Convenção da Haia sobre os Aspectos Civis do Sequestro Internacional de Crianças
Convenção da Haia sobre os Aspectos Civis do Sequestro Internacional de Crianças | |
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Estados-membros da Convenção
Estados que assinaram e ratificaram a Convenção Estados que aderiram à Convenção Estados que ratificaram (tratado ainda não em vigor)
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Local de assinatura | Haia |
Partes | 103 (dez 2022) |
Assinado | 25 de outubro de 1980 |
Em vigor | 1º de dezembro de 1983 |
Condição | Ratificação por 3 Estados |
Publicação | |
Arquivo | Ministério das Relações Exteriores do Reino dos Países Baixos |
Língua(s) | portuguêsinglês, francês, |
A Convenção da Haia sobre os Aspectos Civis do Sequestro Internacional de Crianças(português brasileiro) ou Convenção sobre os Aspectos Civis do Rapto Internacional de Crianças (português europeu) é um tratado multilateral que objetiva assegurar o retorno imediato de crianças ilicitamente transferidas para qualquer Estados-membro (ou nele retidas indevidamente) e fazer respeitar de maneira efetiva os direitos de guarda e de visita existentes entre os países.[1]
É uma das várias convenções na área do direito internacional privado da Conferência da Haia (HCCH), tendo sido concluída em 25 de outubro de 1980 e entrado em vigor entre os países signatários em 1º de dezembro de 1983.[1]
Procedimento
[editar | editar código-fonte]A Convenção prevê procedimentos para devolver uma criança subtraída internacionalmente por um dos pais ou rersponsáveis legais de um Estado-membro para outro. A Convenção aplica-se apenas a crianças menores de 16 anos.[1]
A principal intenção do tratado é restabelecer a situação anterior à subtração ou retenção existente imediatamente antes de uma alegada remoção ou retenção indevida, impedindo assim um pai/mãe/responsável de cruzar fronteiras internacionais em busca de um tribunal mais compreensivo[2] (atitude chamada no direito internacional de forum shopping).
De acordo com a Convenção, cada Estado contratante é obrigado a designar uma autoridade central para lidar com o tema.
O Brasil aderiu à convenção e a internalizou por meio do Decreto 3.413, de 14 de abril de 2000[3], tendo designado como Autoridade Central Administrativa Federal – ACAF para este tratado, e também para a Convenção da Haia sobre adoção internacional, a Secretaria Especial de Direitos Humanos, que atua nos termos do artigo 6º do tratado.[2]
Antes da Convenção, os pedidos relativos à matéria dependiam dos canais clássicos da cooperação jurídica internacional, ou seja, eram tramitado por meio de cartas rogatórias e dependiam da homologação de sentenças estrangeiras que determinassem a guarda, em um processo que era lento e custoso.[2]
Terminologia
[editar | editar código-fonte]O termo "sequestro" usado na Convenção significa subtração ou abdução, em uma perspectiva civil, e não se confunde com o termo usado no direito penal (para esta acepção, ver sequestro). Como a subtração é feita por alguém, geralmente, bastante próximo à criança, faltam os elementos que a caracterizariam como um ilícito penal (o uso de violência ou o objetivo de receber resgate, por exemplo). A Convenção lida bastante com casos em que, após a dissolução conjugal, um dos cônjuges, que é de outra nacionalidade ou habitava outro país anteriormente, para o qual quer voltar, transfere a criança independente da autorização ou regulamentação do outro ex-cônjuge.[1]
Apesar das críticas ao termo, o Brasil manteve o termo "sequestro" ao promulgar a Convenção.[1][4]
Nos países de língua inglesa utilizou-se o termo "abduction", que significa o traslado ilícito de uma pessoa (no caso, uma criança) para outro país mediante o uso de força ou fraude. A versão francesa da Convenção adota o termo "enlèvement", que significa retirada, remoção. Em Portugal o termo foi traduzido para "rapto", o que tem cabimento na legislação portuguesa, mas não na brasileira, onde o significado é também diverso. No Brasil, curiosamente, optou-se pela utilização do termo "sequestro" o que, por não corresponder ao tipo previsto em nossa legislação civil ou penal, tem causado certa perplexidade entre os operadores do Direito e mesmo um pouco de incompreensão no plano interno. A utilização do termo "sequestro" tem causado repulsa até mesmo entre os pais que o cometem, por estar ligado à subtração de pessoas com o objetivo de obter dinheiro ou vantagem financeira, o que não é o caso. Um ajuste na tradução do texto original da Convenção para o português seria bem recebido, para aplacar muitas dúvidas e mal-entendidos.[5]
Convenção da Haia sobre os Aspectos Civis do Sequestro Internacional de Crianças | |
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Estados-membros da Convenção
Estados que assinaram e ratificaram a Convenção Estados que aderiram à Convenção Estados que ratificaram (tratado ainda não em vigor)
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Local de assinatura | Haia |
Partes | 103 (dez 2022) |
Assinado | 25 de outubro de 1980 |
Em vigor | 1º de dezembro de 1983 |
Condição | Ratificação por 3 Estados |
Publicação | |
Arquivo | Ministério das Relações Exteriores do Reino dos Países Baixos |
Língua(s) | portuguêsinglês, francês, |
A Convenção não altera quaisquer direitos substantivos dos pais ou da criança. A Convenção exige que um tribunal perante o qual uma ação da Convenção da Haia seja movida não deve considerar o mérito de qualquer disputa de custódia de criança subjacente, mas deve determinar apenas o país em que essa disputa deve ser julgada. O retorno da criança é para o país membro e não especificamente para o progenitor deixado para trás.
Estados-partes
[editar | editar código-fonte]Até julho de 2024[update], havia 103 partes na convenção. Os últimos estados a aderir à Convenção foram Botswana e Cabo Verde, em 2022.[6]
Veja também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ a b c d e «HCCH | #28 - Texto integral». www.hcch.net. Consultado em 30 de dezembro de 2022 Erro de citação: Código
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inválido; o nome ":0" é definido mais de uma vez com conteúdos diferentes - ↑ a b c de Araujo, Nadia. «A Convenção da Haia sobre os aspectos civis do sequestro de menores: algumas notas recentes» (PDF). https://www.gov.br/mj/pt-br. Consultado em 30 de dezembro de 2022
- ↑ BRASIL (14 de abril de 2000). «DECRETO No 3.413, DE 14 DE ABRIL DE 2000». Consultado em 30 de dezembro de 2022
- ↑ BRASIL (14 de abril de 2000). «DECRETO No 3.413, DE 14 DE ABRIL DE 2000». Consultado em 30 de dezembro de 2022
- ↑ «Cooperação Jurídica Internacional - TJPR». www.tjpr.jus.br. Consultado em 30 de dezembro de 2022
- ↑ «HCCH | #28 - Assinaturas e Ratificações». www.hcch.net. Consultado em 30 de dezembro de 2022
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Texto integral da Convenção
- Assinaturas e ratificações
- Seção sobre sequestro de crianças no sítio da Conferência da Haia
- INCADAT – Banco de dados de jurisprudência de diferentes jurisdições sobre a Convenção da Haia sobre Sequestro de Crianças de 1980
- Múltiplas perspectivas sobre as implicações da Convenção de Haia (em inglês)
- Conferência da Haia - Guias de boas práticas (em inglês)
- Relatório Explicativo de Elisa Perez-Vera (em inglês)
- Tratados estendidos a Jersey
- Tratados estendidos à Ilha de Man
- Tratados estendidos às Ilhas Malvinas
- Tratados estendidos às Ilhas Cayman
- Tratados estendidos às Bermudas
- Tratados estendidos aos Países Baixos Caribenhos
- 1980 nos Países Baixos
- Tratados da Jugoslávia
- Tratados do Zimbabwe
- Tratados da Zâmbia
- Tratados do Uzbequistão
- Tratados do Turquemenistão
- Tratados de Trinidad e Tobago
- Tratados da Tailândia
- Tratados de Singapura
- Tratados das Seicheles
- Tratados de São Marino
- Tratados de São Cristóvão e Neves
- Tratados das Filipinas
- Tratados do Paquistão
- Tratados da Moldávia
- Tratados da Nicarágua
- Tratados do Lesoto
- Tratados do Cazaquistão
- Tratados do Japão
- Tratados do Iraque
- Tratados de Honduras
- Tratados da Guiné
- Tratados da Guatemala
- Tratados do Gabão
- Tratados das Fiji
- Tratados de El Salvador
- Tratados da República Dominicana
- Tratados da Colômbia
- Tratados de Burquina Fasso
- Tratados de Belize
- Tratados das Bahamas
- Tratados da Arménia
- Tratados de Andorra
- Tratados da Venezuela
- Tratados do Uruguai
- Tratados do Reino Unido
- Tratados dos Estados Unidos
- Tratados da Ucrânia
- Tratados da Turquia
- Tratados da Macedónia do Norte
- Tratados da Suíça
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- Tratados da Eslovénia
- Tratados da Eslováquia
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