Saque de Filipópolis

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 Nota: Para outras acepções, veja Batalha de Filipópolis.
Saque de Filipópolis
Guerra Gótica (249–253)
Data 250 ou 251
Local Filipópolis, Bulgária
Desfecho Vitória bárbara
Beligerantes
Império Romano Império Romano Godos
Taifalos
Peucinos
Asdingos
Carpos
Dissidentes romanos
Comandantes
Império Romano Tito Júlio Prisco Cniva
Argedo
Gunderico[a]
Diagramação da invasão de 250-251

O saque de Filipópolis ocorreu no verão de 250 ou 251, quando uma coalizão de invasores bárbaros liderados pelo rei gótico Cniva cercou e invadiu a cidade de Filipópolis, a atual Plovdiv búlgara, que à época estava sendo protegida pelo governador da Trácia Tito Júlio Prisco. A invasão deveu-se a um acordo selado com Prisco, que pretendeu entregá-la pacificamente, porém, após adentrarem, os sitiantes saquearam a localidade, matando e capturando muitos romanos.

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

Logo após a ascensão de Décio ao trono em 249, as tribos bárbaras que habitaram além-Danúbio invadiram as províncias da Dácia, Mésia Superior e Mésia Inferior em resposta ao cessar de pagamento de tributos.[1] Em 250, os carpos invadem a Dácia, o leste da Mésia Superior e oeste da Mésia Inferior.[2] Ao mesmo tempo, uma coalizão composta por elementos tribais (taifalos, peucinos, asdingos e carpos) e desertores romanos liderada pelo rei gótico Cniva cruzou a fronteira romana e avançou em duas colunas.[3]

A primeira coluna do exército de Cniva, um destacamento de c. 20 000, sitiou Marcianópolis (atual Devnja, Bulgária) sem sucesso[4][5] e então partiu para sul para sitiar Filipópolis (atual Plovdiv, Bulgária). Cniva, por sua vez, cruzou o Danúbio rumo a Esco e então Nova (atual Svishtov), onde foi repelido pelo governador Treboniano Galo.[6] Dali marchou contra Nicópolis, que pretendia saquear, e foi derrotado por Décio.[7] Após alguns revezes, Cniva moveu-se para sul através do monte Hemo e Décio o perseguiu para salvar Filipópolis. Quando o exército romano estava estacionado em Beroia (atual Stara Zagora), foi surpreendido pelas tropas bárbaras, e Décio fugiu para Esco, enquanto Cniva pode saquear a Mésia e partir para Filipópolis.[8]

Saque e rescaldo[editar | editar código-fonte]

É impreciso se o ataque de Cniva contra Filipópolis ocorreu no verão de 250 ou 251, sendo a data disputada pelos historiadores. Seja como for, após longo cerco, as tropas estacionadas no interior da cidade nomearam Tito Júlio Prisco como imperador e ele partiu para uma ofensiva diplomática, com intuito de entregar a cidade sem-resistência aos sitiantes. Os bárbaros concordaram, porém, após adentrarem os portões, iniciaram o massacre da população e provavelmente assassinaram Prisco, que não é mais citado nas fontes.[9][10][7] Segundo Amiano Marcelino, 100 000 pessoas foram mortas e outras tantas aprisionadas,[11] incluindo membros da classe senatorial romana.[9]

O saque de Filipópolis incitou o imperador a agir. Após interceptar partidários dos germânicos e reparar as fortificações danúbias, dirigiu-se contra os godos, que foram cercados pelas forças romanas numericamente superiores enquanto tentavam retirar-se. Décio atacou-os próximo a uma pequena cidade chamada Abrito (atual Razgrado).[12][13]

Notas[editar | editar código-fonte]

[a] ^ Apesar da Gética de Jordanes colocar os oficiais Argedo e Gunderico como subcomandantes de Ostrogoda, Herwig Wolfram e outros estudiosos colocam-os como subcomandantes de Cniva.[4][5]

Referências

  1. Southern 2001, p. 347.
  2. Bowman 2005, p. 38.
  3. Jordanes, XVIII.101.
  4. a b Potter 2004, p. 46.
  5. a b Wolfram 1990, p. 45, 397.
  6. Potter 2004, p. 38.
  7. a b Bird 1994, p. 129.
  8. Wolfram 1990, p. 46.
  9. a b Wolfram 1990, p. 46.
  10. Southern 2001, p. 222.
  11. Amiano Marcelino 397, XXXI.5.
  12. Wolfram 1990, p. 44.
  13. Bowman 2005, p. 39-40.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Bird, H.W. (1994). Aurelius Victor: De Caesaribus (em inglês). Liverpool: Liverpool University Press. ISBN 0853232180 
  • Bowman, Alan K. (2005). The Cambridge Ancient History. The Crisis of Empire, A.D. 193-337. XII. Cambridge: Cambridge University Press 
  • Potter, David Stone (2004). The Roman Empire at Bay AD 180–395. Londres e Nova Iorque: Routledge. ISBN 0-415-10057-7 
  • Southern, Pat (2001). «Beyond the Eastern Frontiers». The Roman Empire from Severus to Constantine. Londres e Nova Iorque: Routledge. ISBN 0-415-23943-5