Consagração à Nossa Senhora
A Consagração à Nossa Senhora é uma oração, de saudação e súplica de intercessão, à Virgem Maria decorrente de uma devoção muito antiga, que remonta aos primeiros séculos da Igreja. Com o passar do tempo, a consagração passou a ganhar novos elementos, como a criação de fórmulas e orações à Santíssima Virgem. Grandes santos, como Santo Agostinho, São Bernardo, São Domingos e Santo Afonso Maria de Ligório, escreveram sobre Nossa Senhora e sua importância para a Igreja e para a vida dos cristãos. Esta evolução da devoção a Maria ganhou, com São Luís Maria Grignion de Montfort,[1] um método de consagração. Segundo a doutrina católica, a consagração à Virgem não se opõe à fé em Jesus e na Igreja, mas, ao contrário, nos leva viver com fidelidade os mandamentos da lei de Deus.[2]
O texto da oração
[editar | editar código-fonte]Em português
[editar | editar código-fonte]Ó Senhora minha! Ó minha Mãe! Eu me ofereço todo(a) a Vós, e em prova da minha devoção para convosco, Vos consagro neste dia e para sempre: os meus olhos, os meus ouvidos, a minha boca, o meu coração e inteiramente todo o meu ser. E porque assim sou vosso(a), ó incomparável Mãe, guardai-me e defendei-me como coisa e propriedade vossa, lembrai-Vos que Vos pertenço, terna Mãe, Senhora nossa.
- Traduções diversas
É comum um erro de interpretação com a consequente adulteração do texto, principalmente em algumas versões cantadas. Mas, não há dúvida, bastando recorrer ao original em latim, língua oficial da Igreja. Na “Raccolta” (em italiano: "coleção", um manual publicado entre 1807 e 1950, que trazia o elenco de orações católicas romanas e outros atos de piedade, como novenas, para que indulgências específicas fossem concedidas pelos papas) e no atual “Enchiridion Indulgentiarum”[3] encontra-se o termo “rem” que é o substantivo feminino latino “res” (este do sânscrito: ra) no caso acusativo, significando: coisa material, corpo, criatura, ser, objeto, assunto, matéria, fato, fenômeno, realidade, modo de vida, trabalho etc (cf. Saraiva, F.R. dos Santos. Novíssimo Dicionário Latino Português. Edição fac-simile. Livraria Garnier. Belo Horizonte. 2006. pag. 1227). Na oração, portanto, a tradução “coisa” é bem acertada. Há pessoas que argumentam que para a "sensibilidade romântica", de alguns fiéis, “coisa” é termo agressivo ou desprezível. Mas esta foi a palavra escolhida para a “Consagração de Escravidão a Jesus e Maria”, segundo a doutrina de São Luís Maria, que justificava que os homens guardam, com zelo e carinho, muitas coisas e propriedade, tais como objetos que relembram algo e objetos considerados preciosos. Assim, os homens são, aos olhos de Maria, exatamente tais coisas preciosas. A doutrina e a exegese explicam que Maria bem conhece este preço: “De fato, fostes comprados, e por preço muito alto!” (1Cor 6,20a).
Em latim
[editar | editar código-fonte]O Domina mea! O Mater mea! Tibi me totum offero, atque, ut me tibi probem devotum, consecro tibi [hodie*] oculos meos, aures meas, os meum, cor meum, plane me totum. Quoniam itaque tuus sum, o bona Mater, serva me, defende me ut rem ac possessionem tuam. Amen.
Música
[editar | editar código-fonte]Vários compositores escreveram música para o texto da Consagração. No Brasil, é celebre a interpretação do Padre Antônio Maria.