Saltar para o conteúdo

Atão Genúnio

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Atão Genúnio
Etnia Armênio
Religião Catolicismo

Atão (em armênio: Ատոմ; romaniz.: Atom) foi um nobre armênio (nacarar) do século V, membro da família Genúnio.

Nome[editar | editar código-fonte]

O nome Atão (Ատոմ, Atom) tem origem incerta.[1] Foi registrado o nome de um cita, cuja leitura foi variadamente feita como Atamo (em grego: Αταμος) ou Atato (em grego: Ατατος), dada a semelhança entre ambas as letras na inscrição. Ferdinand Justi, ao defender a primeira leitura, assumiu ter relação com o nome Atão (Ատոմ, Atom).[2] Por outro lado, Hračʻya Ačaṙyan propôs a segunda leitura e assumiu ter relação com o nome Atato.[3]

Contexto[editar | editar código-fonte]

Dracma de Vararanes V (r. 420–438)

Em 428, os nacarares da Armênia peticionaram ao xainxá Vararanes V (r. 420–438) para que destronasse o rei Artaxias IV (r. 422–428) e abolisse a dinastia arsácida. Para governar o país, Vemir-Sapor foi nomeado como marzobã e e Baanes II foi designado à tenência real.[4] Vemir-Sapor morreu em 442, após uma administração considerada justa e liberal, na qual conseguiu manter a ordem sem ferir o sentimento nacional de frente. Vasaces I substituiu-o como marzobã.[5] Vararanes permitiu a manutenção do cristianismo, enquanto procurava acabar com a influência do Império Bizantino sobre a Igreja da Armênia ao anexá-la à Igreja do Oriente. Contudo, seu filho e sucessor, Isdigerdes II (r. 438–457), era um um pietista masdeísta e se comprometeu a impor o masdeísmo na Armênia, exigindo que a nobreza apostatasse e fundando templos de fogo sobre igrejas.[6]

Vida[editar | editar código-fonte]

Dracma de Isdigerdes II (r. 438–457)
Soldo de Teodósio II (r. 408–450)

Atão era irmão de Arrastão.[7] Esteve presente na reunião convocada em Artaxata em 446 pelo católico José I após Isdigerdes II[8][9] ter se recusado a aceitar as deliberações do Sínodo de Saapevã reunido em 444.[10][11] Pouco antes de 450, participou na embaixada de Maictes à corte de Constantinopla para solicitar apoio militar do imperador Teodósio II (r. 408–450) contra Isdigerdes II.[12][13] Ao retornar, esteve entre os nobres que mantiveram-se fieis a Vardanes, não aceitando seguir o pró-iraniano Vasaces I.[14][15] Com a derrota da rebelião após a Batalha de Avarair de 26 de maio de 451, Atão esteve entre os nobres que foram à corte persa de Ctesifonte, onde, perante Isdigerdes, fez acusações contra Vasaces I e suas atitudes ímpias e dúbias.[16] Depois disso, foi mantido em cativeiro na Hircânia com os demais armênios até 455.[17][18][19]

Após Avarair, os armênios foram constantemente chamados pelos iranianos para expedições militares distantes e foram obrigados a aceitar o crescente poder dos apóstatas. No contexto, receberam bem o apelo da revolta de Vactangue I (r. 447/9–502/22), que sublevou contra os persas.[20] Em 481, participou ao lado de Arrastão na revolta contra o Império Sassânida liderada por Baanes I na Armênia. Nesse ano, esteve na Batalha de Acori, que opôs um pequeno contingente de 400 revoltosos e um exército de sete mil soldados liderados pelo marzobã Adargusnas (465–481), onde liderou com Arrastão a ala direita das tropas de Baanes. Os irmãos quase conseguiram matar Gideão Siuni, um nobre armênio que aliou-se aos iranianos.[21] Em 482, também lutou na Batalha de Narseapate contra o grande exército iraniano liderado por Adanarses que foi concluída com uma grande vitória armênia.[22][23]

Referências

  1. Ačaṙyan 1942–1962, p. 253-254.
  2. Justi 1895, p. 48.
  3. Ačaṙyan 1942–1962, p. 252.
  4. Grousset 1973, p. 182-184.
  5. Grousset 1973, p. 187.
  6. Grousset 1973, p. 189-196.
  7. Settipani 2006, p. 325.
  8. Lázaro de Farpe 1985, p. 73 (II.73).
  9. Hovannisian 1997, p. 98.
  10. Grousset 1973, p. 191.
  11. Dédéyan 2007, p. 188.
  12. Grousset 1973, p. 196-199.
  13. Eliseu, o Armênio 1982, p. 122 e 184.
  14. Grousset 1973, p. 198-201.
  15. Eliseu, o Armênio 1982, p. 151.
  16. Eliseu, o Armênio 1982, p. 184.
  17. Lázaro de Farpe 1985, p. 159 (II.47).
  18. Eliseu, o Armênio 1982, p. 238, 301-302.
  19. Toumanoff 1989.
  20. Dédéyan 2007, p. 192.
  21. Lázaro de Farpe 1985, p. 235-236 (II.68-69).
  22. Lázaro de Farpe 1985, p. 246-252 (II.70-71).
  23. Chaumont 1986.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Ačaṙyan, Hračʻya (1942–1962). «Ատոմ». Hayocʻ anjnanunneri baṙaran [Dictionary of Personal Names of Armenians]. Erevã: Imprensa da Universidade de Erevã 
  • Eliseu, o Armênio (1982). Thomson, Robert W., ed. History of Vardan and the Armenian War. Cambridge, Massachussetes: Harvard University Press 
  • Grousset, René (1973) [1947]. Histoire de l'Arménie: des origines à 1071. Paris: Payot 
  • Hovannisian, Richard G. (1997). Armenian People from Ancient to Modern Times vol. I: The Dynastic Periods: From Antiquity to the Fourteenth Century. Nova Iorque: Palgrave Macmillan. ISBN 978-1-4039-6421-2 
  • Justi, Ferdinand (1895). Iranisches Namenbuch. Marburgo: N. G. Elwertsche Verlagsbuchhandlung 
  • Lázaro de Farpe (1985). Bedrosian, Robert, ed. Ghazar P'arpec'i's History of the Armenians. Nova Iorque: Sources of the Armenian Tradition 
  • Settipani, Christian (2006). Continuité des élites à Byzance durant les siècles obscurs. Les princes caucasiens et l'Empire du vie au ixe siècle. Paris: de Boccard. ISBN 978-2-7018-0226-8 
  • Toumanoff, Cyril (1989). «Amatuni». Enciclopédia Irânica Vol. I Fasc. 9. Nova Iorque: Columbia University Press