Cratera Silverpit

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Cratera Silverpit
Geografia
País
Região
Coordenadas
Geologia
Tipo
Exploração
Data de descoberta
Mapa
Localização aproximada da Cratera Silverpit.

A cratera Silverpit localiza-se no Mar do Norte, perto da costa do Reino Unido. A cratera foi descoberta em 2002 durante a análise de dados sismícos numa análise de rotina para a exploração de petróleo. Contudo, foram propostas origens alternativas para a cratera.

Pensa-se que a cratera terá cerca de 65 milhões de anos, fazendo-a coincidir no espaço temporal com a Cratera de Chicxulub (Extinção K-T). Caso a Silverpit seja realmente uma cratera de impacto, isto pode significar que a Terra terá sido atingida nessa altura por vários objetos, possivelmente semelhantes à colisão do Cometa Shoemaker-Levy 9 com Júpiter em 1994. São conhecidas várias crateras de impacto à volta do mundo e datarão da mesma época, credibilizando esta teoria.

Descoberta[editar | editar código-fonte]

Uma vista perspectiva da área da superfície, observada do nordeste, mostrando os anéis circundando a cratera central. As falsas cores indicam a profundidade (vermelho/amarelo=raso; azul/roxo=profundo). (Créditos da imagem: Phill Allen (PGL) e Simon Stewart (BP))

A cratera foi descoberta durante a análise de dados sísmicos recolhidos pelos geocientistas petroleiros Simon Stewart, da British Petroleum, e Philip Allen, da Production Geoscience Ltd., em um ponto situado a 130 km do estuário do Humber, durante uma busca de rotina de depósitos de combustível fóssil. Allen notou um conjunto de anéis concêntricos, mas não deu interpretação a este fenômeno, e colocou uma imagem deles na parede de seu escritório, esperando que alguém lhe ajudasse a compreender o mistério de sua existência. O descobrimento e a hipótese de cratera de impacto foram publicados na revista Nature, em 2002. O nome de Silverpit tem sua origem nas bases de pesca locais.

Apenas três anos antes do anúncio do descobrimento da cratera Silverpit, havia-se sugerido que os dados sísmicos do Mar do Norte possuíam boas probabilidades de mostrar evidências de uma cratera de impacto: dada a taxa de formação de crateras na Terra e o tamanho do Mar do Norte, o número esperado de crateras de impacto era de uma.[1]

A cratera atualmente se encontra abaixo de uma capa de sedimentos de aproximadamente 1.500 metros de profundidade, que formam a base do Mar do Norte a uma profundidade de cerca de 40 metros. Os estudos sugerem que na época da formação da cratera, a área estava entre 50 e 300 metros abaixo do nível do mar.[carece de fontes?]

O impacto[editar | editar código-fonte]

Mapa Sísmico da cratera Silverpit no Mar do Norte.

O tamanho da cratera e de certas suposições sobre a velocidade do objeto, o tamanho deste pode ser estimado. Os meteoritos geralmente movem-se a velocidades na ordem dos 20 a 50  km/s, e a estas velocidades um objeto com 120 m de diâmetro e com uma massa de 2.0×109 kg seria o necessário para criar uma cratera do tamanho da Silverpit, caso o meteorito seja rochoso. Caso tenha sido um cometa teria sido um pouco maior.

Como comparação, o meteorito que atingiu a Terra na cratera de Chicxulub tem um tamanho estimado de 9.6 km de diâmetro, enquanto que o meteorito de Tunguska em 1908 que se pensa ter sido um cometa ou asteroide tinha cerca de 60 metros de diâmetro, com uma massa de cerca 4×108 kg [5].

Um objeto de 120 m de diâmetro que colida com o mar a muitos quilômetros por segundo teria originado maremotos enormes. O que levou os cientistas a procurar evidências de grandes maremotos nas áreas envolventes que datem dessa época, mas até agora nenhuma evidência foi descoberta.

Datação[editar | editar código-fonte]

A posição da cratera dentro das camadas de rocha e sedimentos no fundo do chão podem ser usados para verificar a sua idade: os sedimentos depositados antes da formação da cratera vão ser alterados, mas aqueles que se acumularam depois do evento não serão. Allen e Stewart descobriram que a Silverpit foi formada em giz do Cretáceo e em xisto Jurássico, mas está coberto por uma camada de sedimentos da era terciária não perturbados. O Período Cretáceo terminou há cerca de 65 milhões de anos, e então a Silverpit deverá ter-se formado há entre 60 a 65 milhões de anos. O impacto Chicxulub, que provavelmente teve maior influência na extinção dos dinossauros, ocorreu há cerca de 65 milhões de anos.

Este método de estimativa da idade da formação é algo cru, e o resultado é questionável pelas hipóteses de não-impacto por Underhill. Outras formas possíveis de datação de impactos inclui olhar para a evidência de material ejetável como as tectanites, e depósitos de maremotos teóricos, que poderão ser encontrados algures na bacia do Mar do Norte, mas poderá ter sido sujeito a glaciações repetidas. Ao permitir determinar uma idade mais exata, estas linhas de investigação poderiam também suportar a hipótese de impacto. Duas amostras estão a ser analisadas, depois de terem sido removidas do sistema em anel.

A análise de amostras tiradas do centro da cratera também ajudariam a determinar a idade, contudo tais amostras não foram retiradas.

Parte de múltiplos impactos?[editar | editar código-fonte]

A Silverpit aparenta-se mais com a cratera Valhalla em Calisto do que com outras crateras terrestres.

A idade estimada da Silverpit leva a inevitáveis especulações sobre se está relacionada com a cratera Chicxulub e com a extinção dos dinossauros. A idade precisa ainda não é conhecida, e no momento os cientistas podem apenas especular. Contudo, várias outras crateras grandes com uma idade aproximada desta foram descobertas, todas nas latitudes 20°N e 70°N, levando à hipótese de que o impacto de Chicxulub pode ter sido um entre vários impactos que aconteceram ao mesmo tempo.

A colisão do cometa Shoemaker-Levy 9 com Júpiter em 1994 provou que interações gravitacionais podem fragmentar um cometa, levando a vários impactos durante um período de poucos dias caso o cometa colidisse com um planeta. Os cometas normalmente têm interações gravitacionais como os gigantes gasosos, e rompimentos e colisão ocorreram com muita probabilidade no passado. O cenário pode ter ocorrido com a Terra há 65 milhões de anos.

As provas para esta hipótese não são ainda muito forte. No entanto, as idades da cratera Silverpit e de outras crateras possivelmente relacionadas têm uma exatidão de alguns milhões de anos.

Referências

  1. Stewart SA, Allen PJ (2002). «A 20-km-diameter multi-ringed impact structure in the North Sea». Nature. 418 (6897): 520–3. Bibcode:2002Natur.418..520S. PMID 12152076. doi:10.1038/nature00914 
  1. Stewart, S.A., Allen, P.J., (2002), "A 20-km-diameter multi-ringed impact structure in the North Sea", Nature 418, 520–523
  2. Underhill J.R., (2004), "An alternative origin for the Silverpit crater", Nature (18 Março 2004)
  3. Allen P.J., Stewart S.A. (2003), "Silverpit: the morphology of a terrestrial multi-ringed impact structure", Lunar and Planetary Science XXXIV, p1351
  4. Collins G.S., Turtle E.P., Melosh H.J. (2003), Numerical Simulations of Silverpit Crater Collapse, Impact Cratering: Bridging the Gap Between Modeling and Observations, p. 18
  5. Foschini L. (1999), "A solution for the Tunguska event", Astronomy and Astrophysics, v.342, p. L1