Cultura Grota-Pelos

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Figurinhas da Cultura Grota-Pelos, Museu Arqueológico Nacional, Atenas
Candila encontrada em Antiparos, Museu Britânico, Londres

Cultura Grota-Pelos ou Grotta-Pelos (3100/3000–2 650 a.C.[nt 1]), também referida como Cicládico Antigo I, foi a primeira cultura atestada nas Cíclades durante a Civilização Cicládica. Nomeada após a descoberta do assentamento de Grota em Naxos e do cemitério de Pelos em Melos, esta cultura também foi identificada nos sítios de Filácopi em Melos, Pirgos e Plastiras em Paros, Crassades em Antiparos, Zumbaria em Despotico, Crassades, Louros e Lacudes em Naxos, Acrotiraci em Sífnos e Marciani em Amorgos.[3][2] Os assentamentos eram pequenos povoados agrícolas não fortificados compostos por edifícios retangulares com uma ou duas salas com paredes de pedra ou argila.[4]

Os cemitérios são compostos por agrupamentos de até 50 cistas. De plano trapezoidal, as cistas foram construídas com quatro, e às vezes três, lajes verticais e um pequeno trecho de entulho seco. Suas fundações geralmente são de rocha matriz ou solo estéril, embora por vezes é encontrado exemplos cobertos por uma ou mais lajes, ou seixos. Estas tumbas provavelmente contêm indivíduos aparentados, e em muitos casos membros dum mesmo núcleo familiar num período de duas para seis gerações. As inumações individuais foram comuns, porém é frequente a presença de inumações múltiplas, de dois a oito indivíduos, em tumbas de dois níveis. Os defuntos eram depositados em posição contraída, geralmente virados para a direita, e sem bens funerários. Nos túmulos de dois níveis, o nível inferior serviu para depositar os antigos ocupantes.[1]

Durante este período nota-se um incremento significativo da população cicládica, em contraste com os esparsos povoamentos do neolítico, e descobre-se pelas escavações que as ilhas mantiveram intensos contatos com o sítio de Iasos, na Anatólia, bem como contatos esparsos e esporádicos com os sítios do norte de Creta e a Grécia Central. O cultivo de uvas e olivas provavelmente emergiu nesta época e nota-se o desenvolvimento de produtos metálicos, embora atualmente somente se conheça alguns fios de cobre, quatro furadores quadrangulares e um colar de contas de prata, todos encontrados no cemitério de Louros.[1]

Frigideira em estilo Campos, Louvre, Paris

A principal matéria-prima do período foi a obsidiana, uma pedra vulcânica presente somente em Melos. À época o produto mais comumente comercializado,[2] com ela fabricava-se essencialmente lâminas.[3] Produzia-se uma cerâmica de paredes finas e polimento escuro. Dentre as formas típicas há tigelas com rebordos arredondados e orelhas tubulares horizontalmente perfuradas no exterior abaixo do rebordo, píxides cilíndricos e frigideiras retangulares do "tipo Campos": bordas retas decoradas com uma ou mais espirais de enquadramento incisas; alça retangular com barras cruzadas; campo circular decorado com espirais incisas em torno de uma estrela central.[1]

Trabalho com mármore também é evidenciado, e restringe-se a vasos e figurinhas. Os tipos de mais de vasos de mármore são tigelas hemisféricas e/ou rasas com alças, taças altas e de base plana e candilas (jarros, presumivelmente votivos,[5] de pé e pescoço cônico e forma de ouriço-do-mar). As estatuetas, mais variadas, são dividas em três grupos: Plastiras (naturalista) - rótulas e orelhas proeminentes, mãos sobre o estômago e braços não dobrados; Pelos (esquemático) - seixos ovoides ou elípticos, forma de violino, haste como pescoço e sem cabeça reconhecível; Louros (esquemático e naturalista) - braços curtos estendidos horizontalmente sobre o ombro.[1][2]

Notas

  1. As datas aqui expostas representam as estimativas dos profissionais da Faculdade de Dartmouth.[1] A datação é variada havendo, como exemplo, os períodos alternativos de 3300–2800, proposto pela Faculdade de Lake Forest,[2] e 3400–3000, presente no Oxford Handbook of the Bronze Age.[3]

Referências

  1. a b c d e «The Early Cycladic Period» (em inglês). Consultado em 30 de janeiro de 2012 
  2. a b c d «VII. Account of Specific Periods and Cultures» (em inglês). Consultado em 30 de janeiro de 2012 
  3. a b c Cline 2012, p. 87.
  4. Fitton 1989, p. 24-25.
  5. «Stone vase, known as a kandila» (em inglês). Consultado em 30 de janeiro de 2012. Arquivado do original em 27 de outubro de 2014 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Fitton, J. Lesley (1989). Cycladic Art. [S.l.]: British Museum Press. ISBN 0714121606 
  • Cline, Erick H. (2012). The Oxford Handbook of the Bronze Age Aegean. [S.l.]: Oxford University Press. ISBN 0199873607