Vício de linguagem: diferenças entre revisões
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* '''Prosódicos (acentuação):''' "rúbrica", "filântropo", (em vez de: rubrica, filantropo.). |
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* '''Semânticos (significação):''' "tráfico" (em vez de: tráfego), "indígena" (como sinônimo de índio, em vez de autóctone). |
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* '''Morfológicos (formação):''' " |
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* s", "uma telefonema", "proporam", "reavi", "deteu", (em vez de: cidadãos, um telefonema, propuseram, reouve, deteve.). |
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* '''Mórficos (forma):''' "antidiluviano", "filmeteca", "monolinear", (em vez de: antediluviano, filmoteca, unilinear.). |
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Revisão das 22h21min de 16 de abril de 2016
Este artigo não cita fontes confiáveis. (Janeiro de 2010) |
Vícios de linguagem são, segundo Napoleão Mendes de Almeida, palavras ou construções que deturpam, desvirtuam, ou dificultam a manifestação do pensamento, seja pelo desconhecimento das normas cultas, seja pelo descuido do emissor.
Lista de vícios de linguagem.
Ambiguidade ou Anfibologia
Consiste na polissemia especial de palavras e expressões tornando incerto o significado da frase, salvo quando ocorre propositalmente em textos literários.
- Exemplos:
"Não se convence, enfim, o pai, o filho, amado."
"O chefe discutiu com o empregado e estragou seu dia."
Análise: nos dois casos, não se sabe qual dos dois é autor, ou paciente.
Barbarismo
Vício de linguagem que consiste no uso incorreto de palavras quanto à grafia, pronúncia, significação, flexão ou formação. Assim sendo, divide-se em:
- Gráficos (escrita): "hontem", "proesa", "conssessiva", "aza", (em vez de: ontem, proeza, concessiva e asa.).
- Ortoépicos (pronúncia): "interese", "carramanchão", "subcistir", (em vez de: interesse, caramanchão, subsistir.).
- Prosódicos (acentuação): "rúbrica", "filântropo", (em vez de: rubrica, filantropo.).
- Semânticos (significação): "tráfico" (em vez de: tráfego), "indígena" (como sinônimo de índio, em vez de autóctone).
- Morfológicos (formação): "casa
- s", "uma telefonema", "proporam", "reavi", "deteu", (em vez de: cidadãos, um telefonema, propuseram, reouve, deteve.).
- Mórficos (forma): "antidiluviano", "filmeteca", "monolinear", (em vez de: antediluviano, filmoteca, unilinear.).
Vulgarismo
Trata-se do uso linguístico popular em contraposição às doutrinas da linguagem culta da mesma região. O vulgarismo pode ser fonético, morfológico e sintático.
- Fonético:
- A queda dos erres finais.
Exemplo: "anda, comê."
- A vocalização do "L" final nas sílabas.
Exemplo: "meu" (= mel), "sáu" (= sal).
- A monotongação dos ditongos.
Exemplo: "estóra" (= estoura), "robar" (= roubar), ''afróxo'' (= afrouxo).
- A intercalação de uma vogal para desfazer um grupo consonantal.
Exemplo: "adevogado" (= advogado), "rítimo" (= ritmo), "pissicologia" (= psicologia), ''impuguinar'' (= impugnar).
- Morfológico e sintático:
Ocorre a simplificação das flexões nominais e verbais.
Exemplo: "Os homê brigo."
- Também o emprego dos pronomes pessoais do caso reto em lugar do oblíquo.
Exemplo: "Vi ela, olha eu, ó gente, etc."
Solecismo
Inadequação na estrutura sintática da frase com relação à gramática normativa do idioma. Há três tipos de solecismo: de concordância, de regência e de colocação.
- Solecismo de regência:
- "Ontem assistimos o filme." (Correto: Ontem assistimos ao filme.).
- "Cheguei no Brasil em 1923." (Correto: Cheguei ao Brasil em 1923.).
- "Pedro visava o posto de chefe." (Correto: Pedro visava ao posto de chefe.).
- Solecismo de concordância:
- "Haviam muitas pessoas na festa." (Correto: Havia muitas pessoas na festa.).
- "O pessoal já saíram?" (Correto: O pessoal já saiu?).
- Solecismo de colocação:
- "Foi João quem avisou-me." (Correto: Foi João quem me avisou).
- "Me empresta o lápis." (Correto: Empresta-me o lápis).
Sínquise
Vício de linguagem que consiste em um hipérbato excessivo, tornando o sentido da oração confuso e de difícil compreensão.
- Exemplo:
“Ouviram do Ipiranga as margens plácidas/De um povo heroico o brado retumbante.” (Hino Nacional Brasileiro).
Adequação: “As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heroico.”
Queísmo
Consiste na repetição exaustiva da partícula "que".
- Exemplo:
"Quando chegaram, pediram-me que devolvesse o livro que me fora emprestado por ocasião dos exames que se realizaram no fim do ano que passou."
Correção: "Quando chegaram, pediram-me a devolução do livro que me fora emprestado por ocasião dos exames no fim do ano passado."
Neologismo
Palavra, expressão ou construção recentemente criadas ou introduzidas na língua. Costumam-se classificar os neologismos em:
- Extrínsecos:
Abrange todo e qualquer emprego de palavras, expressões e construções estrangeiras em nosso idioma, recebendo a denominação de estrangeirismo. Classificam-se em: francesismo, italianismo, espanholismo, anglicismo (inglês), germanismo (alemão), eslavismo (russo, polaço, etc.), arabismo, hebraísmo, grecismo, latinismo, tupinismo (tupi-guarani), americanismo (línguas da América), etc. O estrangeirismo pode ser morfológico ou sintático.
Estrangeirismos morfológicos:
- Francesismos: abajur, chefe, carnê, matinê etc.
- Italianismos: ravioli, pizza, cicerone, minestra, madona etc.
- Espanholismos: camarilha, guitarra, quadrilha etc.
- Anglicanismos: futebol, telex, bofe, ringue, sanduíche, breque.
- Germanismos: chope, cerveja, gás, touca etc.
- Eslavismos: gravata, estepe etc.
- Arabismos: alface, tarimba, açougue, bazar etc.
- Hebraísmos: amém, sábado etc.
- Grecismos: batismo, farmácia, o limpo, bispo etc.
- Latinismos: index, bis, memorandum, quo vadis etc.
- Tupinismos: mirim, pipoca, peteca, caipira etc.
- Americanismos: canoa, chocolate, mate, mandioca etc...
- Orientalismos: chá, xícara, pagode, kamikaze etc...
- Africanismos: macumba, fuxicar, cochilar, samba etc
=> Estrangeirismos sintáticos:
Exemplos:
- Saltar aos olhos (francesismo);
- Pedro é mais velho de mim. (Italianismo);
- O jogo resultou admirável. (Espanholismo);
- Porcentagem (anglicanismo), guerra fria (anglicanismo) etc.
- Intrínsecos: (ou vernáculos), que são formados com os recursos da própria língua. Podem ser de origem culta ou popular.
=> Origem culta subdividem-se em:
- Científicos ou técnicos: aeromoça, penicilina, telespectador, taxímetro (redução: táxi),
fonemática, televisão (redução: TV), comunista, etc...
- Literários ou artísticos: olhicerúleo, sesquiorelhal, paredro (= pessoa importante, prócer), vesperal, festival, recital, concretismo, modernismo etc.
=> Origem popular: populares são constituídos pelos termos de gíria.
- Ex: manjar (entender, saber do assunto), a pampa, legal (excelente), zico, biruta, transar, psicodélico, etc.
Plebeísmo
Palavras de baixo calão, gírias e termos considerados informais.
Exemplos:
- “Ele era um tremendo mané!"
- "Esse bagulho é 'radicaaaal'!!! Tá ligado mano?"
Cacofonia
Caracterizado pelo encontro ou repetição de fonemas ou sílabas que produzem efeito desagradável ao ouvido. Constituem cacofonias:
- Colisão: consiste na sequência de sons vocálicos consonantais idênticos ou semelhantes.
- Exemplo: "Pede o Papa paz ao povo."
- Parequema: constrói-se a partir do encontro de sílabas idênticas ou semelhantes entre o final de uma palavra e o início da subsequente.
- Exemplo: “vaca cara”, “cone negro”, “teto torto”, “pouco caso”, “uma mala”, ''grife feminina'', ''31 de dezembro''.
- Eco: sucessão de palavras com terminação igual.
- Exemplo:
“Vicente mente constantemente.”
“É possível a aprovação da transação sem concisão e sem associação.”
- Hiato: aproximação de vogais idênticas.
- Exemplo: "Ela iria à aula hoje, se não chovesse."
- Cacófato: formação de uma nova palavra a partir de silabas de palavras diferentes e sucessivas.
- Exemplo: "Tem uma mão machucada."
- Cacoépia: pronúncia viciosa de fonemas
- Exemplo: "Estou com poblema para resolver." (= problema)
- Cacografia: erro na grafia ou na flexão de uma palavra.
- Exemplo: "Eu advinhei quem ganharia o concurso." (= adivinhei)
Arcaísmo
Palavras, expressões, construções ou maneira de dizer que deixaram de ser usadas ou passaram a ter emprego diverso. Na língua viva contemporânea: asinha (por depressa), assi (por assim) entonces (por então), vosmecê (por você), geolho (por joelho), arreio (o qual perdeu a significação antiga de enfeite), catar (perdeu a significação antiga de olhar), faria-te um favor (não se coloca mais o pronome pessoal átono depois de forma verbal do futuro do indicativo), etc.
Paradoxo vicioso
Consiste numa antítese extremamente inútil e desnecessária de significado em uma sentença.
- Exemplos:
“Ele vai ser o protagonista terminal da peça." (Ser protagonista implica obrigatoriamente em ser principal).
"Meninos, entrem já para fora!" (Não há como entrar para fora).
Prolixidade
Refere-se a exposição fastidiosa e inútil de palavras ou argumentos e à sua superabundância. É o excesso de palavras para exprimir poucas ideias. Ao texto prolixo falta objetividade, o qual quase sempre compromete a clareza e cansa o leitor. A prevenção à prolixidade requer que se tenha atenção à concisão e precisão da mensagem. Concisão é a qualidade de dizer o máximo possível com o mínimo de palavras. Precisão é a qualidade de utilizar a palavra certa para dizer exatamente o que se quer.
Chavões (clichê, lugares-comuns ou frases-feitas)
Caracterizado pelo emprego de frases ou expressões muito usadas, repetidas e desgastadas por obra do tempo, da capacidade crítica do interlocutor e das transformações sociais. Aparenta ser a expressão da verdade, produto do consenso, entretanto é sustentado em ideias preconceituosas, óbvias ou insustentáveis. Demonstra dificuldade do produtor do texto para abandonar o senso comum e pensar de forma autônoma e crítica.
- Exemplos:
“As crianças são o futuro da nação.”
“É importante que cada um faça a sua parte.”
"Lugar de mulher é na cozinha"'
"Ele é um preto de alma branca"
"Todo político é ladrão"
"Mulher no volante - perigo constante"
"O Mundo é dos espertos"
“As drogas são um caminho sem volta.”
“A bebida é um poço sem fundo.”
“A união faz a força.”
"A Nação não fugirá a seu destino histórico."
Pleonasmo vicioso ou redundância
Consiste numa redundância inútil e desnecessária de significado em uma sentença.
- "Ele vai ser o protagonista principal da peça". (Um protagonista é, necessariamente, a personagem principal)
- "Meninos, entrem já para dentro!" (O verbo "entrar" já exprime ideia de ir para dentro)
Obscuridade
Trata-se da construção de frases de tal modo que o sentido se torne obscuro, embaraçado, ininteligível. Em um texto, as principais causas da obscuridade são: o abuso do arcaísmo e o neologismo, o provincianismo, o estrangeirismo, a elipse, a sínquise, parêntese extenso, o acúmulo de orações intercaladas (ou incidentes) as circunlocuções, a extensão exagerada da frase, as palavras rebuscadas, as construções intrincadas e a má pontuação.
- Ex.: "No porto de Santos, o navio grego entrava o navio inglês".
Análise: Obscuridade causada pela flexão homonímia "entrava". Desta maneira, se "entrava" for considerado pretérito imperfeito do verbo "entrar", a frase tornar-se-á obscura. Todavia, a forma verbal assinalada deve ser considerada flexão do presente do indicativo do verbo "entravar".
Preciosismo
Refere-se ao exagero na linguagem, em prejuízo da naturalidade e clareza da frase. É chamado de ''falar difícil''.
- Exemplo:
- "O equóreo elemento erguia bem alto as altas ondas."
- "Na pretérita centúria, meu progenitor presenciou o acasalamento do astrorrei com a rainha da noite."
- "Baixar a inflação? Isso é colóquio flácido para acalentar bovino."