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Afonso Dhlakama: diferenças entre revisões

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'''Afonso''' Macacho Marceta '''Dhlakama''' ([[Mangunda]], [[Sofala (província)|Sofala]], [[1 de Janeiro]] de [[1953]]), é um político e militar revolucionário e líder da [[RENAMO]] (Resistência Nacional Moçambicana), o principal [[partido político]] da oposição em [[Moçambique]].<ref>Afonso Dhlakama. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2014. [Consult. 2014-05-13].Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$afonso-dhlakama></ref>
'''Afonso''' Macacho Marceta '''Dhlakama''' ([[Mangunda]], [[Sofala (província)|Sofala]], [[1 de Janeiro]] de [[1953]]), é um político e militar revolucionário e líder da [[RENAMO]] (Resistência Nacional Moçambicana), o principal [[partido político]] da oposição em [[Moçambique]].<ref>Afonso Dhlakama. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2014. [Consult. 2014-05-13].Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$afonso-dhlakama></ref>


==Início da vida e carreira militar==
==Início da vida e carreira militar==
Em 1974, após a [[Revolução dos Cravos|Revolução do 25 de abril]] em Portugal e, consequentemente, o fim da [[Guerra Colonial Portuguesa|guerra colonial]], o jovem ingressou na [[FRELIMO]] (Frente de Libertação de Moçambique). No entanto, pouco tempo depois abandonou esse movimento para se tornar, em 1976, um dos fundadores da RNM (Resistência Nacional de Moçambique), um movimento rebelde que levou a cabo uma guerra civil contra o regime marxista-leninista e monopartidário, instalado pela FRELIMO logo após a independência de Moçambique. Esta guerra durou 16 anos e a RENAMO teve apoio do regime minoritário da então [[Rodésia do Sul|rodesiano]] .<ref>http://www.clingendael.nl/sites/default/files/20060600_cru_working_paper_37_pt.pdf Projecto de Transição Democrática nas Sociedades em situação de pós-conflito, Apoio a Democratização a Moçambique Pós-Conflicto, pg 2</ref>, enquanto a FRELIMO contava com o apoio da República popular da China e da antiga URSS. Após a morte do primeiro presidente, [[André Matsangaíssa]], em combate, e depois de uma luta pela sucessão, Dhlakama tornou-se presidente deste movimento de oposição ao regime, que se começou a designar RENAMO.<ref>http://wiki.verkata.com/pt/wiki/RENAMO Resistência Nacional Moçambicana</ref> A guerra civil em Moçambique, que envolvia a FRELIMO (no Governo), e a RENAMO (na oposição), durou 16 anos, durante os quais Dhlakama se manteve a combater. Em 1984 A República Popular de Moçambique, liderada pela FRELIM0, e a África do Sul, liderada pelo regime minoritário do Apartheid, assinaram o [[Acordo de Nkomati]] que previa que cada país acabasse com o apoio aos movimentos armados de oposição do outro e assim eventualmente terminar com a guerra, mas o acordo fracassou.<ref>http://noticias.sapo.mz/info/artigo/1273387.html Cronologia 16 anos de guerra e 20 anos de paz em Moçambique</ref>
Em 1974, após a [[Revolução dos Cravos|Revolução do 25 de abril]] em Portugal e, consequentemente, o fim da [[Guerra Colonial Portuguesa|guerra colonial]], o jovem ingressou na [[FRELIMO]] (Frente de Libertação de Moçambique). No entanto, pouco tempo depois abandonou esse movimento para se tornar, em 1976, um dos fundadores da RNM (Resistência Nacional de Moçambique), um movimento rebelde que levou a cabo uma guerra civil contra o regime marxista-leninista e monopartidário, instalado pela FRELIMO logo após a independência de Moçambique. Esta guerra durou 16 anos e a RENAMO teve apoio do regime minoritário da então [[Rodésia do Sul|Rodesia]] do Sul <ref>http://www.clingendael.nl/sites/default/files/20060600_cru_working_paper_37_pt.pdf Projecto de Transição Democrática nas Sociedades em situação de pós-conflito, Apoio a Democratização a Moçambique Pós-Conflicto, pg 2</ref>, enquanto a FRELIMO contava com o apoio da República popular da China e da antiga URSS (União das repúblicas Socialistas Soviéticas). Após a morte do primeiro presidente da RENAMO, [[André Matsangaíssa]], em combate, e depois de uma luta pela sucessão, Dhlakama tornou-se presidente deste movimento de oposição ao regime, que se começou a designar RENAMO.<ref>http://wiki.verkata.com/pt/wiki/RENAMO Resistência Nacional Moçambicana</ref> A guerra civil em Moçambique, que envolvia a FRELIMO (no Governo), e a RENAMO (na oposição), durou 16 anos, durante os quais Dhlakama se manteve a combater. Em 1984 a República Popular de Moçambique, liderada pela FRELIM0, e a República da África do Sul, liderada pelo regime minoritário do Apartheid, assinaram o [[Acordo de Nkomati]] que previa que cada país acabasse com o apoio aos movimentos armados de oposição do outro e assim eventualmente terminar com a guerra, mas o acordo fracassou.<ref>http://noticias.sapo.mz/info/artigo/1273387.html Cronologia 16 anos de guerra e 20 anos de paz em Moçambique</ref>


==Pós-guerra e carreira política==
==Pós-guerra e carreira política==
Depois de, em 1990, o governo moçambicano ter adotado uma Constituição que instaurava o multipartidarismo, Dhlakama assinou um acordo de paz com o presidente do país, Joaquim Chissano (líder da FRELIMO), a 4 de outubro de 1992, em Roma, na Itália. Após longo período de negociação, a [[4 de Outubro]] de [[1992]] assinou com [[Joaquim Chissano]] (na altura Presidente de Moçambique), em Roma, o [[Acordo Geral de Paz]], pondo fim a uma guerra civil que durou cerca de 16 anos e que destruiu a economia e infraestruturas do país, tendo provocado centenas de milhares de mortos.<ref>http://epm-celp.blogspot.com/2007/10/4-de-outubro-dia-do-acordo-geral-de-paz.html</ref> Desde então a RENAMO passou a ser um partido político, o segundo maior partido político de Moçambique. A assinatura do [[Acordo Geral de Paz]] criou alicerces para a instauração de democracia e a realização das primeiras eleições multipartidarias, abandono da política comunista, e liberalização do mercado e da economia.
Depois de, em 1990, o governo moçambicano ter adotado uma Constituição que instaurava o multipartidarismo, Dhlakama assinou um acordo de paz com o presidente do país, Joaquim Chissano (líder da FRELIMO), a 4 de outubro de 1992, em Roma, na Itália. Após longo período de negociação, a [[4 de Outubro]] de [[1992]] assinou com [[Joaquim Chissano]] (na altura Presidente de Moçambique), em Roma, o [[Acordo Geral de Paz]], pondo fim a uma guerra civil que durou cerca de 16 anos e que destruiu a economia e infraestruturas do país, tendo provocado centenas de milhares de mortos.<ref>http://epm-celp.blogspot.com/2007/10/4-de-outubro-dia-do-acordo-geral-de-paz.html</ref> Desde então a RENAMO passou a ser um partido político, o segundo maior partido político de Moçambique. A assinatura do [[Acordo Geral de Paz]] criou alicerces para a instauração de democracia e a realização das primeiras eleições multipartidarias, abandono da política comunista, e liberalização do mercado e da economia.


Em outubro de 1994, Dhlakama concorreu às primeiras eleições presidenciais de Moçambique, mas só obteve 33,7 % dos votos, contra 53,3 de Chissano. Nas eleições legislativas, a RENAMO também perdeu ao somar 37,7 % dos votos, contra os 44,3 da FRELIMO. Em 1998 reuniu com Chissano para debater a situação no país. Em dezembro de 1999 voltaram a realizar-se eleições presidenciais e de novo Dhlakama perdeu para Chissano. Desta vez a margem foi menor já que o líder da RENAMO somou 47,71 % e o da FRELIMO 52,29%. A RENAMO contestou a validade destas eleições e, cerca de um ano depois, em novembro de 2000, houve violentas manifestações por todo o país, fomentadas pela RENAMO. Dhlakama e Chissano reuniram antes do final do ano, mas logo no início de 2001, o líder da RENAMO reafirmou que não reconhecia o seu homólogo da FRELIMO como presidente da República de Moçambique. Acusou o governo de organizar massacres no norte do país. Entretanto, nunca deixou de pedir a recontagem dos votos das eleições legislativas e presidenciais de 1999. A 19 de novembro de 2003,a RENAMO perdeu novamente para a FRELIMO. Afonso Dhlakama solicitou, mais uma vez, ao Conselho Constitucional Moçambicano, a impugnação dos resultados, alegando irregularidades no processo eleitoral autárquico.<ref>Afonso Dhlakama. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2014. [Consult. 2014-05-13].
Em outubro de 1994, Dhlakama concorreu às primeiras eleições presidenciais de Moçambique, mas só obteve 33,7 % dos votos, contra 53,3% de Chissano. Nas eleições legislativas, a RENAMO também perdeu ao somar 37,7 % dos votos, contra os 44,3% da FRELIMO. Em 1998 reuniu com Chissano para debater a situação no país. Em dezembro de 1999 voltaram a realizar-se eleições presidenciais e de novo Dhlakama perdeu para Chissano. Desta vez a margem foi menor já que o líder da RENAMO somou 47,71 % e o da FRELIMO 52,29%. A RENAMO contestou a validade destas eleições e, cerca de um ano depois, em novembro de 2000, houve violentas manifestações por todo o país, fomentadas pela RENAMO. Dhlakama e Chissano reuniram antes do final do ano, mas logo no início de 2001, o líder da RENAMO reafirmou que não reconhecia o seu homólogo da FRELIMO como presidente da República de Moçambique. Acusou o governo de organizar massacres no norte do país. Entretanto, nunca deixou de pedir a recontagem dos votos das eleições legislativas e presidenciais de 1999. A 19 de novembro de 2003,a RENAMO perdeu novamente para a FRELIMO. Afonso Dhlakama solicitou, mais uma vez, ao Conselho Constitucional Moçambicano, a impugnação dos resultados, alegando irregularidades no processo eleitoral autárquico.<ref>Afonso Dhlakama. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2014. [Consult. 2014-05-13].
Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$afonso-dhlakama></ref>
Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$afonso-dhlakama></ref>


Contudo, como resultado do não cumprimento do [[Acordo Geral de Paz]] pelo governo, houve degradação da infraestrutura e dos órgãos do estado, como fruto da sua partidarização, o que levou a sua descredibilização. Contrariamente ao previsto nos protocolos do [[Acordo Geral de Paz]], as Forças de Defesa e Segurança (FSD), o sistema judicial, conselho constitucional, e outros órgaos de soberania foram partidarizados. Estes aspectos, e sucessivas irregularidades nos processos eleitorais, e ridicularização da oposição e de todos os cidadaos críticos ao regime, levaram o lider da RENAMO, o presidente Afonso Dhlakama, a abandonar a capital do país, onde residia, e deslocar-se para Nampula, província nortenha de Moçambique.<ref>http://www.verdade.co.mz/destaques/democracia/44828-guebuza-e-que-fomenta-a-partidarizacao-do-estado</ref><ref>http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2014/03/guebuza-%C3%A9-que-fomenta-a-partidariza%C3%A7%C3%A3o-do-estado.html</ref> Após um dialogo fracassado com o Armando Emilio Guebuza, atual presidente do pais (e da FRELIMO), o governo envio forças militares e paramilitares para as proximidades da sua residência, na cidade de Nampula. Este e outros acontecimentos levaram a que o líder da RENAMO abandonasse mais uma vez a sua residência na cidade de Nampula, tendo-se dirigido para o seu quartel general no povoado de Sathundjira, localidade de Vunduizi, distrito de Gorongosa, na província central de Sofala.<ref>Afonso Dhlakama. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2014. [Consult. 2014-05-13].
Contudo, como resultado do não cumprimento do [[Acordo Geral de Paz]] pelo governo, houve degradação da infraestrutura e dos órgãos do estado, como fruto da sua partidarização, o que levou a sua descredibilização. Contrariamente ao previsto nos protocolos do [[Acordo Geral de Paz]], as Forças de Defesa e Segurança (FSD), o sistema judicial, conselho constitucional, e outros órgãos de soberania foram partidarizados. Estes aspectos, e sucessivas irregularidades nos processos eleitorais, e ridicularização da oposição e de todos os cidadãos críticos ao regime, levaram o líder da RENAMO, o presidente Afonso Dhlakama, a abandonar a capital do país, onde residia, e deslocar-se para Nampula, província nortenha de Moçambique.<ref>http://www.verdade.co.mz/destaques/democracia/44828-guebuza-e-que-fomenta-a-partidarizacao-do-estado</ref><ref>http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2014/03/guebuza-%C3%A9-que-fomenta-a-partidariza%C3%A7%C3%A3o-do-estado.html</ref> Após um dialogo fracassado com o Armando Emilio Guebuza, atual presidente do pais (e da FRELIMO), o governo envio forças militares e paramilitares para as proximidades da sua residência, na cidade de Nampula. Este e outros acontecimentos levaram a que o líder da RENAMO abandonasse mais uma vez a sua residência na cidade de Nampula, tendo-se dirigido para o seu quartel general no povoado de Sathundjira, localidade de Vunduizi, distrito de Gorongosa, na província central de Sofala.<ref>Afonso Dhlakama. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2014. [Consult. 2014-05-13].
Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$afonso-dhlakama></ref>
Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$afonso-dhlakama></ref>


Surpreendendo a todos, no dia 21 de Outubro de 2013 as FDS atacaram o seu quartel-general, obrigando o líder da RENAMO a se refugiar, estando atualmente num local incerto.<ref>http://www.jn.pt/PaginaInicial/Mundo/Palops/Interior.aspx?content_id=3494626</ref> No entanto, outros dirigentes séniores da RENAMO, permaneceram na cidade de Maputo, os quais têm se engajado em um tenso dialogo político com representantes do governo. No âmbito deste diálogo, alguns acordos históricos, previstos nos nos protocolos do [[Acordo Geral de Paz]],<ref>http://www.verdade.co.mz/vozes/37-hora-da-verdade/37066-sobre-o-acordo-geral-de-paz-e-as-exigencias-da-renamo</ref><ref>http://www.noticias.mozmaniacos.com/2012/10/chissano-burlou-dhlakama-na-assinatura.html#axzz31F8GwcXs</ref> já foram alcançados. Contudo, mesmo com aparente sucesso no dialogo, o governo tem se engajado em investidas militares, interpretadas por certos setores como tentativas de assassinar o líder do maior partido da oposição, e assim perpetuar-se no poder ou garantir o seu sucesso em eleições não transparentes. Estes setores acreditam que certos círculos do governo tem visto a liquidação física do líder da RENAMO como uma forma rápida de enfraquecer a oposição política. Esta crença é consubstanciada pela cada vez mais evidente baixa aceitação da FRELIMO, sobretudo no seio nos jovens, conforme demonstraram as últimas eleições autarquicas. Além do investimento militar, o governo e a família de Armando Emílio Guebuza têm investido em outras ações visando controlar os meios de comunicação, incluindo intimidação e aquisição de ações. Alguns canais de televisão, anteriormente conhecidos como críticos ao governo, nos últimos dias têm reportado noticiais e promovido debates parciais e favoráveis ao governo. Estes aspectos têm sido descritos por muitos setores da sociedade civil como uma ameaça séria à consolidação da democracia em Moçambique.<ref>http://debatesedevaneios.blogspot.com/</ref>
Surpreendendo a todos, no dia 21 de Outubro de 2013 as FDS atacaram o seu quartel-general, obrigando o líder da RENAMO a se refugiar, estando atualmente num local incerto.<ref>http://www.jn.pt/PaginaInicial/Mundo/Palops/Interior.aspx?content_id=3494626</ref> No entanto, outros dirigentes seniores da RENAMO, permaneceram na cidade de Maputo, os quais têm se engajado em um tenso dialogo político com representantes do governo. No âmbito deste diálogo, alguns acordos históricos, previstos nos nos protocolos do [[Acordo Geral de Paz]],<ref>http://www.verdade.co.mz/vozes/37-hora-da-verdade/37066-sobre-o-acordo-geral-de-paz-e-as-exigencias-da-renamo</ref><ref>http://www.noticias.mozmaniacos.com/2012/10/chissano-burlou-dhlakama-na-assinatura.html#axzz31F8GwcXs</ref> já foram alcançados. Contudo, mesmo com aparente sucesso no dialogo, o governo tem se engajado em investidas militares, interpretadas por certos setores como tentativas de assassinar o líder do maior partido da oposição, e assim perpetuar-se no poder ou garantir o seu sucesso em eleições não transparentes. Estes setores acreditam que certos círculos do governo tem visto a liquidação física do líder da RENAMO como uma forma rápida de enfraquecer a oposição política. Esta crença é consubstanciada pela cada vez mais evidente baixa aceitação da FRELIMO, sobretudo no seio nos jovens, conforme demonstraram as últimas eleições autárquicas. Além do investimento militar, o governo e a família de Armando Emílio Guebuza têm investido em outras ações visando controlar os meios de comunicação, incluindo intimidação e aquisição de ações. Alguns canais de televisão, anteriormente conhecidos como críticos ao governo, nos últimos dias têm reportado noticiais e promovido debates parciais e favoráveis ao governo. Estes aspectos têm sido descritos por muitos setores da sociedade civil como uma ameaça séria à consolidação da democracia em Moçambique.<ref>http://debatesedevaneios.blogspot.com/</ref>


No dia 8 de Maio de 2014, beneficiando do adiamento do término do período de recenseamento eleitoral, o líder da RENAMO recenseou-se, após um longo periodo de incertezas sobre o seu paradeiro e/ou se ainda estava vivo.<ref>http://www.folhademaputo.co.mz/001.aspx?dqa=0:0:14321:2:0:0:-1:0:0&chnl=37</ref> Contudo, embora este acontecimento tenha trazido algum alivio para a sociedade moçambicana e comunidade internacional, o fim das hostilidades com as forças governamentais ainda está longe do fim.<ref>http://www.verdade.co.mz/tema-de-fundo/35-themadefundo/46070-dlhakama-ja-se-recenseou</ref> Mesmo com declarações de cessar fogo por parte da RENAMO, o governo tem investido em ações militares, o que reforça as crenças de que a intenção é eliminar físicamente Afonso Dhlakama, para enfraquecer a oposição e, deste modo, aliviar a pressão política que o a FRELIMO tem sofrido, devido a baixa reputação do atual presidente, má governação, e baixa popularidade da FRELIMO e do seu candidato, Filipe Nyussi, para as eleições previstas para Outubro de 2014.<ref>http://opais.sapo.mz/index.php/politica/63-politica/29449-renamo-suspende-ataques-militares-em-gorongosa.html</ref>
No dia 8 de Maio de 2014, beneficiando do adiamento do término do período de recenseamento eleitoral, o líder da RENAMO recenseou-se, após um longo período de incertezas sobre o seu paradeiro e/ou se ainda estava vivo.<ref>http://www.folhademaputo.co.mz/001.aspx?dqa=0:0:14321:2:0:0:-1:0:0&chnl=37</ref> Contudo, embora este acontecimento tenha trazido algum alivio para a sociedade moçambicana e comunidade internacional, o fim das hostilidades com as forças governamentais ainda está longe do fim.<ref>http://www.verdade.co.mz/tema-de-fundo/35-themadefundo/46070-dlhakama-ja-se-recenseou</ref> Mesmo com declarações de cessar fogo por parte da RENAMO, o governo tem investido em ações militares, o que reforça as crenças de que a intenção é eliminar fisicamente Afonso Dhlakama, para enfraquecer a oposição e, deste modo, aliviar a pressão política que o a FRELIMO tem sofrido, devido a baixa reputação do atual presidente, má governação, e baixa popularidade da FRELIMO e do seu candidato, Filipe Nyussi, para as eleições previstas para Outubro de 2014.<ref>http://opais.sapo.mz/index.php/politica/63-politica/29449-renamo-suspende-ataques-militares-em-gorongosa.html</ref>


[[Categoria:Políticos de Moçambique]]
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Revisão das 16h14min de 21 de maio de 2014

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Afonso Macacho Marceta Dhlakama (Mangunda, Sofala, 1 de Janeiro de 1953), é um político e militar revolucionário e líder da RENAMO (Resistência Nacional Moçambicana), o principal partido político da oposição em Moçambique.[1]

Início da vida e carreira militar

Em 1974, após a Revolução do 25 de abril em Portugal e, consequentemente, o fim da guerra colonial, o jovem ingressou na FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique). No entanto, pouco tempo depois abandonou esse movimento para se tornar, em 1976, um dos fundadores da RNM (Resistência Nacional de Moçambique), um movimento rebelde que levou a cabo uma guerra civil contra o regime marxista-leninista e monopartidário, instalado pela FRELIMO logo após a independência de Moçambique. Esta guerra durou 16 anos e a RENAMO teve apoio do regime minoritário da então Rodesia do Sul [2], enquanto a FRELIMO contava com o apoio da República popular da China e da antiga URSS (União das repúblicas Socialistas Soviéticas). Após a morte do primeiro presidente da RENAMO, André Matsangaíssa, em combate, e depois de uma luta pela sucessão, Dhlakama tornou-se presidente deste movimento de oposição ao regime, que se começou a designar RENAMO.[3] A guerra civil em Moçambique, que envolvia a FRELIMO (no Governo), e a RENAMO (na oposição), durou 16 anos, durante os quais Dhlakama se manteve a combater. Em 1984 a República Popular de Moçambique, liderada pela FRELIM0, e a República da África do Sul, liderada pelo regime minoritário do Apartheid, assinaram o Acordo de Nkomati que previa que cada país acabasse com o apoio aos movimentos armados de oposição do outro e assim eventualmente terminar com a guerra, mas o acordo fracassou.[4]

Pós-guerra e carreira política

Depois de, em 1990, o governo moçambicano ter adotado uma Constituição que instaurava o multipartidarismo, Dhlakama assinou um acordo de paz com o presidente do país, Joaquim Chissano (líder da FRELIMO), a 4 de outubro de 1992, em Roma, na Itália. Após longo período de negociação, a 4 de Outubro de 1992 assinou com Joaquim Chissano (na altura Presidente de Moçambique), em Roma, o Acordo Geral de Paz, pondo fim a uma guerra civil que durou cerca de 16 anos e que destruiu a economia e infraestruturas do país, tendo provocado centenas de milhares de mortos.[5] Desde então a RENAMO passou a ser um partido político, o segundo maior partido político de Moçambique. A assinatura do Acordo Geral de Paz criou alicerces para a instauração de democracia e a realização das primeiras eleições multipartidarias, abandono da política comunista, e liberalização do mercado e da economia.

Em outubro de 1994, Dhlakama concorreu às primeiras eleições presidenciais de Moçambique, mas só obteve 33,7 % dos votos, contra 53,3% de Chissano. Nas eleições legislativas, a RENAMO também perdeu ao somar 37,7 % dos votos, contra os 44,3% da FRELIMO. Em 1998 reuniu com Chissano para debater a situação no país. Em dezembro de 1999 voltaram a realizar-se eleições presidenciais e de novo Dhlakama perdeu para Chissano. Desta vez a margem foi menor já que o líder da RENAMO somou 47,71 % e o da FRELIMO 52,29%. A RENAMO contestou a validade destas eleições e, cerca de um ano depois, em novembro de 2000, houve violentas manifestações por todo o país, fomentadas pela RENAMO. Dhlakama e Chissano reuniram antes do final do ano, mas logo no início de 2001, o líder da RENAMO reafirmou que não reconhecia o seu homólogo da FRELIMO como presidente da República de Moçambique. Acusou o governo de organizar massacres no norte do país. Entretanto, nunca deixou de pedir a recontagem dos votos das eleições legislativas e presidenciais de 1999. A 19 de novembro de 2003,a RENAMO perdeu novamente para a FRELIMO. Afonso Dhlakama solicitou, mais uma vez, ao Conselho Constitucional Moçambicano, a impugnação dos resultados, alegando irregularidades no processo eleitoral autárquico.[6]

Contudo, como resultado do não cumprimento do Acordo Geral de Paz pelo governo, houve degradação da infraestrutura e dos órgãos do estado, como fruto da sua partidarização, o que levou a sua descredibilização. Contrariamente ao previsto nos protocolos do Acordo Geral de Paz, as Forças de Defesa e Segurança (FSD), o sistema judicial, conselho constitucional, e outros órgãos de soberania foram partidarizados. Estes aspectos, e sucessivas irregularidades nos processos eleitorais, e ridicularização da oposição e de todos os cidadãos críticos ao regime, levaram o líder da RENAMO, o presidente Afonso Dhlakama, a abandonar a capital do país, onde residia, e deslocar-se para Nampula, província nortenha de Moçambique.[7][8] Após um dialogo fracassado com o Armando Emilio Guebuza, atual presidente do pais (e da FRELIMO), o governo envio forças militares e paramilitares para as proximidades da sua residência, na cidade de Nampula. Este e outros acontecimentos levaram a que o líder da RENAMO abandonasse mais uma vez a sua residência na cidade de Nampula, tendo-se dirigido para o seu quartel general no povoado de Sathundjira, localidade de Vunduizi, distrito de Gorongosa, na província central de Sofala.[9]

Surpreendendo a todos, no dia 21 de Outubro de 2013 as FDS atacaram o seu quartel-general, obrigando o líder da RENAMO a se refugiar, estando atualmente num local incerto.[10] No entanto, outros dirigentes seniores da RENAMO, permaneceram na cidade de Maputo, os quais têm se engajado em um tenso dialogo político com representantes do governo. No âmbito deste diálogo, alguns acordos históricos, previstos nos nos protocolos do Acordo Geral de Paz,[11][12] já foram alcançados. Contudo, mesmo com aparente sucesso no dialogo, o governo tem se engajado em investidas militares, interpretadas por certos setores como tentativas de assassinar o líder do maior partido da oposição, e assim perpetuar-se no poder ou garantir o seu sucesso em eleições não transparentes. Estes setores acreditam que certos círculos do governo tem visto a liquidação física do líder da RENAMO como uma forma rápida de enfraquecer a oposição política. Esta crença é consubstanciada pela cada vez mais evidente baixa aceitação da FRELIMO, sobretudo no seio nos jovens, conforme demonstraram as últimas eleições autárquicas. Além do investimento militar, o governo e a família de Armando Emílio Guebuza têm investido em outras ações visando controlar os meios de comunicação, incluindo intimidação e aquisição de ações. Alguns canais de televisão, anteriormente conhecidos como críticos ao governo, nos últimos dias têm reportado noticiais e promovido debates parciais e favoráveis ao governo. Estes aspectos têm sido descritos por muitos setores da sociedade civil como uma ameaça séria à consolidação da democracia em Moçambique.[13]

No dia 8 de Maio de 2014, beneficiando do adiamento do término do período de recenseamento eleitoral, o líder da RENAMO recenseou-se, após um longo período de incertezas sobre o seu paradeiro e/ou se ainda estava vivo.[14] Contudo, embora este acontecimento tenha trazido algum alivio para a sociedade moçambicana e comunidade internacional, o fim das hostilidades com as forças governamentais ainda está longe do fim.[15] Mesmo com declarações de cessar fogo por parte da RENAMO, o governo tem investido em ações militares, o que reforça as crenças de que a intenção é eliminar fisicamente Afonso Dhlakama, para enfraquecer a oposição e, deste modo, aliviar a pressão política que o a FRELIMO tem sofrido, devido a baixa reputação do atual presidente, má governação, e baixa popularidade da FRELIMO e do seu candidato, Filipe Nyussi, para as eleições previstas para Outubro de 2014.[16]

Referências

  1. Afonso Dhlakama. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2014. [Consult. 2014-05-13].Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$afonso-dhlakama>
  2. http://www.clingendael.nl/sites/default/files/20060600_cru_working_paper_37_pt.pdf Projecto de Transição Democrática nas Sociedades em situação de pós-conflito, Apoio a Democratização a Moçambique Pós-Conflicto, pg 2
  3. http://wiki.verkata.com/pt/wiki/RENAMO Resistência Nacional Moçambicana
  4. http://noticias.sapo.mz/info/artigo/1273387.html Cronologia 16 anos de guerra e 20 anos de paz em Moçambique
  5. http://epm-celp.blogspot.com/2007/10/4-de-outubro-dia-do-acordo-geral-de-paz.html
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