Entente do Báltico

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Região Báltica incluindo Estônia, Letônia e Lituânia

A Entente do Báltico foi baseada no Tratado de Entendimento e Colaboração[1] assinado entre a Lituânia, a Letônia e a Estônia em 12 de setembro de 1934 em Genebra. O principal objetivo do acordo era uma ação conjunta na política externa. Incluía também compromissos mútuos de apoiar uns aos outros politicamente e dar apoio diplomático na comunicação internacional. O esforço acabou por ser mal sucedido - a força combinada das três nações e as declarações de neutralidade foram insubstanciais em face dos enormes exércitos da Alemanha nazista e da União Soviética. Os planos para dividir o controle dos territórios europeus localizados entre as duas potências definidos no Pacto Molotov-Ribbentrop de 1939 atribuiu os países bálticos na "esfera de influência" soviética. Como resultado, em 1940, os três países foram de fato ocupados e anexados à União Soviética.

Formação[editar | editar código-fonte]

A ideia de se criar uma União Báltica iniciou ganhando impulso entre 1914 e 1918 e tornou-se uma consequência direta [carece de fontes?] das esperanças dos povos pela independência. O conceito de unir Estônia, Letônia e Lituânia originou das mentes dos inúmeros refugiados que não tiveram outra opção senão fugir para o oeste para escapar da tirania em sua pátria. Eles reuniram os seus esforços na luta para conseguir a liberdade e criar uma nacionalidade.[2] Seus esforços tornaram-se mais evidentes após o fim da Primeira Guerra Mundial em 1918.

Graças à vitória da Entente na Primeira Guerra Mundial e ao relativo enfraquecimento internacional da Alemanha e da Rússia, tornou-se possível para os Estados bálticos pôr as suas ideias teóricas em prática, estabelecendo-se politicamente no cenário internacional. Os três países bálticos conseguiram garantir a sua independência através da assinatura de tratados de paz individuais com a Rússia em 1920.[3] Isso foi um grande passo em direção a cooperação diplomática entre os Estados bálticos, e permitiu que cada nação recebesse o reconhecimento de sua soberania a partir de outros Estados. A aceitação dos Estados bálticos como membros da Liga das Nações, em setembro de 1921, significou que a estabilidade da Letônia, Estônia e Lituânia parecia aprovada. O principal resultado da Primeira Guerra Mundial - o "sistema de Versalhes" - determinou uma nova ordem internacional na Europa. Sob as novas condições, a questão de solidificar a independência dos Estados Bálticos foi de suma importância.

No entanto, não seria até 1934 que o estabelecimento da união seria possível. A Lituânia permaneceu relutante à ideia, porque a sua estratégia de política internacional contradizia às da Letônia e Estônia. Embora a Letônia e a Estônia vissem a Alemanha e a Rússia Soviética como os principais perigos, a Lituânia procurou aliar-se com esses Estados. Apenas o pacto de não agressão soviético-polonês e o pacto de não agressão germano-polonês em 1934 resultariam no colapso da estratégia das relações internacionais da Lituânia e a obrigaria a alterar a sua posição.

Finalidade[editar | editar código-fonte]

No cerne da criação da Entente estava o desejo de seus membros de prolongar e solidificar a paz.[4] As razões para criação da Entente foram expressas no preâmbulo do Tratado da Entente Báltica, que foi assinado em 12 de Setembro de 1934:

Firmemente decidido a contribuir para a manutenção e garantia da paz, e para coordenar a sua política externa dentro do espírito dos princípios do Pacto da Liga das Nações, os Estados Bálticos decidiram concluir um tratado.[5]

Organização[editar | editar código-fonte]

No centro da organização da Entente Báltica estava uma agência de coordenação. A necessidade de criação estava pressuposta pelos planos da Entente de prosseguir uma política externa unificada.[5] A responsabilidade do órgão é estipulada no artigo 2 do Tratado.:

Para os fins declarados no primeiro artigo, as partes contratantes optaram por instituir conferências periódicas dos Ministros das Relações Exteriores dos três países.[6]

Fatores de desintegração[editar | editar código-fonte]

Se não fosse pelas "fraquezas internas" e um conflito com a Polônia, a Entente do Báltico "poderia ter sido uma entidade importante".[7] Um dos primeiros incidentes que levaram ao desaparecimento dessa união foi a crise polaco-lituana . A crise resultou da morte de um soldado polonês na fronteira lituana. O governo polonês usou esse incidente como uma alavanca para obrigar a Lituânia a voltar ao contato diplomático com a Polônia. Além disso, a Entente nunca se materializou em uma força política real, porque manteve sua política inicial de neutralidade na iminência da Segunda Guerra Mundial - um momento em que manter a neutralidade foi um erro de cálculo óbvio. A seguir estão os fatores adicionais que, no final, levaram ao colapso dos Entente Báltica:

  1. A vaga definição do que era considerado uma ameaça e o que era o inimigo comum. Desde o dia de sua criação, a Entente carecia de uma concepção unificada daquilo que consideravam ser uma ameaça e quem eram seus inimigos. Essa ambiguidade conduziu à perda de objetivos comuns entre os países membros, e trouxe a impressão de que a cooperação não foi benéfica para o interesse mútuo.
  2. A falta de capacidade de criar segurança mútua. Uma vez que a Entente Báltica não se transformou em uma aliança militar, os seus membros não podiam contar com a organização para garantir a sua segurança.[8]
  3. A ausência de uma base econômica. O fato de os três países não serem integrados a um domínio econômico mutuamente benéfico teve seus efeitos sobre o significativo enfraquecimento da aliança. Tendo estruturas econômicas semelhantes, os três foram obrigados a competirem entre si, ao invés de cooperar.
  4. Fracasso em estabelecer o sentimento de unidade. Diferenças de destinos, mentalidades e culturas das nações configuraram os precedentes para mal-entendidos.[9] Uma vez que os países bálticos não sentiam nenhuma identidade histórica em comum, a união dessas nações afastadas intensificou estes sentimentos e fez os povos bálticos divergirem entre si ainda mais.[10]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Notas[editar | editar código-fonte]

  1. Text of the treaty of Good Understanding and Co-operation. LNTSer 227; «Estonia-Latvia-Lithuania: Treaty of Understanding and Collaboration». The American Journal of International Law. 4 supplement (30): 174–177. 1936 
  2. Kaslas, Bronis (1976). The Baltic Nations — the Quest for Regional Integration and Political Liberty. Pittston: EuramericaPress. p. 121 
  3. Feldmanis, Inesis; Aivars Stranga (1994). Destiny of the Baltic Entente: 1934-1940. Riga: Latvian Institute of International Affairs. p. 12. ISBN 9984-9000-5-3 
  4. Kaslas, The Baltic Nations, p. 176.
  5. a b Kaslas, The Baltic Nations, p. 177.
  6. Kaslas, The Baltic Nations, p. 178.
  7. Feldmanis, Destiny of the Baltic Entente, p. 32.
  8. Feldmanis, Destiny of the Baltic Entente, p. 98.
  9. Pistohlkors, G. von. (1987). «Regionalism as a concept of Baltic historiography». Journal of Baltic Studies. 2: 126–127 
  10. Rebas, H. (1988). «Baltic Regionalism?». Journal of Baltic Studies. 2: 101–104 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Baltic Entente».