Carajía

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Carajía
Karajía
Carajía
Os Sarcófagos de Carajía
Localização atual
Coordenadas 6° 9' 45" S 78° 1' 17" O
País  Peru
Região Amazonas
Dados históricos
Cultura Chachapoya
Fundação 1000
Abandono 1470
Notas
Arqueólogos Louis Langlois (1939), Henry e Paule Reichlen (1950), Federico Kauffmann Doig (1985)

Carajia (ou Karajía), foi um sítio arqueológico do Peru, onde foram descobertos uma série de Sarcófagos da Cultura Chachapoya com até 2,50 m de altura e que apresentavam formas humanas. Foram encontrados na ravina Caragía no distrito de Luya na Região do Amazonas, Peru ) em 1985 pelo arqueólogo peruano Federico Kauffmann Doig e são conhecidas na região como Antigos Sábios.[1]

Primeiros Indícios[editar | editar código-fonte]

Era costume dos chachapoyas usarem sarcófagos para enterrar seus líderes mortos, em ataúdes cuja forma seguia o contorno da forma humana. Este costume foi mencionado no jornal Mercurio Peruano em uma de suas edições em 1791. Esta matéria chamou a atenção de Louis Langlois que iniciou um trabalho no local em 1939 e posteriormente foi complementado pelos arqueólogos Henry e Paule Reichlen em 1950. Depois deles, o sítio teve pouca atenção dos estudiosos. Somente em 1985 foi organizada uma nova expedição comandada por Federico Kauffmann Doig, que localizou o sítio arqueológico de Carajía, com um grupo de sarcófagos intacto.[2]

Descrição[editar | editar código-fonte]

Os Sarcófagos de Carajía são únicos em seu gênero pelo seu tamanho colossal, atingindo até 2,50 metros de altura e sua cuidadosa conservação. O fato de que foram colocadas no topo de uma ravina inacessível, permitiram que se mantivessem a salvo de depredadores.[1][3]

Graças ao o apoio prestado pelos membros do Clube Andino Peruano, os arqueólogos foram capazes de escalar as paredes rochosas verticais e ter acesso a gruta, onde estavam alojados os sarcófagos, a uma altura de 200 metros do fundo do vale. Carajía-1 consistia de sete sarcófagos. O terceiro provavelmente desabou durante o terremoto de 1928, desaparecendo no abismo.[3]

Como os sarcófagos estavam unidos lateralmente, o que caiu acabou colapsando os que estavam nos lados adjacentes. Isto permitiu reconhecer em detalhes o conteúdo destes caixões e inferir o conteúdo dos remanescentes, que assim não precisaram ser violados permanecendo intactos. No interior do sarcófago aberto se encontrou uma múmia, sentada em uma pele e envolta em mortalhas. Objetos de cerâmica e oferendas variadas acompanhavam o defunto. A datação por radiocarbono obtida analisando os restos orgânicos, remonta a 1460 d.C. Roedores e aves de rapina tinham destruído parcialmente a múmia. Já o outro sarcófago estava vazio, a múmia e suas oferendas já não estavam lá.[4]

Os sarcófagos eram feitos de argila misturada com pequenos ramos e pedras, aplicada sobre uma estrutura de hastes ou ramos. Apenas a cabeça e parte do peito eram compactos. O corpo e a cabeça eram decorados com tinta vermelha aplicada sobre uma base branca.[2]

Considera-se que esses sarcófagos sejam evocações de uma forma típica de funeral tanto da costa como da cordilheira utilizada pela Cultura de Huari (500 - 1200). De fato nos dois casos este formato antropomorfo só ocorreria nos contornos do corpo sem se evidenciar nas extremidades. A cabeça dos sarcófagos recebeu um tratamento escultural, e a face é uma cópia feita em argila das máscaras funerárias originalmente feitas de tábuas em forma de crescente para representar a mandíbula.[3]

Semelhanças culturais[editar | editar código-fonte]

Os Sarcófagos de Carajía mantém semelhanças com outras culturas da região, os rostos dos monólitos nos remetem a Cultura Huaylas (também conhecida como Recuay ou Santa), aos cuchimilcos (pequenas estatuas da Cultura Chancay) e ainda aos tumis de Lambayeque , todos representados com uma mandíbula proeminente e superdimensionada.[5]

Vários outros grupos de sarcófagos, como os de Tingorbamba e Chipuric estão presentes na região, e foram documentadas na Expedição Antisuyo em 1985 dirigidas por Federico Kauffmannn Doig e Gian Carlo Ligabue.[3]

Referências

  1. a b Victor Englebert, Realm of the cloud people: a trek through the remote outposts of a lost pre-Columbian civilization (em inglês) Archaeology, Archaeological Institute of America, Volume 61 Number 1, January/February 2008, pp 40–45, ISSN 0003-8113
  2. a b Adriana von Hogen, An Overview of Chachapoya Archaeology and History (em inglês) Museo Leymebamba. Página visitada em 29 de março de 2017
  3. a b c d Federico Kauffmann Doig, Sarcófagos de Carajía (em castelhano) in Instituto de Arqueología Amazónica página visitada em 30 de março de 2017
  4. Kenneth Nystrom, Jane Buikstra e Keith Muscutt; Chachapoya mortuary behavior: a consideration of method and meaning (em inglês) Chungara, Revista de Antropología Chilena Volume 42, N° 2, 2010. Páginas 477-495
  5. Los Sarcofagos de Kajaira (em castelhano) in jornal El Dominical , Lima edição de 8 de agosto de 2010 pp 8-9