Baronia de Veligosti

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Barão de Damala)
Baronia de Veligosti

Baronia do Principado de Acaia

1209 — ca. 1300/década de 1380 

Principais localidades do Peloponeso e Ática durante a Idade Média
Região Bálcãs
Capital
Países atuais Grécia

Língua oficial
Religião Cristianismo

Período histórico Idade Média
• 1209  Conquista latina do Peloponeso
• ca. 1300/década de 1380  Reconquista bizantina

Veligosti ou Veligosti-Damala foi um feudo franco medieval do Principado da Acaia, originalmente centrado em Veligosti (em grego: Βελίγοστι ou Βελιγόστη; em francês: Véligourt; em castelhano: Viligorda; em italiano: Villegorde) no sul da Arcádia, mas também veio a incluir a área de Damala (em grego: Δαμαλᾶ; em francês: Damalet) na Argólida quando permaneceu sob um ramo cadete da família de la Roche. Após Veligosti ser perdida para os bizantinos por volta de 1300, o nome foi retido mesmo embora a baronia tivesse sido reduzida a Damala.[1]

História[editar | editar código-fonte]

Veligosti, próximo da antiga Megalópolis, parece ter caído para os cruzados francos sem resistência ca. 1206.[2] A origem do nome é obscura. O historiador do século XIX Karl Hopf pensou que o nome grego deriva da forma francesa Veligourt, que por sua vez pode ser uma corruptela de Valaincourt/Walincourt, que Hopf propôs como o local de origem da linhagem baronal original de Mons. A família Valaincourt foi de fato representada na Quarta Cruzada, mas como Antoine Bon coloca, não há nada além da similaridade dos nomes para ligá-los à Moreia franca. Bon considera a forma "Veligosti" como a forma original — de origem eslava — e o nome franco foi derivado dele.[3]

A baronia, estabelecida ca. 1209, foi uma das doze baronias seculares originais do Principado da Acaia e compreendeu quatro feudos de cavaleiros.[4][5] Segundo a lista de signatários do Tratado de Sapienza em 1209, o primeiro barão foi Hugo de Mons, sucedido (em algum momento antes de 1230) por Mateus de Mons, que é o primeiro barão a ser mencionado na Crônica da Moreia. Mateus reteve a baronia até seu casamento com a princesa bizantina, uma filha de Teodoro II Láscaris, durante a missão à corte bizantina em algum momento na década de 1250.[6] Karl Hopf, que não tinha conhecimento do Tratado de Sapienza, conjecturou a existência de dois barões do mesmo nome, Mateus I e II, para preencher o período de 1209, e que era o último que se casou com a princesa.[7]

Mateus de Mons desapareceu das fontes após seu casamento, e o feudo e o título associado aparentemente passaram para um ramo júnior da família la Roche, cujo ramo sênior governou o Ducado de Atenas. Já num documento datado de 1256, Guilherme de la Roche é mencionado como "senhor de Veligosti" (dominus Villegordus). O processo de transferência é obscuro; Hopf sugeriu que uma irmã de Mateus de Mons pode ter se casado com Guilherme de la Roche.[8] Guilherme de la Roche, irmão mais jovem do duque ateniense Guido I de la Roche, também reteve a região de Damala, na Argólida, como feudo, e os dois domínios uniram-se sob o mesmo título.[9][10]

Damala (antiga e moderna Trezena) foi capturada facilmente nos primeiros dias da conquista franca da Moreia, diferente das cidadelas vizinhas de Argos e Náuplia, que continuou a resistir até 1212.[11] Embora as últimas foram dadas como um feudo separado para os duque de la Roche de Atenas, Damala não é mencionada nas listas de barões nas versões francesa e grega da Crônica da Moreia, que data de ca. 1228/1230. Apenas a versão aragonesa menciona uma cavaleiro — aparentemente Guilherme de la Roche — que recebeu seis feudos na área e ergueu um castelo, bem como a posse de três feudos lá pela família Foucherolles.[12] Estes relatos datam da segunda metade do século, e a área parece ter sido inteiramente desprovida de presença franca antes disso.[13] Tiago de la Roche, evidentemente filho de Guilherme, é então mencionado como "senhor de Veligosti" na versão aragonesa, enquanto no começo do século XIV, Reinaldo de "Veligourt", filho de Jaime e Maria Aleman, filha do barão de Patras Guilherme Aleman, é mencionado como "senhor de Damala" (sires de Damalet).[14]

Da década de 1260, Veligosti tornou-se uma importante base para o Principado da Acaia em sua guerra contra a província bizantina de Mistras no sul da Moreia. Junto com Nicles ela guardou os passos que levavam ao território bizantino na planície da Arcádia central, o coração da península.[15] Após ca. 1272, a presença franca em Veligosti começou a ficar em ameaça crescente, com os bizantinos gradualmente invadindo a área. Por ca. 1300, Nicles e Veligosti foram perdidas para os bizantinos, e parecem ter sido arrasadas e/ou abandonadas inteiramente, pois não são mais mencionadas nas fontes.[16] Embora agora confinada ao feudo de Damala, a família continuou a usar o título de Veligosti, ou sua versão francesa Veligourt desde então.[17] Reinaldo foi provavelmente morto na Batalha de Halmiro em 1311, e sua herdeira, Jaqueline de la Roche, casou-se com Martinho Zaccaria, que também era senhor de Quios e barão de Chalandritza, em algum momento antes de 1325.[10] Martinho foi sucedido por seus dois filhos, primeiro Bartolomeu, e depois de sua morte em 1336, Centurião I. Após a morte de Centurião em 1382, Damala parece ter sido perdida.[18]

Referências

  1. Bon 1969, p. 487ff., 518ff.
  2. Bon 1969, p. 68.
  3. Bon 1969, p. 111, 518.
  4. Bon 1969, p. 518.
  5. Miller 1921, p. 71–72.
  6. Bon 1969, p. 110–111, 518–519.
  7. Bon 1969, p. 110, 518.
  8. Bon 1969, p. 111, 519.
  9. Bon 1969, p. 110, 519.
  10. a b Topping 1975, p. 120.
  11. Bon 1969, p. 487, 490.
  12. Bon 1969, p. 110, 487.
  13. Bon 1969, p. 487–488.
  14. Bon 1969, p. 106, 110, 488.
  15. Bon 1969, p. 130, 132, 142, 144.
  16. Bon 1969, p. 146, 181–182, 519.
  17. Bon 1969, p. 146.
  18. Bon 1969, p. 488.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Bon, Antoine (1969). La Morée franque. Recherches historiques, topographiques et archéologiques sur la principauté d’Achaïe. Paris: De Boccard 
  • Miller, William (1921). Essays on the Latin Orient. Cambridge: Cambridge University Press 
  • Topping, Peter (1975). «The Morea, 1311–1364». In: Hazard, Harry W. A History of the Crusades, Volume III: The fourteenth and fifteenth centuries. Madison, Wisconsin: University of Wisconsin Press. pp. 104–140. ISBN 0-299-06670-3