

O segundo postulado da Teoria da Autopercepção sugere uma identidade parcial entre a autopercepção e a interpessoal percepção: uma vez que as sugestões internas são fracas, ambíguas, ou de impossível interpretação, o indivíduo está funcionalmente na mesma posição que os observadores externos, um observador que precisa necessariamente confiar nestas mesmas sugestões externas para inferir sobre os estados individuais internos.[4]

Experimentos de Daryl Bem[editar | editar código-fonte]

1) O experimento do desenho animado:

A variável dependente no estudo do desenho animado foi a atitude dos sujeitos diante de uma série de revistas de desenho animado. O comportamento induzido que serviu de fonte de auto atribuição foi a declaração aberta “Este desenho animado é muito engraçado” ou “Este desenho animado é muito sem graça”. O parâmetro de credibilidade própria foi manipulado com duas luzes coloridas cujas funcionalidades foram estabelecidas pelo treinamento preliminar descrito a seguir.[1]

Em 1974, James Laird realizou dois experimentos sobre como as mudanças na expressão facial podem desencadear mudanças na emoção. Os participantes foram solicitados a contrair ou relaxar vários músculos faciais, fazendo com que eles sorrissem ou franzissem a testa sem perceber a natureza de suas expressões. Os participantes relataram sentir raiva quando franzindo a testa e mais felizes ao sorrir. Eles também relataram que os desenhos animados vistos enquanto sorriam eram mais engraçados do que os desenhos animados vistos enquanto eles franziam as sobrancelhas. Além disso, os participantes obtiveram pontuações mais altas na agressão durante os testes de testa franzidos do que nos testes de sorriso, e pontuaram mais nos fatores de elação, emergência e afeto social durante os testes de sorriso do que nos de testa franzida.[1]

Laird interpretou esses resultados como "indicando que o comportamento expressivo de um indivíduo medeia a qualidade de sua experiência emocional". Em outras palavras, a expressão facial da pessoa pode ser um estado emocional e não um efeito; em vez de sorrir porque se sentem felizes, a pessoa pode se sentir feliz sorrindo.[5]

2) O experimento da Rotina

Na versão de Daryl Bem do experimento clássico de dissonância cognitiva de Festinger e Carlsmith, os participantes escutaram uma fita na qual um homem descreve entusiasticamente uma monótona tarefa que consiste em girar pinos.Alguns dos participantes receberam a informação de que o homem recebeu US$ 20,00 por seu testemunho, enquanto outros participantes receberam a informação de que o homem recebeu US$ 1,00 por seu testemunho. Estes, que receberam a informação do pagamento de US$ 1,00, chegaram a conclusão de que o homem deve ter gostado da tarefa, num maior grau do que aqueles que receberam a informação do pagamento de US$ 20,00.[1]

Bem argumentou que os participantes de seu experimento não julgaram a atitude do homem em termos do fenômeno da dissonância cognitiva, desta maneira qualquer mudança de atitude que o homem possa ter apresentado naquela situação seria resultado de sua própria auto-percepção.[1]

O uso da Teoria da Autopercepção para a psicologia e autoconhecimento[editar | editar código-fonte]

A Teoria da Autopercepção pode ser aplicada em cenários de terapia e persuasão, ao passo que dela pode-se inferir que as nossas ações podem modificar nossas atitudes e quem somos. Ao agirmos com caridade, vamos nos reconhecer como pessoas caridosas. Ao agirmos com egoísmo, nos observaremos como seres egoístas, e assim por diante. Em decorrência, ao agirmos diferentes, vamos nos avaliar de uma forma diferente, o que poderá trazer mudanças em nossa autoestima e autopercepção [1].

A Teoria da Autopercepção enfatiza a importância da autopercepção para a resolução dos conflitos intrapessoais, ao passo que Daryl Bem defende que as pessoas desenvolvem suas atitudes ao observarem o próprio comportamento e concluírem que atitudes o causaram. A citada teoria é compatível com o senso comum dado que a maioria das pessoas acreditam que as atitudes precedem os comportamentos e não o contrário. A teoria surpreende ao sugerir que uma pessoa induz suas atitudes, como um observador, sem acessar estados internos de cognição. "Um exemplo clássico dessas experiências é aquela levada avante por Brunelle (2001) em que adolescentes forçados a trabalhar em atividades de serviço social acabaram se tornando pessoas mais comedidas e respeitosas dos direitos de outras pessoas, demonstrando altruísmo e consideração pelo próximo".[6]

Por todo o exposto, verifica-se que a Teoria da Autopercepção aborda os problemas psicológicos de um ponto-de-vista original, ao passo que, ao contrário de terapias psicológicas convencionais que consideram que os problemas psicológicos são decorrentes do inconsciente, a teoria sugere que as pessoas desenvolvem suas dificuldades psicológicas principalmente de seus comportamentos manifestos.[6]

Lista de referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b c d e f g Bem, D. J. (1967). Self-Perception: An Alternative Interpretation of Cognitive Dissonance Phenomena. Psychological Review, 74, 183-200.
  2. Satisfação dos funcionários com o sistema de remuneração variável do Banco do Brasil: um estudo no estado de Pernambuco
  3. «Self-perception theory». Wikipedia (em inglês). 24 de fevereiro de 2019 
  4. Wikipedia  Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  5. Laird, James D. (1974). «Self-attribution of emotion: The effects of expressive behavior on the quality of emotional experience.». Journal of Personality and Social Psychology. 29 (4): 475–486. ISSN 1939-1315. doi:10.1037/h0036125 
  6. a b Tania M. L. Torres, Karyne de Souza Augusto Rios, RELAÇÃO DA AUTOPERCEPÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS PESSOAIS E RELIGIOSAS DOS(AS) FILHOS(AS) DE PASTORES DA IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA