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Carbonado Sérgio

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(Redirecionado de Diamante Sérgio)
Reprodução de réplica do Sérgio na revista Popular Science, em 1906.

Carbonado Sérgio (também chamado Carbonado do Sérgio ou diamante do Sérgio) foi o maior diamante negro, ou carbonado, já encontrado na Terra, pesando 3 167 quilates,[nota 1] minerado em 1895 pelo garimpeiro Sérgio Borges de Carvalho (de onde vem seu nome) na cidade brasileira de Lençóis, na Chapada Diamantina, região central do estado da Bahia, tendo sua origem provável na queda de um meteorito.[2][3][4][5][6][7][8]

O Sérgio é considerado o maior diamante do mundo e os carbonados - que receberam esse nome pelos mineiros da Chapada Diamantina por seu aspecto escuro, como se fosse queimado ou "carbonizado" - e foram descobertos na década de 1840 no interior baiano e sua única outra fonte conhecida é na República Centro-Africana, o que faz supor que ambas jazidas tenham a mesma origem.[9]

Foi encontrado no garimpo chamado "Brejo da Lama", situado a cerca de dez quilômetros de Lençóis. O garimpeiro o vendeu, em valores da época, por 114 contos de réis ao comerciante José Bezerra.[10] A mina era situada na região que então se denominava de "Segunda Companhia", localizada entre o rio Roncador e o riacho das Bicas.[1]

Segundo relatou o cônsul francês no Brasil à época, Paul Serre, Sérgio era um homem bruto que ao cabo de um ano gastou toda a fortuna amealhada com a venda. Seu relato, entretanto, ignora o fato de que o mineiro teve que entregar 25% do valor recebido ao proprietário da mina além de outros tantos aos exploradores do lugar e os impostos.[1]

Serre informou, ainda, que antes de o diamante ser quebrado depois que nenhum museu quis comprá-lo, foram feitos dois modelos da pedra - um ficando na Bahia (no Instituto Geográfico e Histórico da Bahia) e outro em Paris que, à época, tinha ao menos cinco coleções mineralógicas; o primeiro cientista a estudar o carbonado foi Henri Moissan que, ainda em 1895, publicou um artigo contendo uma ilustração da notável pedra. Naquele mesmo ano o "Sérgio" foi vendido ao comerciante de diamantes James Ker Gulland e duas novas réplicas foram produzidas e enviadas a Londres, uma das quais ao Museu Britânico. Foi, então, quebrado em pedaços de 3 e 6 quilates e vendidos para uso industrial. Com a descoberta, dez anos depois, do diamante Cullinan na África do Sul, Sérgio acabou sendo esquecido, e suas cópias consideradas perdidas.[1][nota 2]

Em 2023 o Museu Nacional de História Natural, em Paris, redescobriu a peça fundida com o molde do Sérgio numa réplica de alta qualidade, e que fora considerada perdida por um erro de catalogação. Foi então feita a comparação com a réplica do Cullinan, evidenciando a supremacia do primeiro como maior diamante já descoberto no mundo.[1]

Notas e referências

Notas

  1. Estudo mais recente, contudo, dá o diamante como pesando 3 245 quilates.[1]
  2. Foi apenas com o desenvolvimento de tecnologia laser, no final do século XX, que os diamantes negros puderam ser lapidados e ter seu uso valorizado na joalheria. Até então, seu valor comercial era bem inferior aos diamantes translúcidos, o que contribuiu para a maior fama do Cullinan e obscurecimento do Sérgio.[1]

Referências

  1. a b c d e f «L'histoire de "Sergio", le plus gros diamant jamais découvert». mnhn.fr (em francês). Museu Nacional de História Natural. 2024. Consultado em 2 de julho de 2024. Cópia arquivada em 2 de julho de 2024 
  2. William, Stephen E. (2017). «Carbonado Diamond: A Review of Properties and Origin». Gemological Institute of America. Consultado em 4 de abril de 2018 
  3. «Carbonado - A possible relic from Uranus or Neptune». meteoritestudies.com. Consultado em 15 de fevereiro de 2013 
  4. Broad, William J. (17 de setembro de 1996). «Giant Black Diamonds Of Mysterious Origin May Hail From Space». New York Times. Consultado em 4 de abril de 2018 
  5. «Diamonds in the Sky». www.pbs.org 
  6. Ralf Tappert, Michelle C. Tappert "Diamonds in Nature: A Guide to Rough Diamonds", p. 41
  7. Mark A. Prelas, Galina Popovici, Louis K. Bigelow (eds.) "Handbook of Industrial Diamonds and Diamond Films", p. 484
  8. G.J.H. McCall. «The carbonado diamond conundrum» (PDF). Consultado em 21 de fevereiro de 2014. Arquivado do original (PDF) em 21 de fevereiro de 2014 
  9. Maya Wei-Haas (11 de fevereiro de 2022). «Enorme diamante negro é vendido por mais de US$ 4 mi – e ninguém sabe de onde ele veio». nationalgeographicbrasil.com. National Geographic. Consultado em 1 de julho de 2024. Cópia arquivada em 12 de fevereiro de 2022 
  10. «O Carbonado». Rio de Janeiro. Bahia Illustrada (nº 6): p. 22. 1 de maio de 1918. Disponível no acervo da Biblioteca Nacional do Brasil (pesquisa) 

Ligações externas

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