Saltar para o conteúdo

Bets

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Foto de um computador portátil com cartas de baralho e fichas de poker sobre o teclado
Imagem ilustrativa de jogos de azar eletrônicos

Sites de apostas, frequentemente chamados de bets (do inglês apostas), são plataformas online que permitem aos usuários realizar apostas em eventos esportivos, jogos de cassino e outros tipos de competições. O primeiro site de apostas aberto ao público em geral foi o de venda de bilhetes para a Loteria Internacional de Liechtenstein em outubro de 1994.[1] Hoje, segundo diversas estimativas, o mercado global movimenta cerca de US$ 40 bilhões por ano.[2][3] Tradicionalmente, um cassino online oferecia apenas duas opções: versões baseadas na web e versões exclusivas para download. No entanto, com os avanços tecnológicos, a maioria das plataformas passou a oferecer ambas, inclusive versões otimizadas para aplicativos móveis. Com o crescimento da internet e das tecnologias móveis, essas plataformas se tornaram uma das formas mais populares de entretenimento digital e movimentam bilhões de dólares anualmente em todo o mundo. Por causa da popularidade do aplicativo Fortune Tiger, muitos aplicativos de cassino online passaram a ser apelidados genericamente de "jogo do tigrinho",[4] mesmo quando não são vinculados diretamente ao título original.

As apostas de quota fixa passaram a ser legalizadas no Brasil a partir da Lei nº 13 756 de 2018, que permitiu esse tipo de operação desde que os sites estivessem sediados fora do país,[5] de forma semelhante aos cassinos em cruzeiros, que embarcam passageiros no Brasil, mas só começam a operar ao chegarem em águas internacionais, fora da jurisdição brasileira, sob leis estrangeiras.[6] Em 2023, a Lei nº 14 790 regulamentou de forma mais abrangente as apostas de quota fixa[7] em território nacional, provocando um boom no mercado.

A partir dessas regulamentações, o número de casas de apostas (ou bets) operando no Brasil ultrapassou a marca de 200 plataformas,[8] enquanto o número de apostadores brasileiros superou os 22 milhões, mais de um em cada dez habitantes do país.[9]

Porém, a popularidade trouxe problemas. Ocorrem diversas suspeitas de lavagem de dinheiro, associação ao jogo do bicho e o tráfico de drogas,[10][11] fraudes,[12] manipulação de resultados[13] e vício.[14] Influenciadores como Eduardo Campelo (foragido em Dubai)[15] e Deolane Bezerra (presa em 2024) foram envolvidos em escândalos.[16] A Operação Tyche prendeu outros influencers ostentando riqueza obtida com apostas ilegais.[17]

Casos extremos incluem mortes e suicídios ligados a dívidas com o jogo.[18] Lives de propaganda do Tigrinho apareceram em vários canais do YouTube, até mesmo em canais infantis.[19] Em resposta, o governo federal publicou a Portaria nº 1 207/2024, que regulamenta diversas modalidades de apostas online — como caça-níqueis (slots), jogos de colisão (crash games), roletas, blackjack e dados e proibiu celebridades de promoverem apostas como forma de “ficar rico”.[20]

Mesmo com RTP (retorno ao jogador) anunciado em 96%, na prática muitos jogadores relatam perdas muito maiores, gerando endividamento e destruição familiar.[21]

Referências

  1. Gooding, Nolan B.; Kim, Hyoun S.; Williams, Robert J.; Williams, Jennifer N. (janeiro de 2023). «Individual differences and predictors of general awareness in problem gambling». Addictive Behaviors (em inglês). 107505 páginas. ISSN 0306-4603. doi:10.1016/j.addbeh.2022.107505. Consultado em 14 de junho de 2025 
  2. «Online gambling industry market size worldwide 2024». Statista (em inglês). Consultado em 14 de junho de 2025 
  3. «Online Gaming Sector Report» (PDF). Edison Investment Research (em inglês). 10 de julho de 2019. Cópia arquivada (PDF) em 23 de setembro de 2020 
  4. S. Teixeira, Pedro; Nassif, Tamara (22 de junho de 2024). «Entenda o que está por trás da enxurrada de anúncios do 'jogo do tigrinho' nas redes». Folha de S. Paulo. Consultado em 22 de junho de 2024. (pede subscrição (ajuda)) 
  5. «LEI Nº 13.756, DE 12 DE DEZEMBRO DE 2018.». Planalto. 12 de dezembro de 2018. Consultado em 14 de maio de 2025 
  6. Gallucci Rodrigues, João (6 de março de 2023). «O Brasil ganha com regulamentação das apostas esportivas». Poder360. Consultado em 20 de maio de 2025 
  7. «LEI Nº 14.790, DE 29 DE DEZEMBRO DE 2023». Planalto. 29 de dezembro de 2023. Consultado em 14 de maio de 2025 
  8. Desidério, Mariana (10 de outubro de 2024). «Os grupos estrangeiros bilionários que faturam com as bets no Brasil». UOL. Consultado em 14 de maio de 2025 
  9. «Mais de 22 milhões de pessoas apostaram nas 'bets' no último mês, revela DataSenado». Senado Notícias. 1 de outubro de 2024. Consultado em 14 de maio de 2025 
  10. Moya, Isabela (6 de setembro de 2024). «Grupos do jogo do bicho migraram para bets, diz secretário sobre operação contra lavagem de dinheiro». Estadão. Consultado em 3 de outubro de 2024. (pede subscrição (ajuda)) 
  11. Mello, Bernardo; Soares, Rafael (23 de junho de 2024). «PCC, Comando Vermelho e bicheiros usam 'bets' para lavar e ampliar seus lucros». O Globo. Consultado em 22 de maio de 2025 
  12. Fuentes, Patrick (20 de outubro de 2024). «Golpes comuns em bancos migram para apostas online, mostra Serasa». CNN Brasil. Consultado em 22 de maio de 2025 
  13. Xavier, Guilherme (15 de abril de 2025). «O que a Lei das Bets diz em casos como o de Bruno Henrique, do Flamengo». CNN Brasil. Consultado em 23 de maio de 2025 
  14. Causin, Juliana; Rosário, Mariana (1 de setembro de 2024). «Angústia, dívidas e compulsão: como é a vida de viciados em jogos do tipo 'tigrinho'». O Globo. Consultado em 22 de maio de 2025 
  15. «Influencer do Paraná suspeito de movimentar milhões com 'Jogo do Tigrinho' está foragido em Dubai, diz polícia». G1. 14 de maio de 2024. Consultado em 14 de maio de 2024 
  16. Rodrigues, Gabriel Emilliano (19 de junho de 2024). «Influenciadora posta vídeo jogando "tigrinho" em geladeira de luxo; cassino-online é ilegal no Brasil». Rádio São Francisco 97,7FM. Consultado em 22 de setembro de 2024 
  17. «Telefone de ouro, viagens e bens avaliados em R$ 30 milhões: casal de influencers que promovia 'Jogo do Tigrinho' ostentava vida de luxo». G1. 16 de maio de 2024. Consultado em 16 de maio de 2024 
  18. Alfredo Henrique (29 de junho de 2024). «De casa vendida a suicídio: como o Jogo do Tigrinho destrói famílias». Metrópoles. Consultado em 22 de maio de 2025 
  19. Croquer, Gabriel (4 de julho de 2024). «Lives de Fortune Tiger, o jogo do tigrinho, surgem em canais de YouTube sobre culinária e jogos infantis». G1. Consultado em 4 de julho de 2024 
  20. Nicoceli, Artur (1 de agosto de 2024). «Bet e caça-níquel: governo restringe anúncios com influencers e prevê multa de até R$ 2 bilhões». G1. Consultado em 1 de agosto de 2024 
  21. João das Bets (10 de março de 2025). «O Perigo Do Jogo Do Tigrinho: Como Ele Faz Pessoas Perderem Dinheiro 🎰🚨». Portal Das Apostas. Consultado em 10 de março de 2025