Asócio Sérgio Arzerúnio
Asócio Sérgio | |
---|---|
Príncipe de Vaspuracânia | |
887-896 (com Cacício ) 898-903 (sozinho) | |
Antecessor(a) | Gregório Derenício (1ª vez) Cacício Abu Maruane (2ª vez) |
Sucessor(a) | Cacício Abu Maruane (1ª vez) Cacício I (2ª vez) Gurgenes II (2ª vez) |
Nascimento | 874/877 |
Morte | 13 de novembro de 903 |
Nome completo | |
Սարգիս Աշոտ Արծրունի | |
Casa | Arzerúnio |
Pai | Gregório Derenício |
Mãe | Sofia Bagratuni |
Religião | Cristianismo |
Asócio Sérgio ou Sérgio Asócio Arzerúnio (em armênio/arménio: Սարգիս Աշոտ Արծրունի; romaniz.:Sargis Ashot Artsruni; n. 874/877 - m. 13 de novembro de 903) foi um príncipe armênio de Vaspuracânia da família Arzerúnio, tendo reinado o país de 887, quando assumiu com o falecimento de seu pai Gregório Derenício (r. 874–886/887) sob tutela de Cacício Abu Maruane, até seu falecimento em 903.
Contexto[editar | editar código-fonte]
Desde fins do século VII a Armênia era uma província sob domínio árabe liderada por um osticano (governador) árabe representando o califa omíada e depois abássida,[1] e tornar-se-ia campo de batalha entre o califado e o Império Bizantino até o início do século IX.[2] Para reforçar a sua autoridade, estes osticanos implementaram emires em diversas regiões armênias; em Vaspuracânia, província histórica situada ao sul e dominada pelos Arzerúnio, não houve exceção à regra.[3] A família, no entanto, se beneficiaria da autonomia dos emires locais e da oposição que criavam ao governador[3] e gradualmente expandiu seus domínios: em 850 e sem que se saiba exatamente como, os Arzerúnio eram ixicanos (príncipes) de Vaspuracânia.[4] A aquisição da Armênia pelo turco Buga Alquibir em nome do califa Mutavaquil (r. 847–861) pelos anos 850 afetou muitas famílias nacarares (principescas), incluindo os Arzerúnio.[5]
Vida[editar | editar código-fonte]
Asócio Sérgio nasceu entre 874 e 877 e era filho mais velho do príncipe de Vaspuracânia Gregório Derenício com sua esposa Sofia Bagratuni, filha do rei da Armênia Asócio I, o Grande (r. 856–890).[6] Gregório Derenício foi morto em 877 numa emboscada quando tentava submeter o emir de Her, deixando Asócio Sérgio e seus irmãos Cacício I e Gurgenes II, que foram colocados sob regência dum membro da família, Cacício Abu Maruane,[7] que havia sido designado por Asócio I, mesmo embora fosse rejeitado pela nobreza, por ter combatido ao lado de Gregório Derenício.[8] O regente tentou reclamar a herança dos irmãos, provavelmente com ajuda de seu tio, Simbácio I (r. 890–914), que havia sucedido seu pai Asócio I,[7] uniu Asócio Sérgio a sua própria filha Seda e impôs a troca de territórios desfavoráveis.[9]
Em 895, o emir sájida do Azerbaijão e representante do califa abássida Almutâmide (r. 870–892), Maomé Alafexim (r. 889/890–901), na tentativa de dividir as dinastias armênias, entrou em contato com Asócio Sérgio e, posteriormente, convenceu-o a aceitar sua suserania.[10] Muito descontente, Simbácio I apoiou o regente[11] e solicitou que ele e Gurgenes I, um nobre cadete dos Arzerúnio, atacassem Asócio Sérgio. Na véspera da batalha entre os dois campos, Cacício se reconciliou com Asócio Sérgio e Gurgenes bateu em retirada.[12] Simbácio I então autorizou que Cacício Abu Maruane prendesse os três príncipes[7] e foi confirmado com o título de príncipe de Vaspuracânia em 896/897 pelo irmão e condestável do monarca, Sapor, que era, por sua vez, padrasto do novo príncipe.[13] Cacício permaneceria no trono até 898, quando foi assassinado numa emboscada orquestrada por Cacício I, que havia sido recentemente libertado e estava presente em Van para assistir um desfile que celebrava uma vitória militar do regente.[7]
Com o falecimento de Cacício Abu Maruane, Asócio Sérgio reassumiu as rédeas do principado. Para confirmar sua fidelidade ao emir Maomé Alafexim, enviou seu irmão Cacício I como refém; após sete meses Cacício I foi substituído por seu irmão Gurgenes II, que acabou preferindo fugir devido aos maus-tratos sofridos. Maomé Alafexim invadiu Vaspuracânia e o príncipe foi obrigado a fugir diante do avanço inimigo, permitindo que o primeiro ocupasse o país antes de poder retornar para Barda, não antes de deixar um destacamento guarnecendo o país; a ocupação persistiria até 901,[14] quando Alafexim faleceu duma epidemia.[15] Com a partida das tropas muçulmanas, Asócio Sérgio dedicou-se a recuperação de seus domínios[16] e, em seguida, participou duma expedição de Simbácio I contra Siunique.[17] Ele faleceu aos 29 anos e sem herdeiros em 13 de novembro de 903[18] e Vaspuracânia foi dividida entre Cacício I e Gurgenes II.[19]
Referências
- ↑ Martin-Hisard 2007, p. 223.
- ↑ Martin-Hisard 2007, p. 231.
- ↑ a b Martin-Hisard 2007, p. 233.
- ↑ Martin-Hisard 2007, p. 235.
- ↑ Grousset 1947, p. 368.
- ↑ Cawley 2006–2014.
- ↑ a b c d Thierry 2007, p. 275.
- ↑ Grousset 1947, p. 389.
- ↑ Grousset 1947, p. 404.
- ↑ Grousset 1947, p. 405.
- ↑ Grousset 1947, p. 406.
- ↑ Grousset 1947, p. 403-407.
- ↑ Grousset 1947, p. 409.
- ↑ Grousset 1947, p. 416.
- ↑ Madelung 1975, p. 229.
- ↑ Grousset 1947, p. 418.
- ↑ Grousset 1947, p. 420.
- ↑ Toumanoff 1990, p. 103.
- ↑ Grousset 1947, p. 422.
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- Cawley, Charles (2006–2014). «Armenia - Kings of Vaspuracan (Arzerúnio)». Medieval Lands, Foundation for Medieval Genealogy
- Grousset, René (1947). História da Armênia das origens à 1071. Paris: Payot
- Madelung, W. (1975). «The Minor Dynasties of Northern Iran». In: Frye, R.N. The Cambridge History of Iran, Volume 4: From the Arab Invasion to the Saljuqs. Cambridge: Cambridge University Press
- Martin-Hisard, Bernadette (2007). «Domination arabe et libertés arméniennes (viie ‑ ixe siècle». In: Gérard Dédéyan. Histoire du peuple arménien. Tolosa: Privat. pp. 213–241. ISBN 978-2-7089-6874-5
- Thierry, Jean-Michel (2007). «Indépendance retrouvée : royaume du Nord et royaume du Sud (ixe ‑ xie siècle) — Le royaume du Sud : le Vaspourakan». In: Gérard Dédéyan. Histoire du peuple arménien. Tolosa: Privat. pp. 274–296. ISBN 978-2-7089-6874-5
- Toumanoff, Cyril (1990). Les dynasties de la Caucasie chrétienne de l'Antiquité jusqu'au xixe siècle : Tables généalogiques et chronologiques. Roma: Edizioni Aquila