Avenida Eduardo Mondlane

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Avenida Eduardo Mondlane
Maputo,  Moçambique
Avenida Eduardo Mondlane
Vista da Avenida Eduardo Mondlane (2006)
Mapa
25° 57′ 47,64″ S, 32° 34′ 28,11″ L
Nomes anteriores Avenida Pinheiro Chagas
Extensão 3,5 quilómetros
Início Av. Julius Nyerere
Fim Cruzamento Av. da Zâmbia/R. João Albasini

A Avenida Eduardo Mondlane é uma via de quatro a seis faixas com cerca de 3,5 quilómetros de comprimento na capital moçambicana de Maputo. Atravessa todo o centro da cidade de Maputo e liga os bairros da Polana, Central e Alto Maé. O seu nome vem do primeiro líder do movimento de independência FRELIMO, Eduardo Mondlane. É uma das artérias mais importantes do centro da cidade de Maputo.

Geografia[editar | editar código-fonte]

A Avenida Eduardo Mondlane começa na intersecção com o eixo norte–sul da Avenida Julius Nyerere, na parte sudeste da cidade, no distrito da Polana. A partir daí, dirige-se para noroeste em linha reta. A avenida atravessa vários outros eixos importantes: as avenidas Salvador Allende, Amílcar Cabral, Vladimir Lenine, Karl Marx e Guerra Popular. A via termina na fronteira com o distrito de Nhlamankulu na rotunda Avenida da Zâmbia/Rua João Albasini, que dá acesso às avenidas da Tansânia, Marien Nghouabi e Mao Tsé Tung, bem como à Avenida do Trabalho (Malanga).

História[editar | editar código-fonte]

Vista da então Avenida Pinheiro Chagas do cemitério em direção ao leste, nos anos 20.

A rua pertence aos eixos primitivos da cidade, previstas no plano de urbanização Joaquim José Machado em 1887 sob o nome de Avenida Pinheiro Chagas, juntamente com a via paralela, a Avenida 24 de Julho.[1] Com a crescente urbanização da cidade no sentido oeste (alargamento do porto em direção à Matola) e leste (criação dos distritos de Polana e Sommerschield), a importância da avenida aumentou. Inicialmente, chamava-se Avenida Pinheiro Chagas, em homenagem ao escritor português.

Depois da independência de Moçambique, muitos arruamentos da cidade perderam os seus nomes originais, incluindo esta avenida. Desde 1975, o seu nome homenageia Eduardo Mondlane, o primeiro presidente da FRELIMO, que foi assassinado em 1969.[2]

Com a recuperação económica após o fim da guerra civil em 1992, a estrada também ganhou importância devido ao aumento do tráfego. Entretanto, os engarrafamentos estão a tornar-se mais frequentes, especialmente nas horas de ponta. Para além disso, a via é hoje considerada a maior (e mais longa) rua comercial da cidade. Especialmente no extremo ocidental, há numerosos vendedores informais à beira da estrada.[3]

Para aliviar o trânsito, o Conselho Municipal de Maputo está a planear construir um sistema de BRT entre o terminal rodoviário do Museu de História Natural via Avenida Eduardo Mondlane até ao norte da cidade; isto inclui, faixas de autocarros fisicamente separadas e paragens de autocarros dedicadas e cobertas. O troço da Avenida Eduardo Mondlane entre a Avenida Guerra Popular e a Avenida Tomás Nduda/Avenida Mártires do Machava está incluído no projeto.[4][5]

Edifícios importantes[editar | editar código-fonte]

Polana[editar | editar código-fonte]

Início da avenida: Vista do Alto Comissariado da África do Sul

No extremo oriental da Avenida Eduardo Mondlane, na Polana, há numerosos edifícios comerciais e de escritórios, bem como embaixadas e altos comissariados. No cruzamento com a Avenida Julius Nyerere encontram-se a embaixada de Portugal, que é relevante para a política externa de Moçambique, e o alto comissariado da África do Sul. Nas vias secundárias, estão instalados vários ministérios e organizações estrangeiras.

No cruzamento com a Avenida Salvador Allende encontra-se o Ministério da Saúde

Entre o cruzamento com a Avenida Tomás Nduda e a Avenida Salvador Allende encontra-se o Hospital Central de Maputo, cujas instalações cobrem uma área de 16 hectares. O hospital integra a Faculdade de Medicina da Universidade Eduardo Mondlane. Serviços médicos já se tinham estabelecido neste sítio no início do século XX. A partir da década de 1930, após vários concursos de arquitetura, a administração colonial construiu o hospital sob o nome de Hospital Miguel Bombarda, em homenagem ao médico e político português. O edifício foi concebido por António Rosas. Na década de 1960, foram construídos vários anexos, concebidos por Francisco de Assis e Luiz de Vasconcelos.[6] Originalmente, uma pequena vivenda fazia também parte do hospital, que se destinava a ser uma sala de convívio e uma pequena cantina para médicos. Em meados da década de 2000, instalou-se neste edifício um restaurante de luxo com discoteca. O nome — "Restaurante 1908" — é uma alusão à data de construção da vivenda.[7]

O Ministério da Saúde, também localizado no cruzamento da Avenida Eduardo Mondlane com a Avenida Salvador Allende, destaca-se pela sua moderna fachada dos anos 70. Francisco de Assis projetou o edifício, que foi inaugurado em 1971. Nessa altura, albergava a Direcção Provincial de Saúde.[8]

Central[editar | editar código-fonte]

Continuando para oeste, são principalmente os grandes edifícios residenciais dos anos 50 aos anos 70 com muitas lojas que caraterizam a avenida de seis faixas. No cruzamento com a Avenida Amílcar Cabral encontra-se a sede da Electricidade de Moçambique.

Além disso, localiza-se aqui a Mesquita Central de Maputo, bem como o centro social do clube de futebol de primeira divisão Liga Desportiva de Maputo e um campo de futebol.[9]

No cruzamento com a Avenida Karl Marx encontra-se um dos cemitérios mais antigos de Maputo, o Cemitério de São Francisco Xavier, também conhecido como "Cemitério da Ronil". Criado por volta de 1886 fora dos limetes da cidade, a metrópole foi gradualmente crescendo em redor do cemitério. No início, tanto cristãos, como judeus e muçulmanos foram ali enterrados.[10] Em 1957, os enterros deixaram de ser permitidos no cemitério, mas continuaram a realizar-se até 1974. Devido à falta de manutenção, o local tem sido habitado por pessoas sem abrigo.[11] Em 2013, uma grande parte do cemitério ardeu.[12]

Alto-Maé[editar | editar código-fonte]

Desde um incêndio em setembro de 2013, o Cinema Charlot tem estado vazio.

No Alto-Maé, o último troço da avenida, a rua é também dominada por edifícios residenciais com lojas no rés-do-chão e em especial pelo comércio informal. O mercado de rua da Avenida da Guerra Popular estende-se até ao cruzamento.

No cruzamento com a Rua Rainha Dona Leonor encontra-se o Cinema Charlot, construído em 1963 e desenhado por Marco Miranda Guedes. Juntamente com o Cine África e o Teatro Gil Vicente, é um dos mais famosos cinemas da cidade. O cinema não tem sido utilizado desde que um incêndio o destruiu parcialmente em setembro de 2013.[13][14]

No extremo ocidental da avenida encontra-se uma estátua de Eduardo Mondlane.

No cruzamento com a Avenida da Zâmbia encontra-se uma estátua do primeiro líder da FRELIMO, Eduardo Mondlane. Muitas manifestações começam na estátua e continuam no centro da cidade. O termo "a estátua" designa coloquialmente toda esta zona.[15]

No final da rua, no cruzamento com a Avenida da Tanzânia/Rua João Albasini/Avenida do Trabalho, existe um grande terminal de transportes, com numerosas paragens de autocarros públicos, mini-autocarros semi-públicos e informais.

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre a Avenida Eduardo Mondlane

Referências

  1. Olga Maria Lopes Serrão Iglés Neves (julho de 2008). «O movimento associativo africano em Moçambique, Tradição e Luta (1926-1962)» (PDF). Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa. 85 páginas. Consultado em 22 de outubro de 2014  Dissertação para a cadeira de História
  2. «Nomes de bairros, de praças e de ruas de Lourenço Marques e de Maputo.». Maputo 120 anos. 2005. Consultado em 15 de outubro de 2014. Arquivado do original em 11 de junho de 2012 
  3. Xadreque Gomes (30 de janeiro de 2009). «Dossier Eduardo Mondlane - Comércio domina Avenida Eduardo Mondlane». A Verdade. Consultado em 13 de dezembro de 2014 
  4. «Construção do BRT inicia próximo ano em Maputo». A Verdade. 2 de outubro de 2014. Consultado em 27 de março de 2015 
  5. «Maputo inicia criação de vias para autocarros». Jornal Notícias. 14 de julho de 2014. Consultado em 27 de março de 2015 
  6. Tiago Lourenço (2011). «Hospital Miguel Bombarda / Hospital Central de Maputo». Sistema de Informação para o Património Arquitectónico (SIPA). Consultado em 6 de abril de 2015 
  7. «Edifício do Restaurante 1908». Sistema de Informação para o Património Arquitectónico (SIPA). 2011. Consultado em 6 de abril de 2015 
  8. Tiago Lourenço (2011). «Edifício da Direção Provincial de Saúde / Edifício do Ministério da Saúde». Sistema de Informação para o Património Arquitectónico (SIPA). Consultado em 6 de abril de 2015 
  9. «Centro Social da Liga Muçulmana». www.halalmoz.com. Comissão Halal de Moçambique. Consultado em 6 de abril de 2015 
  10. «O monumental saque dos mortos e da história (1)». Diário de um Sociólogo. 22 de dezembro de 2007. Consultado em 6 de abril de 2015 
  11. «Cemitério São Francisco Xavier abriga vivos». MMO Notícias. 12 de março de 2015. Consultado em 6 de abril de 2015 
  12. «Incêndio deflagra cemitério São Francisco Xavier em Maputo». A Verdade. 24 de julho de 2014. Consultado em 6 de abril de 2015 
  13. «Era uma vez Cinema Charlot». Jornal Notícias. 17 de setembro de 2013. Consultado em 6 de abril de 2015 
  14. Adérito Caldeira (16 de setembro de 2013). «Incêndio consome cinema Charlot em Maputo». A Verdade. Consultado em 6 de abril de 2015 
  15. «A praça dos "nossos" heróis». A Verdade. 2013. Consultado em 27 de outubro de 2015