Cassiano Branco: diferenças entre revisões

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Pertence ao grupo notável – que inclúi [[Porfírio Pardal Monteiro|Pardal Monteiro]], [[José Cottinelli Telmo|Cottinelli Telmo]], [[Carlos João Chambers Ramos|Carlos Ramos]], [[Luís Cristino da Silva|Cristino da Silva]] ou [[Jorge Segurado]] –, que protagonizou a viragem modernista da arquitetura portuguesa.
Pertence ao grupo notável – que inclúi [[Porfírio Pardal Monteiro|Pardal Monteiro]], [[José Cottinelli Telmo|Cottinelli Telmo]], [[Carlos João Chambers Ramos|Carlos Ramos]], [[Luís Cristino da Silva|Cristino da Silva]] ou [[Jorge Segurado]] –, que protagonizou a viragem modernista da arquitetura portuguesa.


Vivendo acima de tudo da encomenda privada, a sua obra, vasta e multifacetada, inclui projetos visionários nunca realizados e obras de referência da primeira modernidade nacional. Edifícios de sua autoria como o Éden (sobretudo a 2ª proposta, não construída), o Hotel Vitória e o Coliseu do Porto, são exemplos de construções de grande escala urbana "''que confirmam as potencialidades plásticas e o modo como Cassiano, o mais inventivo, espetacular e cosmopolita modernista da sua geração, soube integrar o contributo das vanguardas artísticas europeias''".<ref>Tostões, Ana – ''Sob o signo do inquérito''. A.A.V.V. – '''Inquérito à Arquitetura do Século XX em Portugal'''. Lisboa: Ordem dos Arquitetos, 2006, p. 23. ISBN 972-8897-14-6</ref>
Vivendo acima de tudo da encomenda privada, a sua obra, vasta e multifacetada, inclui projetos visionários nunca realizados e obras de referência da primeira modernidade nacional. Edifícios de sua autoria como o Éden (sobretudo a 2ª proposta, não construída), o Hotel Vitória e o Coliseu do Porto, são exemplos de construções de grande escala urbana "''que confirmam as potencialidades plásticas e o modo como Cassiano, o mais inventivo, espetacular e cosmopolita modernista da sua geração, soube integrar o contributo das vanguardas artísticas europeias''".<ref>Tostões, Ana – ''Sob o signo do inquérito''. In: A.A.V.V. – '''Inquérito à Arquitetura do Século XX em Portugal'''. Lisboa: Ordem dos Arquitetos, 2006, p. 23. ISBN 972-8897-14-6</ref>


== Biografia / Obra ==
== Biografia / Obra ==
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*1931-32 – Terceiro projeto para o Cineteatro Éden.
*1931-32 – Terceiro projeto para o Cineteatro Éden.
*1933-36 – Diversos prédios e moradias em Lisboa (Av. Álvares Cabral; Av. António José de Almeida, nº 10, 14, 16, 24; etc.).
*1933-36 – Diversos prédios e moradias em Lisboa (Av. Álvares Cabral; Av. António José de Almeida, nº 10, 14, 16, 24; etc.).
*1934 – Hotel Vitória, Avenida da Liberdade, Lisboa (atual Centro de Trabalho "Vitória", PCP).
*1934 – Hotel Vitória, Avenida da Liberdade, Lisboa (atual Centro de Trabalho "Vitória", [[Partido Comunista Português|PCP]]).
*1937 – Barragem do Rio Ponsul, Idanha-a-Nova | Barragem do Vale do Gaio, Estremadura | Prédios na Av. Defensores de Chaves, na Rua Nova de S. Mamede, etc.
*1937 – Barragem do Rio Ponsul, Idanha-a-Nova | Barragem do Vale do Gaio, Estremadura | Prédios na Av. Defensores de Chaves, na Rua Nova de S. Mamede, etc.
*1937-62 – Portugal dos Pequenitos, Coimbra.
*1937-62 – Portugal dos Pequenitos, Coimbra.

Revisão das 10h49min de 20 de janeiro de 2013

Cassiano Branco
Nome completo Cassiano Viriato Branco
Nascimento 13 de agosto de 1897
Lisboa
Morte 24 de abril de 1970 (72 anos)
Lisboa
Nacionalidade Portugal portuguesa
Ocupação arquiteto
Cineteatro Éden, Lisboa, 2ª proposta, 1930

Cassiano Viriato Branco (Lisboa, 13 de Agosto de 1897 — Lisboa, 24 de Abril de 1970) foi um arquiteto português. É um dos mais importantes arquitetos da primeira metade do Século XX em Portugal.

Pertence ao grupo notável – que inclúi Pardal Monteiro, Cottinelli Telmo, Carlos Ramos, Cristino da Silva ou Jorge Segurado –, que protagonizou a viragem modernista da arquitetura portuguesa.

Vivendo acima de tudo da encomenda privada, a sua obra, vasta e multifacetada, inclui projetos visionários nunca realizados e obras de referência da primeira modernidade nacional. Edifícios de sua autoria como o Éden (sobretudo a 2ª proposta, não construída), o Hotel Vitória e o Coliseu do Porto, são exemplos de construções de grande escala urbana "que confirmam as potencialidades plásticas e o modo como Cassiano, o mais inventivo, espetacular e cosmopolita modernista da sua geração, soube integrar o contributo das vanguardas artísticas europeias".[1]

Biografia / Obra

Costa da Caparica, Praia Atlântico, pormenor da solução urbanística, 1930

Cassiano Branco nasceu em Lisboa, na Rua do Telhal, 51, em Agosto de 1897. Foi o único filho de Maria de Assunção Viriato e Cassiano José Branco, pequeno industrial de Alcácer do Sal. Frequentou a escola primária, hoje desaparecida, que se localizava entre a Calçada da Gloria e as Escadinhas do Duque, Lisboa; aí conheceu Ávila do Amaral, futuro engenheiro e seu colaborador.[2][3]

Inscreve-se na Escola de Belas-Artes de Lisboa em 1912 mas interrompe o curso dois anos mais tarde, insatisfeito com o ensino praticado. Frequenta o ensino Técnico-Industrial. Em paralelo com a frequência das aulas trabalha na gestão de uma pequena fábrica (com o pai) e, mais tarde, num Banco. Casa-se com Maria Elisa Soares Branco em 1917; no ano seguinte nasce a sua única filha.[4]

Conclui o ensino Técnico-Industrial em 1919. Nesse ano viaja até Paris e Bruxelas. Em 1921 visita Amsterdão e reingressa na Escola de Belas-Artes (termina o curso de arquitetura no ano letivo de 1926-1927). Visita a Exposição Internacional de Artes Decorativas e Industriais Modernas, Paris (1925), contactando com as linguagens da vanguarda da época. Entra para a Maçonaria, viaja até Paris, Espanha e Inglaterra (1926). Empenha-se nas suas primeiras propostas arquitetónicas; projeta as instalações da Câmara Municipal da Sertã (1925-27). Em 1928 realiza o projeto do stand de automóveis Rios de Oliveira, Avenida da Liberdade, Lisboa, onde começa a revelar-se a identidade da sua arquitetura.[5]

Hotel Vitória, Lisboa, 1934

A influência da Art Déco e do modernismo europeu torna-se determinante a partir do início da década de 1930. Cassiano Branco empenha-se em projetos visionários, formalmente avançados, para o desenvolvimento de uma vasta área de lazer e turismo na Costa da Caparica e para uma hipotética Cidade do Filme Português, Cascais; realiza diversos estudos para o Cineteatro Éden, Lisboa; projeta o Hotel Vitória e o Coliseu do Porto, assim como um conjunto de notáveis edifícios de habitação que irão servir de modelo para muitos prédios da década de 1930 (em alguns casos o mimetismo é tal que se torna difícil distinguir as suas obras das dos seus imitadores).[6] [7]

De fortes convicções políticas, opositor declarado do Estado Novo de Salazar, Cassiano Branco fica excluído das encomendas oficiais de maior estatuto e visibilidade. Participa de forma discreta na Exposição do Mundo Português (1940) e realiza projetos para barragens, mas o grosso da sua obra será para uma clientela privada. Também o seu feitio, difícil e exigente, ditará o abandono prematuro de diversos empreendimentos de grande dimensão, por divergências com clientes ou construtores. E no entanto, apesar de terem sido terminados por mão alheia, nos cinemas lisboetas Éden e Império, abandonados durante o projeto, e mais ainda no Coliseu do Porto, de que se afastou já em fase de construção, a sua autoria permanece claramente identificável, pelo que em publicações de referência todos estes edifícios lhe são atribuídos (repare-se que o cineteatro Éden foi quase totalmente demolido, dele restando apenas a fachada principal, mas também ela adulterada).[8]

Embora a vários níveis um resistente, Cassiano Branco não foi totalmente alheio ao estilo oficial do Estado Novo (vulgarmente apelidado Português Suave[9]), que dominou o panorama arquitetónico nacional a partir do final da década de 1930. Uma obra à qual se dedicou longamente foi o Portugal dos Pequenitos, Coimbra (1937-1962), onde evocou edifícios e tipologias arquitetónicas nacionais, numa síntese historiográfica do país à escala das crianças. Também o Grande Hotel do Luso (1940) ou o edifício da Praça de Londres (1951) revelam uma aproximação ao idioma tradicionalista então dominante.[10][11]

Em 1958 apoiou a candidatura do general Humberto Delgado à Presidência da República, tendo sido detido pela PIDE.[12]

Faleceu em Lisboa, no dia 24 de Abril de 1970, com 72 anos.

Alguns projetos e obras[13]

  • 1925-27 – Câmara Municipal da Sertã, Sertã.
  • 1928 – Stand de automóveis Rios de Oliveira, Avenida da Liberdade, Lisboa.
  • 1929 – Primeiras propostas para o Cineteatro Éden, Lisboa.
  • 1930 – Segundo projeto para o Cineteatro Éden | Projeto de urbanização para a Costa da Caparica (não construído) | Projeto para uma Cidade do Filme Português (não construída).
  • 1931-32 – Terceiro projeto para o Cineteatro Éden.
  • 1933-36 – Diversos prédios e moradias em Lisboa (Av. Álvares Cabral; Av. António José de Almeida, nº 10, 14, 16, 24; etc.).
  • 1934 – Hotel Vitória, Avenida da Liberdade, Lisboa (atual Centro de Trabalho "Vitória", PCP).
  • 1937 – Barragem do Rio Ponsul, Idanha-a-Nova | Barragem do Vale do Gaio, Estremadura | Prédios na Av. Defensores de Chaves, na Rua Nova de S. Mamede, etc.
  • 1937-62 – Portugal dos Pequenitos, Coimbra.
  • 1938 – Projeto do Grande Hotel do Luso.
  • 1939 – Coliseu do Porto, Rua Passos Manuel, Porto.
  • 1940 – Plano de urbanização, Exposição do Mundo Português, Lisboa | Grande Hotel do Luso.
  • 1941 – Junta Nacional do Vinho, Rua Mouzinho da Silveira, 5, Lisboa.
  • 1943 – Proposta de um arranha-céus na Avenida da Liberdade, Lisboa.
  • 1947-48 – Primeiros estudos e projetos para o Cinema Império, Lisboa.
  • 1951 – Prédio na Praça de Londres, Lisboa.
  • 1958 – Proposta para uma ponte sobre o Tejo (não aprovada).

Cine-teatro Éden

Hotel Vitória

Cinema Império

Edifícios de habitação e/ou escritórios

Portugal dos Pequenitos

Coliseu do Porto

Grande Hotel do Luso

Junta Nacional do Vinho

Ligações externas

Referências

  1. Tostões, Ana – Sob o signo do inquérito. In: A.A.V.V. – Inquérito à Arquitetura do Século XX em Portugal. Lisboa: Ordem dos Arquitetos, 2006, p. 23. ISBN 972-8897-14-6
  2. A.A.V.V. – Cassiano Branco, uma obra para o futuro. Lisboa: Edições Asa, 1991, p. 14-16.
  3. Bártolo, José – Cassiano Branco. Vila do Conde: Quidnovi, 2011, p. 12. ISBN 978-989-554-893-4
  4. A.A.V.V. – Cassiano Branco, uma obra para o futuro. Lisboa: Edições Asa, 1991
  5. Bártolo, José – Cassiano Branco. Vila do Conde: Quidnovi, 2011, p. 12.
  6. Gomes, Paulo Varela – O fazedor de cidade. In: A.A.V.V. – Cassiano Branco, uma obra para o futuro. Lisboa: Edições Asa, 1991, p. 110
  7. Bártolo, José – Cassiano Branco. Vila do Conde: Quidnovi, 2011, p. 20, 21.
  8. A.A.V.V. – Cassiano Branco, uma obra para o futuro. Lisboa: Edições Asa, 1991
  9. Fernandes, José Manuel – Português Suave: Arquiteturas do Estado Novo. Lisboa: IPPAR, Departamento de Estudos, 2003. ISBN 972-8736-26-6
  10. Bártolo, José – Cassiano Branco. Vila do Conde: Quidnovi, 2011, p. 20, 21.
  11. França, Jose Augusto, José Augusto – A arte em Portugal no século XX [1974]. Lisboa: Livraria Bertrand, 1991, p. 234
  12. Bártolo, José – Cassiano Branco. Vila do Conde: Quidnovi, 2011, p. 92.
  13. A.A.V.V. – Cassiano Branco, uma obra para o futuro. Lisboa: Edições Asa, 1991
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