Batalha de Pelagônia

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Batalha de Pelagônia
Guerras bizantino-latinas
Data setembro de 1259
Local Pelagônia
Desfecho Vitória decisiva nicena
Beligerantes
Principado de Acaia Principado de Acaia
Despotado de Epiro
Reino da Sicília Reino da Sicília
Império de Niceia Império de Niceia
Comandantes
Principado de Acaia Guilherme II de Villehardouin
Miguel II de Epiro
  João I da Tessália(desertou)
Império de Niceia João Paleólogo
Império de Niceia Aleixo Estrategópulo
  João I da Tessália(desertou)
Forças
Incerto, mas maior que a dos nicenos 6 000 homens[1]
Baixas
Pesadas Desconhecidas

A Batalha de Pelagônia (português brasileiro) ou Batalha de Pelagónia (português europeu) foi travada em setembro de 1259 entre as forças do Império de Niceia[a] e as forças da aliança entre os estados latinos do Despotado de Epiro, Principado de Acaia e o Reino da Sicília. Ela é considerada um evento decisivo na história da região, pois assegurou a reconquista de Constantinopla e o fim do Império Latino dois anos mais tarde, além de marcar o início da retomada da Grécia pelos bizantinos.

A localização exata permanece incerta e ela é por vezes chamada de Batalha de Castória[2][3] por conta de três fontes bizantinas (Jorge Paquimeres, Jorge Acropolita e Nicéforo Gregoras) nos dizem que o campo dos epirotas foi atacado primeiro na cidade de Castória[4], num local chamado de "Floresta de Boril" (em grego: Βορίλλα λόγγος)[5]. Porém, como a campanha incluiu também o cerco de Prilepo, ela é justificadamente chamada de batalha de Pelagônia.

Contexto[editar | editar código-fonte]

O imperador de Niceia Teodoro II Láscaris morreu em 1258 e foi sucedido pelo jovem João IV, sob a regência de Miguel Paleólogo, que estava determinado a restaurar o Império Bizantino e recapturar todo o território perdido desde o saque de Constantinopla pela Quarta Cruzada. Em 1259, Guilherme II de Vilearduin casou-se com Ana Comnena Ducena (conhecida também como Agnes), filha de Miguel II de Epiro, consolidando uma aliança entre o Despotado de Epiro e o Principado de Acaia contra Niceia. Eles também se aliaram a Manfredo da Sicília, que lhes enviou 400 cavaleiros[6].

Em 1259, os nicenos invadiram a Tessália e, em setembro, os exércitos acaiano e epirota marcharam para o norte para enfrentá-los. Os nicenos estavam sob o comando do sebastocrator Teodoro Ducas, o irmão de Miguel II de Epiro. De acordo com a "Crônica da Moreia", a força nicena era o principal exército bizantino reforçado por mercenários turcos, 2 000 cumanos, 300 germanos, 13 000 húngaros e 4 000 sérvios, além de alguns valáquios. Havia supostamente vinte e sete divisões de cavalaria, embora todos estes números sejam, muito provavelmente, exagerados. Teodoro também juntou todos os camponeses e o gado locais e os colocou no alto de colinas para que, de longe, parecessem parte do exército.

Teodoro então enviou um falso desertor até Miguel e Guilherme, com a ordem de exagerar o número de tropas nicenas e criticá-los por tentarem atacar um membro da família. O barão de Karytaina, um dos líderes dos "francos", não acreditou na artimanha e convenceu os acaianos a permanecerem quando eles já haviam decidido ir embora. Ainda assim, Miguel e suas tropas desertaram durante a noite e fugiram; de acordo com Paquimeres, o motivo foi uma discussão do filho bastardo de Miguel, João Ducas da Tessália, com Guilherme.

A batalha[editar | editar código-fonte]

No dia seguinte, os cavaleiros francos atacaram os mercenários germânicos e mataram seu líder, o duque da Caríntia, provocando uma debandada. Os arqueiros húngaros então mataram todos os cavalos acaianos, deixando os cavaleiros praticamente indefesos. A infantaria acaiana fugiu, os cavaleiros se renderam e o príncipe Guilherme se escondeu num monte de feno, mas foi descoberto e preso. Teodoro levou-o até João Paleólogo, irmão de Miguel VIII, que estava no comando geral da expedição e Guilherme foi forçado a ceder as fortalezas estratégicas que ele mantinha na Acaia (incluindo Mistras) antes de ser libertado.

Contudo, há um problema com a alegação da "Crônica da Moreia" de que o "duque da Caríntia" estaria presente na batalha. O duque na época era Ulrico III e reinou por muitos anos ainda após 1259 e provavelmente não estava presente. O autor da Crônica pode ter inventado um duque fictício para contrabalançar a presença de Guilherme naquela região da batalha. As fontes gregas, além de Paquimeres, foram Jorge Acropolita, Nicéforo Gregoras e Jorge Frantzes.

Consequências[editar | editar código-fonte]

João prosseguiu sua campanha e capturou Tebas. O Principado de Acaia, que havia se tornado o mais poderoso estado franco na Grécia, foi reduzido a um vassalo niceno; o Ducado de Atenas posteriormente preencheria este espaço. Miguel VIII se aproveitou desta derrota para reconquistar Constantinopla em 1261.

Notas[editar | editar código-fonte]

[a] ^ Estado sucessor do Império Bizantino enquanto Constantinopla esteve em poder do Império Latino.

Referências

  1. W. Treadgold, A History of the Byzantine State and Society, 819
  2. Greco-Latin relations on the eve of the Byzantine restoration: the Battle of Pelagonia Page 136, by Deno John Geanakoplos, Dumbarton Oaks Papers 7 (1953)
  3. Speculum, Volume 29 By Mediaeval Academy of America - Page 801 (1954)
  4. Proceedings of the 21st International Congress of Byzantine Studies, London Page 370 ISBN 0-7546-5740-X
  5. Jorge Acropolita: História. By R. J. Macrides Page 363 (2007)
  6. Ostrogorsky, George, History of the Byzantine State, (Rutgers University Press, 1969), 447-448.