Dinastia guxárida
Os guxáridas foram a primeira dinastia conhecida que governou na região de Gogarena, uma das províncias do Reino da Armênia, como vitaxas (vice-reis). Sua existência foi proposta por Cyril Toumanoff, que lhes batizou em referência a Guxar, uma personagem ficcional citada pelo cronista Moisés de Corene em sua História da Armênia. Os primeiros guxáridas conhecidas remontam ao século I. A dinastia continuaria a governar Gogarena até meados do século IV, quando foi substituída pelos mirrânidas de Perozes.
História
[editar | editar código-fonte]Não há provas de que Gogarena foi governada por uma única dinastia antes dos mirrânidas serem empossados no século IV, mas Cyril Toumanoff propôs referir-se a todos os vitaxas conhecidos anteriores a Perozes como guxáridas.[1][2] Sua inspiração veio do relato de Moisés de Corene que, em sua História da Armênia, afirmou que durante o reinado do mítico Valarsaces I (século III a.C.), os descendentes de Guxar, parente do patriarca Haico através de Xarai, foram feitos vitaxas em Gogarena (Marca Mósquia), na fronteira norte da Armênia. Sob seu controle permaneceu a montanha Metim (Cangarca), metade de Javaquécia, Colbafora, Zorofora, Zobofora (em Gogarena) e Asócia (em Airarate).[3][4]
Em algum ponto antes de 339, Colbafora e Zorofora tornar-se-iam domínios principescos independentes do vitaxa, possivelmente governados por linhagens cadetes dos guxáridas, e em 363, no rescaldo da Paz de Nísibis, seria incorporados pelo Reino da Albânia. Por sua vez, no mesmo contexto, Colarzena (Clarjécia) e Javaquécia foram tomadas pela coroa do Reino da Ibéria, quando os vitaxas de Gogarena aceitaram a suserania de Misqueta.[5] Fausto, o Bizantino menciona que, em 371, os territórios perdidos pela Armênia nessa época foram atacados sob ordens do rei Papa (r. 370–374) e é provável que os guxáridas possam ter sido exterminados no processo como consequência.[6] No interim, os mirrânidas de Perozes foram empossados em Gogarena pelo rei ibero.[7]
Referências
- ↑ Toumanoff 1963, p. 186-187, 189.
- ↑ Rapp 2014, p. 64.
- ↑ Moisés de Corene 1978, p. 141-142.
- ↑ Toumanoff 1963, p. 468-469.
- ↑ Toumanoff 1963, p. 190.
- ↑ Toumanoff 1963, p. 474, nota 161.
- ↑ Toumanoff 1963, p. 474.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Fausto, o Bizantino (1989). Garsoïan, Nina, ed. The Epic Histories Attributed to Pʻawstos Buzand: (Buzandaran Patmutʻiwnkʻ). Cambrígia, Massachusetts: Departamento de Línguas e Civilizações Próximo Orientais, Universidade de Harvard
- Moisés de Corene (1978). Thomson, Robert W., ed. History of the Armenians. Cambrígia, Massachusetts; Londres: Harvard University Press
- Rapp, Stephen H. Jr. (2014). The Sasanian World through Georgian Eyes: Caucasia and the Iranian Commonwealth in Late Antique Georgian Literature. Farnham: Ashgate Publishing, Ltd. ISBN 1472425529
- Toumanoff, Cyril (1963). Studies in Christian Caucasian History. Washington: Georgetown University Press