Casa de Odeleite

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Casa de Odeleite
Casa de Odeleite
Tipo Edifício histórico / museu
Inauguração Junho de 2012
Website Página oficial
Geografia
País Portugal Portugal
Localidade Castro Marim
Coordenadas 37° 20' 1.92" N 7° 29' 14.85" O
Casa de Odeleite está localizado em: Faro
Casa de Odeleite
Localização do pólo museológico
Mapa
Localização em mapa dinâmico

A Casa de Odeleite, igualmente conhecido como Núcleo Museológico de Odeleite, é um museu instalado num edifício histórico, na aldeia de Odeleite, no Município de Castro Marim, em Portugal.

Descrição[editar | editar código-fonte]

A Casa de Odeleite é um museu no centro da aldeia de Odeleite, com funções culturais e turísticas, possuindo espaços para exposições, um centro de documentação, e um arquivo sobre gastronomia.[1] No seu interior foi feita a recriação de vários ambientes tradicionais da região, incluindo as zonas residenciais dos proprietários e dos funcionários, a sala para costura, uma adega, uma casa para o azeite, o vinho e o queijo, a casa do forno, e o armazém para cereais e alfarroba.[1] Como parte deste esforço para recriar o passado, foram recuperados cerca de 1500 peças originais, incluindo mobiliário, e vários documentos, como facturas e correspondência, que pertenciam ao proprietário original.[1] O edifício também inclui uma loja e um centro de recepção aos visitantes.[2] O pátio exterior foi aproveitado para um bar com esplanada, sendo igualmente utilizado como espaço para eventos.[3]

Segundo o presidente da autarquia de Castro Marim, José Estevens, o museu foi criado com a finalidade de «criar um polo de desenvolvimento a partir deste espaço, levando-o a aglutinar várias funções, no propósito de dar a conhecer e promover o interior raiano do concelho.».[1] Desta forma, pretendia-se «dar a conhecer um pouco da história da casa, da aldeia, das gentes serranas e, ao mesmo tempo, estimular a descoberta do território na sua variedade e riqueza.».[1]

A Casa de Odeleite é na realidade composta por um conjunto de várias casas de arquitectura típica da serra algarvia, destacando-se uma de dois andares, decorada com motivos no estilo Arte Nova.[4]

História[editar | editar código-fonte]

Originalmente, o conjunto onde se situa o museu era um entreposto comercial, e que chegou a ser o ponto mais importante na aldeia, e a casa mais rica em toda a freguesia durante cerca de duas décadas, nos princípios do século XX.[1] Os principais produtos do entreposto eram a amêndoa, que era enviada para os Estados Unidos da América e outros países, e as cestas de cana, que eram utilizadas como meio de transporte para várias mercadorias.[1] Também servia como centro abastecedor para a população, vendendo produtos tão diversos como arroz, massa, farinha, tecidos, petróleo, aspirinas, xaropes, sabão, tabaco, rendas, sola, e cabedais.[1] Estes eram normalmente fornecidos aos trabalhadores como pagamento pelos seus serviços no fabrico dos cestos, e na produção da amêndoa, do figo, da azeitona e da alfarroba.[1] João Xavier de Almeida, que faleceu em 1933, era o proprietário do entreposto, e o principal responsável pela negociação dos produtos da região junto dos comerciantes noutros locais do Algarve.[1]

Segundo a antropóloga Eglantina Monteiro, o antigo entreposto foi escolhido por ser «uma casa típica da serra. Os telhados de níveis diferentes denunciam uma pluralidade de casas e os desmesuradamente longos fazem parecer uma só, quando no interior as paredes desocultam variadas casas, conforme as necessidades de organização do trabalho e da família.».[1] A investigadora afirmou que «A Casa de Odeleite, apesar de estar associada a um núcleo familiar, foi e continuará a ser um espaço vivo da memória das gentes de Odeleite, que não confina à aldeia mas a um território mais alargado, que grosso modo corresponde à freguesia.».[1] O processo para a instalação do museu foi explicado no livro A Casa de Odeleite, baseado nos estudos de Eglantina Monteiro e de Veralisa Brandão, que foram feitos em 2006.[1]

A Câmara Municipal de Castro Marim comprou o edifício nos inícios da década de 2000, tendo feito obras de recuperação e de adaptação a museu, que foi inaugurado em Junho de 2012.[1] O plano para a adaptação do edifício foi da autoria de João Moitinho.[5] A Casa de Odeleite foi uma das antigas estruturas na região a serem recuperadas e readaptadas para usos turísticos, culturais e sociais,[5] numa iniciativa do Programa de Revitalização das Aldeias do Algarve[1] que, por sua vez, fez parte do Plano Estratégico para as Áreas de baixa Densidade do Algarve, que foi iniciado em 2002 pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve.[5] Na altura da sua instalação, o espaço tinha somente funções museológicas, mas chegou a ser pensada a sua utilização como um centro de alojamento, com os vários quartos espalhados pela povoação, e eventualmente aproveitando as casas dos habitantes que aderissem àquela iniciativa.[1] José Estevens considerou a instalação do museu como «um passo importante na afirmação da nossa identidade cultural, e um contributo efetivo à promoção do interior do concelho, o qual encerra um conjunto de potencialidades no campo do turismo, podendo constituir uma alavanca para a economia do Baixo Guadiana, com a criação de emprego, fortalecendo o tecido social e a fixação de novas pessoas à terra.».[1]

Em Novembro de 2018, o museu estava a ser alvo de várias iniciativas para a sua divulgação e dinamização, por parte da empresa municipal de Castro Marim NovBaesuris.[6] Neste sentido, a empresa organizou vários eventos periódicos, como a feira mensal Mercadinho na Aldeia, as Visitas Turísticas, onde se divulgavam os artigos à venda na loja do museu, o evento cultural O Acontece, os Passeios por Odeleite, e as Provas Gastronómicas, onde os visitantes podiam provar vários produtos tradicionais da região, como pão cozido em forno de lenha, mel de rosmaninho e queijo de cabra da raça algarvia.[6] Porém, nos princípios de 2019 a Casa de Odeleite foi um dos equipamentos culturais temporariamente encerrados, devido ao processo de liquidação da empresa Novbaesuris,[4] tendo sido reaberta em 25 de Janeiro desse ano.[7]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d e f g h i j k l m n o p q VIEGAS, Domingos (3 de Janeiro de 2013). «Casa de Odeleite: Uma viagem no tempo até ao início do século XX». Expresso / Jornal do Algarve. Consultado em 3 de Janeiro de 2021 
  2. «Casa de Odeleite». Natural. Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas. Consultado em 3 de Janeiro de 2021 
  3. «Casa de Odeleite». Lifecooler. Consultado em 3 de Janeiro de 2021 
  4. a b «Casa de Odeleite reabriu ao público esta sexta-feira». Sul Informação. 25 de Janeiro de 2019. Consultado em 3 de Janeiro de 2021 
  5. a b c FERNANDES e JANEIRO, 2008:116
  6. a b PIRES, Edgar (9 de Novembro de 2018). «Casa de Odeleite está a potenciar turismo no nordeste algarvio». Diário Online / Região Sul. Consultado em 3 de Janeiro de 2021 
  7. PIRES, Edgar (25 de Janeiro de 2019). «Casa de Odeleite já reabriu». Diário Online / Região Sul. Consultado em 3 de Janeiro de 2021 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]


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