Exílio galego: diferenças entre revisões

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O exílio galego dirigiu-se principalmente cara a América, devido principalmente à presença já lá de uma numerosa colónia galega de emigrantes que desde o início do século XX vinham conformando a diáspora galega. Porém, a acolhida nos diferentes estados americanos foi muito diversa, tendo ademais presente a hostilidade contra os refugiados políticos que se instalou no continente americano derivada da Guerra Civil espanhola e da [[Segunda Guerra Mundial]]. A instauração de regimes autoritários em países como [[Guatemala]], [[Nicarágua]], [[Honduras]] ou [[El Salvador]] fez com que estes países se opusessem claramente a acolher este tipo de imigrantes. Ao contrário, a posição política do presidente [[Lázaro Cárdenas]] converteu [[México]] no principal destino do exílio galego. Para a entrada noutros países foi fundamental a presença de uma colónia galega prévia à Guerra Civil espanhola, que por diversas vias burocráticas podia completar processos de reagrupamento familiar.
O exílio galego dirigiu-se principalmente cara a América, devido principalmente à presença já lá de uma numerosa colónia galega de emigrantes que desde o início do século XX vinham conformando a diáspora galega. Porém, a acolhida nos diferentes estados americanos foi muito diversa, tendo ademais presente a hostilidade contra os refugiados políticos que se instalou no continente americano derivada da Guerra Civil espanhola e da [[Segunda Guerra Mundial]]. A instauração de regimes autoritários em países como [[Guatemala]], [[Nicarágua]], [[Honduras]] ou [[El Salvador]] fez com que estes países se opusessem claramente a acolher este tipo de imigrantes. Ao contrário, a posição política do presidente [[Lázaro Cárdenas]] converteu [[México]] no principal destino do exílio galego. Para a entrada noutros países foi fundamental a presença de uma colónia galega prévia à Guerra Civil espanhola, que por diversas vias burocráticas podia completar processos de reagrupamento familiar.


==Política no exílio==

A política do exílio esteve amplamente marcada pela divisão entre as distintas forças políticas que, para o caso galego, afetou mesmo à estratégia do nacionalismo galego e à reivindicação do [[Estatuto de Autonomia da Galiza]]. Em geral, os galegos exiliados vinculam-se politicamente á frente galeguista (nacionalista) ou às comissões galegas que surgem nos diferentes partidos comunistas, como a Comisión Gallega del Partido Comunista de España em México, com o importante papel de [[Luís Soto]], e anarquistas, como a Confederación Regional Galaica, que continuou a agir clandestinamente no Estado espanhol e publicamente no exílio.
Quando ao nacionalismo galego, o processo principal é a formação de organismos unitários como a Aliança Nacional Galega, fundada em [[6 de dezembro]] em México por representantes da [[UGT]] e da [[CNT]], republicanos, galeguistas e socialistas, e que defendia a restauração da República e o Estatuto de Autonomia da Galiza – que reconhecia desde o seu preâmbulo a condição nacional da Galiza. Porém, a realidade deste organismo foi a sua divisão interna, que ainda se agravou após a fundação do [[Conselho da Galiza]] em 1944, que se constituía como governo autónomo galego em função do Estatuto de Autonomia aprovado pola cidadania galega em referendo, mas jamais aprovado pelas Cortes espanholas. A ANG rechaçava a mesma constituição do Conselho da Galiza, bem como o pacto de [[Galeuzca]] e a representatividade de [[Castelao|Afonso Daniel Rodríguez Castelao]], [[Antón Alonso Ríos]], [[Elpidio Villaverde]] e [[Ramón Suárez Picallo]]. O Partido Galeguista no exílio também se integrou na Alianza Nacional de Fuerzas Democráticas (ANFD) constituída em Madrid em 1944 junto com a [[CNT]], o [[PSOE]], a UGT e a [[Federación Agraria]], evidenciando as boas relações entre o nacionalismo galego e os libertários.

===Participação galega no governo espanhol no exílio===

Em grande medida, a não aprovação polas Cortes espanholas do Estatuto de Autonomia da Galiza e a urgência inerente ao funcionamento de um governo no exílio fizeram com que a política do nacionalismo galego estivesse largamente vinculada com o processo político do exílio espanhol. En 1945, após ter-se oposto ao governo de [[José Giral]], o Partido Comunista da Espanha repensa a sua estratégia de alianças e, para ingressar naquele governo, dissolve a Unión Nacional Española (UNE) e a Frente Libertadora Galega (grupo integrado na UNE), criando o Bloco Republicano Nacional Galego (BRNG) com as figuras de [[Enrique Líster|Henrique Líster]] e [[Manuel Portela Valladares]], que se convertia no seu candidato para um ministério no governo estatal no exílio. Frente ao BRNG, a Junta Galega de Aliança Democrática (JGAD) e os nacionalistas galegos em América candidataram Castelao como ministro. Conversas entre Ramón Piñeiro pela JGAD e Líster pelo BRNG terminaram com Giral a anunciar Castelao como ministro, com o apoio da CNT, do [[nacionalismo catalão]] e do [[nacionalismo basco]].


==Notas==
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[[Categoria:Política da Galiza]] [[Categoria:História da Galiza]]
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Revisão das 17h23min de 19 de abril de 2010

Alfonso Daniel Rodríguez Castelao foi um dos principais exiliados galegos

Entende-se por "exílio galego" comummente o protagonizado por aqueles galegos que, desde o início da Guerra Civil Espanhola, se exiliaram por motivos políticos. O fenómeno do exílio galego, também conhecido com o nome de "exílio galego de 1936", já que nele se inserem maioritariamente as pessoas exiliadas entre o início e o fim da guerra, também abrange os exiliados nas décadas de 1940, 1950 e nos anos 1960-1975. Até 2001 têm-se contabilizado 2.141 galegos e galegas no exílio.

Tipologias do exílio galego[1]

É habitual estabelecer uma tipologia do exílio baseada no decorrer cronológico. Neste caso, há dous grandes momentos, que se produzem entre julho e agosto de 1936 (justo após a sublevação de Francisco Franco) e entre setembro de 1938 e abril de 1939, quando o modo como avança a guerra faz pressagiar a vitória dos sublevados. Porém, é possível ainda realizar uma distinção com base nos itinerários.

Nos primeiros meses, tendo em conta que na Galiza não houve confronto bélico, mas apenas repressão desde o início, o exílio galego está protagonizado polos denominados "fugidos". São pessoas de perfil político, altamente comprometido com os ideais da Segunda República espanhola e da esquerda, que se desprazam por via marítima ou atravessando as amplas zonas de floresta até chegar a território controlado polo regime democrático, onde se incorporam ao exército e às colunas de milicianos que fazem parte das forças republicanas. Após a queda de Catalunha e com o fim da guerra, esses "fugidos" seguem o caminho dos exiliados do resto do Estado espanhol. Outro grupo de pessoas "fugidas", porém, jamais alcançou o território republicano e sobreviveu na floresta até durante anos, em ocasiões fazendo parte da guerrilha que após a vitória de Franco tentou destruir o novo regime ditatorial.

Outro grupo de exiliados abandonou Galiza pola via marítima nos primeiros momentos da guerra. A diferença do grupo já referido, o destino não era o território republicano, mas diversos portos da França, de Inglaterra e de Portugal. Segundo distintos cálculos foram 40[2] barcos os que saíram de portos como A Corunha, Muros, Noia, Pobra do Caraminhal, Malpica, Carinho, Ferrol ou Ares.

Outra tipologia é a fugida a Portugal pola via terrestre, com perigo de os exiliados serem detidos pola Guarda de Fronteiras e polo PVDE salazarista. Neste caso, o sucesso ou o fracasso da fugida dependia largamente dos contatos que os fugidos tivessem ao sul do rio Minho, e inclusive dos contatos com o contrabando que existia amplamente na fronteira luso-galega. Porém, o regime salazarista, afim à sublevação militar no Estado espanhol, fazia com que o maior número de exiliados embarcassem logo com destino à França e à América.

Finalmente, dá-se o fenómeno do exílio galego que, no momento da sublevação, se achava fora do território galego por motivos diversos (políticos, estudantes e inteletuais, emigrantes temporários ou permanentes, etc.). Neste caso, após a queda de Catalunha seguem o caminho do exílio republicano espanhol, fugindo à França, de onde partiam com rumo a América ou onde eram internados em campos de concentração que, após a invasão nazista do território francês, passaria a controlar o III Reich.

Quanto aos que não fugiram no primeiro momento, houve várias opções. Em primeiro lugar, o alistamento no exército franquista com o fim de proteger a vida e com a esperança de poder atingir as posições do exército republicano para se unir a ele. Em segundo lugar, a fugida ao monte motivada por denúncias políticas, inclusive no pós-guerra, que terminava geralmente com a organização de pequenos grupos guerrilheiros de atividade constante embora reduzida. Em terceiro lugar, a saída com status legal de "emigrante" desde março de 1946, nomeadamente nos casos de reagrupamento familiar ou por denúncias políticas no pós-guerra.

Destinos do exílio galego

O exílio galego dirigiu-se principalmente cara a América, devido principalmente à presença já lá de uma numerosa colónia galega de emigrantes que desde o início do século XX vinham conformando a diáspora galega. Porém, a acolhida nos diferentes estados americanos foi muito diversa, tendo ademais presente a hostilidade contra os refugiados políticos que se instalou no continente americano derivada da Guerra Civil espanhola e da Segunda Guerra Mundial. A instauração de regimes autoritários em países como Guatemala, Nicarágua, Honduras ou El Salvador fez com que estes países se opusessem claramente a acolher este tipo de imigrantes. Ao contrário, a posição política do presidente Lázaro Cárdenas converteu México no principal destino do exílio galego. Para a entrada noutros países foi fundamental a presença de uma colónia galega prévia à Guerra Civil espanhola, que por diversas vias burocráticas podia completar processos de reagrupamento familiar.

Política no exílio

A política do exílio esteve amplamente marcada pela divisão entre as distintas forças políticas que, para o caso galego, afetou mesmo à estratégia do nacionalismo galego e à reivindicação do Estatuto de Autonomia da Galiza. Em geral, os galegos exiliados vinculam-se politicamente á frente galeguista (nacionalista) ou às comissões galegas que surgem nos diferentes partidos comunistas, como a Comisión Gallega del Partido Comunista de España em México, com o importante papel de Luís Soto, e anarquistas, como a Confederación Regional Galaica, que continuou a agir clandestinamente no Estado espanhol e publicamente no exílio. Quando ao nacionalismo galego, o processo principal é a formação de organismos unitários como a Aliança Nacional Galega, fundada em 6 de dezembro em México por representantes da UGT e da CNT, republicanos, galeguistas e socialistas, e que defendia a restauração da República e o Estatuto de Autonomia da Galiza – que reconhecia desde o seu preâmbulo a condição nacional da Galiza. Porém, a realidade deste organismo foi a sua divisão interna, que ainda se agravou após a fundação do Conselho da Galiza em 1944, que se constituía como governo autónomo galego em função do Estatuto de Autonomia aprovado pola cidadania galega em referendo, mas jamais aprovado pelas Cortes espanholas. A ANG rechaçava a mesma constituição do Conselho da Galiza, bem como o pacto de Galeuzca e a representatividade de Afonso Daniel Rodríguez Castelao, Antón Alonso Ríos, Elpidio Villaverde e Ramón Suárez Picallo. O Partido Galeguista no exílio também se integrou na Alianza Nacional de Fuerzas Democráticas (ANFD) constituída em Madrid em 1944 junto com a CNT, o PSOE, a UGT e a Federación Agraria, evidenciando as boas relações entre o nacionalismo galego e os libertários.

Participação galega no governo espanhol no exílio

Em grande medida, a não aprovação polas Cortes espanholas do Estatuto de Autonomia da Galiza e a urgência inerente ao funcionamento de um governo no exílio fizeram com que a política do nacionalismo galego estivesse largamente vinculada com o processo político do exílio espanhol. En 1945, após ter-se oposto ao governo de José Giral, o Partido Comunista da Espanha repensa a sua estratégia de alianças e, para ingressar naquele governo, dissolve a Unión Nacional Española (UNE) e a Frente Libertadora Galega (grupo integrado na UNE), criando o Bloco Republicano Nacional Galego (BRNG) com as figuras de Henrique Líster e Manuel Portela Valladares, que se convertia no seu candidato para um ministério no governo estatal no exílio. Frente ao BRNG, a Junta Galega de Aliança Democrática (JGAD) e os nacionalistas galegos em América candidataram Castelao como ministro. Conversas entre Ramón Piñeiro pela JGAD e Líster pelo BRNG terminaram com Giral a anunciar Castelao como ministro, com o apoio da CNT, do nacionalismo catalão e do nacionalismo basco.

Notas

Referências

  1. Núñez Seixas, "Itinerarios do desterro: sobre a especificidade do exilio galego de 1936" en O exilio galego de 1936: política, sociedade, itinerarios.
  2. García Durán, J. (2001): Pola liberdade. A loita antifranquista de Luís Costa, Vigo, A Nosa Terra.


Outros artigos

Ligações externas