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Aretê

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Escultura de Aretê em Éfeso

Aretê ou areté[1] (do grego ἀρετή aretê,ês, "adaptação perfeita, excelência, virtude") é uma palavra de origem grega que expressa o conceito grego de "excelência" de qualquer tipo, ligado especialmente à noção de "virtude moral",[2] de cumprimento do propósito ou da função a que o indivíduo se destina.

No sentido grego, a virtude coincide com a realização da própria essência, e portanto a noção se estende a todos os seres vivos. Segundo Sócrates, a virtude é fazer aquilo que a que cada um se destina. Aquilo que no plano objetivo é a realização da própria essência, no plano subjetivo coincide com a própria felicidade.

Na Grécia Antiga, aretê significava também a coragem e a força de enfrentar todas as adversidades, e era uma virtude a que todos aspiravam.

A raiz da palavra é a mesma de aristos, que originou aristocracia, que significa habilidade ou superioridade, e era constantemente usada para denotar nobreza. O termo era aplicado para qualquer coisa, desde a descrição da boa fatura de um objeto utilitário até para indicar o cidadão exemplar e o herói, mas em todos os casos a aretê de cada um envolvia valores diferentes.

Em torno do século IV a.C., aretê passou a incorporar outros atributos, como dikaiosyne (justiça), e sophrosyne (moderação e autocontrole). Platão incorporou esses novos significados tentando estabelecer uma nova definição para aretê, Aristóteles ampliou seu trabalho e o conceito teve importantes repercussões no pensamento cristão.

Aretê foi também importante elemento na paideia grega, o conceito de educação integral para a formação de um cidadão virtuoso e capaz de desempenhar qualquer função na sociedade. O treinamento na aretê envolvia educação física, oratória, retórica, ciência, música e filosofia, além de educação espiritual.

Aretê era ocasionalmente personificada como uma deusa. Na genealogia de Mnáseas, ela foi descrita como irmã de Homonoia (Concórdia - de homo, mesma, uma; nous, mente[3]) e Ctésios, filha de Praxidike, a Justiça, com seu irmão Zeus Sóter.[4] Aretê e Homonoia eram conhecidas como Praxidikai, as executoras da Justiça.[5] Aretê como uma deusa aparece no mito de Hércules e oferece a ele a opção de seguir uma vida de atribulações, mas gloriosa, enquanto que seu oposto, Kakia, lhe oferecia prazer e riqueza. Hércules escolhe então aceitar a oferta de Aretê.

Referências

  1. Melo, António (1996). «A areté helénica nos jogos olímpicos». Revista Portuguesa de Filosofia. 52 (1/4): 523–537. ISSN 0870-5283 
  2. Liddell, H.G. Scott, R. (1940). A Greek–English Lexicon, 9th ed. Oxford. s.v. ἀρετή.
  3. Huppes-Cluysenaer, Liesbeth; Coelho, Nuno M. M. S. (13 de fevereiro de 2018). Aristotle on Emotions in Law and Politics (em inglês). [S.l.]: Springer 
  4. Berti, Irene (1 de junho de 2018). «Praxidike, le Praxidikai e la giustizia degli dei.». In: Camia, Francesco; Monaco, Lavinio Del; Nocita, Michela. Munus Laetitiae: Studi miscellanei offerti a Maria Letizia Lazzarini (em italiano). [S.l.]: Sapienza Università Editrice 
  5. «PRAXIDICAE (Praxidikai) - Greek Goddesses of Exacting Justice». www.theoi.com. Consultado em 14 de julho de 2020 
  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Arete», especificamente desta versão.