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Antropologia biológica

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A antropologia física, atualmente designada por antropologia biológica ou bioantropologia, estuda o comportamento e a biologia dos seres humanos, nossos parentes primatas não humanos e seus ancestrais hominídeos extintos dentro de uma perspectiva biológica evolutiva.[1] Um tema comumente estudado é a origem humana e a sua trajetória evolutiva, desde os primeiros ancestrais humanos, suas formas de adaptação ao meio ambiente, até toda a diversidade populacional dos dias de hoje[2]

Antropologia física era a forma antiga que era conhecida a disciplina no séc. XIX, antes mesmo da publicação da Origem das Espécies (1859), de Darwin. Essa disciplina é um ramo da Antropologia, que foi um termo criado por Franz Boas. A antropologia física estuda o aspecto físico do ser humano, suas medidas de ossos, proporção entre os membros do corpo, cor da pele, entre outras características visíveis.[3]

A antropologia física, em seu começo, tinha um caráter descritivo, buscando explicar as variações físicas observadas em diferentes populações humanas nas formas de “raças”. Medidas do crânio, como o índice cefálico, prognatismo facial, entre outras, eram usadas para agrupar humanos no modelo de cinco raças.[4]

Muitas dessas medidas cranianas foram usadas de forma distorcida por frenologistas a fim de classificar raças humanas em uma hierarquia, onde a raça branca seria considera a mais superior e a negra a mais inferior. As diferenças nas medidas cranianas das raças seriam traduzidas, para esse frenologistas, em diferentes capacidades de intelecto. Porém, muitos pesquisadores da época já apontavam para a falta de evidencias reais para esses tipos de generalizações, como Rivet, Boas, Montagu e Washburn.[5] Até mesmo Blumenbach, considerado o criador da craniologia e da determinação racial baseado em medidas cranianas, admitia que o conceito classificação racial poderia ser arbitraria.[6]

Comparando a utilização da antropometria da antiga e nova antropologia física Washburn, 1953[7] estima que na antiga utilizava-se 80 por cento de medições antropométricas auxiliada por comparações morfológicas e atualmente, talvez 20 por cento de mensurações suplementadas por ampla variedade de técnicas adaptadas à solução de problemas particulares. O objetivo dessa disciplina como um todo, segundo esse autor, permaneceu o mesmo através do tempo: ...a compreensão e interpretação da evolução humana... contudo resultado imediato de cada investigação será de limitado valor para o objetivo geral, circunscrito a problemas específicos (raça, constituição, homem fóssil, etc.) mais voltado para consolidação de hipóteses do que para novas especulações.

A partir da neurociência estudos da sociobiologia, da etologia, da primatologia e propriamente da antropologia evolucionista podemos descrever com mais precisão algumas características de nossa espécie e os problemas adaptativos enfrentados pelos nossos ancestrais.[8][9]

Assim, com a incorporação da evolução biológica na antropologia física, temos a antropologia biológica, que entre seu leque de temas de estudo, expande para a evolução do ser humano, desde o seu surgimento no continente africano até seu povoamento do mundo inteiro. Características tipicamente humanas, que surgiram entre 6 e 2 milhões de anos atrás, como o bipedalismo, a fala e um cérebro maior nos deram vantagens para melhor sobreviver em um ambiente aberto como a savana africana. Atributos esses que nos permitiram lutar contra predadores, caçar de forma organizada e buscar recursos em distância maiores propiciaram também que conquistássemos outros ambientes fora da África.[2]

Essas características humanas são herdáveis de forma genética, e por isso é inerente a toda espécie humana. Porém, temos outra importante característica humana, e que está dentro do escopo evolutivo, mas não é herdável de forma biológica, que é a cultura. A cultura aqui é entendida como um comportamento aprendido, compartilhado com outras pessoas, que pode ser usado para se adaptar às condições adversas do meio ambiente. Esse comportamento pode ser traduzido desde o uso de ferramentas de pedra, controle do fogo, roupas e utensílios diário, até a alta tecnologia de hoje em dia; mas também a linguagem, a música e as tradições sociais, que controlam o comportamento da sociedade desde tempos pré-históricos.[1]

Todos esses aspectos culturais tiveram suma importância em nos ajudar a sobreviver no meio ambiente, que moldou nossa evolução no sentido de sermos seres culturais e sociais. Não nascemos sabendo a falar ou a tear uma roupa de lã para sobreviver ao inverno, mas o cérebro humano está adaptado para ter alguém para nos ensinar a falar e a termos, por exemplo, uma roupa quente para sobreviver ao ambiente frio. O ser humano evolutivamente está predisposto a cultura, de tal forma que a abordagem biocultural está intrinsecamente ligada à nossa evolução.[2]

Paleoantropólogos de renome

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Seleção de crânios de Primatas.
Síntese evolutiva moderna aplicada à evolução humana.

Referências

  1. a b R, Jurmain (2016). Introduction to Physical Anthropology. Belmont, CA: Cengage Learning 
  2. a b c LARSEN, Clark (2015). Essentials of physical anthropology: Discovering our origins. [S.l.]: WW Norton 
  3. LARSEN, Clark (2023). «The Breadth and Vision of Biological Anthropology». A companion to biological anthropology. [S.l.]: John Wiley & Sons 
  4. BUIKSTRA, Jane (2006). «Chapter 1: A Historical Introduction». Bioarchaeology. The Contextual Analysis of Human Remains. Burlington, MA: Elsevier 
  5. MARTIN, Debra (2002). «The Practice of Bioarchaeology». Bioarchaeology: An Integrated Approach to Working with Human Remains. [S.l.]: Springer 
  6. BUIKSTRA, Jane (2006). «Chapter 2: The Old Physical Anthropology and the New World: A Look at the Accomplishments of an Antiquated Paradigm». Bioarchaeology. The Contextual Analysis of Human Remains. [S.l.]: Elsevier 
  7. WASHBURN, S.L. A antropologia física e sua estratégia atual. in: MUSSOLINI, Giaconda (org). Evolução, raça e cultura: leituras de antropologia física. SP, Editora Nacional, 1978
  8. Hawks, J. (2013). How Has the Human Brain Evolved over the Years? Scientific American Mind, 24, 76.
  9. Hattori, Wallisen T.; Yamamoto, Maria E. Evolução do comportamento humano: Psicologia evolucionista. Estud. Biol., Ambiente Divers. Julho/Dezembro v. 34 n. 83 Jul./Dez. 2012 http://www2.pucpr.br/reol/index.php/BS/view/?dd1=7323 aces. 13/05/2018
  • DARWIN, Charles. A origem do homem e a seleção sexual. PR, Hemus, 2002 Google Livros Jul. 2011
  • DAWKINS, Richard. A grande história da evolução. Na trilha de nossos ancestrais. SP, Companhia das Letras, 2009
  • JURMAIN,Robert; KILGORE, Lynn; TREVATHAN, Wenda; Essentials of Physical Anthropology. Belmont, CA, Wadsworth, 2009 Google Books Dez. 2011
  • LEAKEY, E. Richard. Origens, o que as novas descobertas revelam sobre o aparecimento de nossa espécie e seu possível futuro. SP/ DF, Melhoramentos Uiversidade de Brasília, 1981
  • GRINE, Frederick E.; FLEAGLE,John G.; LEAKEY, Richard E. The First Humans: Origin and Early Evolution of the Genus Homo. NY, Springer, 2009 Google Books Jul.2011
  • MURPHY, Timothy; F.; LAPPÉ, Marc. Justice and the human genome project. CA, California Press, 1994 Google Books Dez. 2011
  • NEVES, Walter. Um esqueleto incomoda muita gente-. São Paulo: Unicamp, 2013.
  • SAILLANT,Francine; GENEST, Serge. Medical anthropology: regional perspectives and shared concerns. USA, Blackwell Publishing LTD, 2007 Google Book Dez. 2011

Ligações externas

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