Crinolina: diferenças entre revisões
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Também consta que no ano de [[1863]] em [[Santiago]], [[Chile]], entre 2000 e 3000 pessoas morreram num incêndio em uma igreja. Quando um lampião ateou fogo a um véu na parede, as pessoas tentaram correr para a saída, mas as mulheres com esta peça de vestuário acabaram por bloquear a porta. |
Também consta que no ano de [[1863]] em [[Santiago]], [[Chile]], entre 2000 e 3000 pessoas morreram num incêndio em uma igreja. Quando um lampião ateou fogo a um véu na parede, as pessoas tentaram correr para a saída, mas as mulheres com esta peça de vestuário acabaram por bloquear a porta. |
Revisão das 11h25min de 22 de junho de 2015
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/a/ad/USpatent42677_1864.gif/250px-USpatent42677_1864.gif)
As crinolinas eram armações usadas sob as saias para lhes conferir volume, sem a necessidade do uso de inúmeras anáguas.
Histórico
Seu uso marca o momento em que surge a indústria da moda propriamente dita, sendo este o primeiro modismo que poderíamos chamar de "universal": foram usadas de 1852 a 1870, em lugares tão diversos quanto a Nova Zelândia (assistam ao clássico filme O piano e vejam a protagonista fazer uma tenda com a sua anágua crinolina, sob a qual pernoitam ela e a filha) e o Brasil (assistam Mauá - O Imperador e o Rei e vejam May, interpretada por Malu Mader, entreter-se em girar a sua crinolina), a França e o México, os Estados Unidos (basta assistir ao clássico E o vento levou e ver o quanto as crinolinas marcam o estilo do sul dos Estados Unidos) e as colônias européias da África e Ásia, conforme retratadas no clássico O rei e eu por exemplo.
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/4/48/USpatent17602_1857.gif/220px-USpatent17602_1857.gif)
Eram inicialmente feitas artesanalmente, com crinas de cavalo trançadas (vem daí o seu nome) mas, a partir de 1855 passaram a ser produzidas pela indústria, utilizando tirantes e finos arames de aço.
Existe uma historinha, que Gilda de Mello e Souza[1] alude apenas por alto, que explica o surgimento das crinolinas e demonstra a ligação destas com a indústria: Napoleão III, sobrinho de Napoleão Bonaparte, governou a França de 1848 a 1852 como presidente da República e de 1852 a 1870 como imperador. Ele era casado com a belíssima nobre espanhola Eugênia de Montijo, mulher refinada e de grande inteligência, que detestava o desconforto produzido pelas 9 anáguas engomadas que eram usadas para armar as saias na corte.
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/e/e4/Crinoline_era3.gif/220px-Crinoline_era3.gif)
Havia uma fábrica de espetos, em processo de falência, chamada Peugeot. Um belo dia de julho de 1854 a fábrica recebeu a ilustre visita da imperatriz que lhes trouxe um desenho seu de uma espécie de gaiola feita de finíssimos aros de arame de aço e que, desde então, tornaria a indumentária feminina muito mais leve e mais arejada, a crinolina.
A Peugeot foi salva da falência (após 1870 ela passou a produzir guarda-chuvas, depois bicicletas até chegar aos automóveis), a França tornou-se líder mundial inconteste no universo da moda e o nome da bela Eugênia passou a estar associado, para todo o sempre, às “maisons” de alta costura.
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/d/d7/USpatent323963_1885.gif/220px-USpatent323963_1885.gif)
A historinha, muito interessante, é sempre veiculada por pessoas ligadas à moda. De qualquer forma, mesmo que a imperatriz Eugênia não estivesse ligada diretamente à invenção das crinolinas, o certo é que ela foi a principal difusora e propagandista deste modismo.
Após a Guerra Franco-Prussiana, com o final do 2º Império e o exílio de Napoleão III e Eugênia, as crinolinas caíram em descrédito, sendo substituídas pelas tournures ("anquinhas") que armavam apenas a parte traseira das saias e vestidos. Estas, foram usadas até o final da década de 1880.
Ironicamente, para tentar apagar as memórias do 2º Império, a 3ª República adotou o estilo "princesa".
Perigos
Embora não soe como tal, as crinolinas ofereciam riscos às mulheres que as usavam: entre os riscos que proporcionavam, estava a vulnerabilidade a ventanias, causada por seu formato de balão: há relatos de mulheres em portos que foram levadas ao mar, onde se afogaram.
Também consta que no ano de 1863 em Santiago, Chile, entre 2000 e 3000 pessoas morreram num incêndio em uma igreja. Quando um lampião ateou fogo a um véu na parede, as pessoas tentaram correr para a saída, mas as mulheres com esta peça de vestuário acabaram por bloquear a porta.
A segunda esposa do poeta Henry Wadsworth Longfellow morreu em chamas ao derrubar uma vela no seu vestido.
Galeria
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Evolução da Moda de 1794 a 1887 (desenhos esquemáticos).
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Desenho de crinolina (ainda em sua versão artesanal, com crina de cavalo trançada) de 1846.
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Crinolina industrializada de 1865 (EUA).
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Paródia, de George Cruikshank, para The Comic Almanack, 1850.
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Moda de 1854.
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Imagem da revista Punch, de 1856.
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Charge, de uma revista de 1857 (Harper's Weekly, New York), comparando o estilo Império às crinolinas.
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Ilustração de revista para senhoras, de 1859, chamada "Gazette of Fashion" (EUA).
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Imagem da revista Godey's Magazine, 1859.
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Moda de 1860.
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Moda de 1860, Inglaterra.
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Imagem do início da década de 1860 (Petit Courrier des Dames).
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Sequência de fotografias de 1860 que mostram uma dama da sociedade colocando crinolina para ir à ópera.
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Moda de Viena, 1862.
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Caricatura de homens sendo "espremidos" pelas crinolinas das damas.
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Moda de 1864.
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Moda de 1869.
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Moda de 1870.
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Modificação do perfil: 1872, 1877 e 1880.
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Modas de Worth, 1875.
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Revista Punch, moda de 1879.
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Evolução da moda durante a década de 1880.
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Moda da década de 1880.
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Moda de 1888.
Referências
- ↑ SOUZA, Gilda de Mello e - O Espírito das roupas: a moda do século XIX. São Paulo, Cia das Letras, 1987