André Cagua

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São André Cagua
Mártir
Morte 1886
Munionio
Veneração por Igreja Católica
Festa litúrgica 3 de junho
Portal dos Santos

André Cagua (em luganda: Kaggwa; fl. 1855/1886) foi um dos mártires a serem mortos a mando do cabaca Muanga II (r. 1884–1888) do Reino de Buganda, na atual Uganda.

Vida[editar | editar código-fonte]

André era membro da tribo nioro. Quando jovem, foi capturado e levado escravo por um bando de Ganda que saqueavam na fronteira de Bugangadezi e foi dado de presente ao cabaca Mutesa I (r. 1857–1884) como sua parte do espólio. Se tornou pajem real e sua alegria e bondade o fizeram favorito entre seus colegas. Ainda era pajem quando o explorador Henry Morton Stanley visitou Buganda em 1875. O cabaca deu a Cagua os tambores europeus que recebeu de Stanley para que aprendesse a tocar com Toli, a partir do qual se aproximou do islamismo.[1]

Muanga II (r. 1884–1888)

Foi talvez através de Toli que Cagua também se aproximou dos missionários católicos, resultando em sua ingressão no catecumenato em junho de 1880 e na frequentação de aulas bíblicas ministradas pelo missionário anglicano Alexander Mackay. Aos 25 anos, foi nomeado percussionista mestre do rei e era encarregado de outros 15 percussionistas. Pouco depois, tornou-se diretor da banda e encarregado de todos os músicos da corte, incluindo os corneteiros e tocadores de pratos. Foi-lhe dado um pedaço de terra em Natete, não muito longe da capital, onde construiu uma casa, na qual depois do seu casamento viveu com a sua esposa Clara Batude. Foi batizado em 30 de abril de 1882. Dois anos mais tarde, a peste atingiu a capital e Cagua cuidava dos moribundos e catecúmenos abandonados.[1]

Com a fuga missionários católicos, instruiu, batizou (por exemplo Jaime Buzabaliauo) e enterrou os mortos. Mutesa morreu em outubro de 1884 e foi sucedido por Muanga II (r. 1884–1888), com quem muitos servos reais tinham relação íntima desde quando era príncipe, como era o caso de Cagua, que não só foi nomeado o chefe da banda, mas recebeu título de Mugoua, com autoridade sob toda a milícia da qual os membros da banda eram recrutados; o nome estava ligado à única banda de tipo europeu no leste da África e que pertencia ao sultão de Zanzibar e era formada por músicos de Goa, na Índia. Ainda recebeu terra próximo do monte Quiuatule, que se chamou Quigoua, e se tornou um dos favoritos do cabaca, o seguindo em caçadas e expedições de navegação.[1]

Quando perseguição aos cristão eclodiu em 25 de maio de 1886, Muanga estava em Munionio, onde sentenciou à morte Carlos Luanga e vários pajens. No dia seguinte, o chanceler Mucassa lembrou-o que Cagua ainda estava livre, mas o cabaca respondeu que não podia se dar ao luxo de perder seu percursionista. Com isso, Mucassa respondeu que era Cagua o principal difusor do cristianismo aos pajens reais e outros servos e ameaçou entrar em greve de fome até que pudesse matá-lo. Muanga acatou, mas sentiu-se envergonhado de anunciar pessoalmente a sentença.[1]

Mensageiros foram informá-lo da sentença, no entanto Cagua já estava ciente e havia se preparado, recebendo a Eucaristia durante a manhã e voltando a seu posto em Munionio. Os emissários exigiram que entregasse os cristãos de sua casa, todavia respondeu que era o único. Ao chegar à casa de Mucassa, foi interrogado e severamente repreendido por ter ensinado o catecismo, inclusivo aos seus filhos, e ordenou: "Levem-no daqui e matem-no. Tragam-me um braço dele para provar que vocês executaram o trabalho. Não comerei até que o veja". Os executores tentaram retardar a execução, esperando a intervenção real, contudo Cagua lhes pediu que o matassem logo e levassem o braço. Testemunhas do martírio disseram que vestia um manto de fibras vegetais sobre uma vestimenta branca e que segurava um livro em sua mão. Teria pedido para que não fosse deixado nu, o que foi atendido. Diz-se que as únicas palavras que exclamou foram "Meu Deus" e então foi abatido. Seu corpo foi desmembrado e os cristãos enterraram os restos no local onde morreu, que não fica longe do moderno Seminário Católico Superior de Gegaba. Por muitos anos, uma placa de cimento e uma cruz marcaram o ponto, mas depois foram substituídas por uma igreja. Cogua foi beatificado em 1920 pelo papa Bento XV e canonizado pelo papa Paulo VI em 1964.[1]

Referências

  1. a b c d e Shorter 2003.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

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