Fonema: diferenças entre revisões

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- ''tato: sentido pelo qual se percebem as sensações de temperatura, extensão e consistência.<ref name=":1">{{citar livro|título=Minidicionário Houaiss da língua portuguesa|ultimo=HOUAISS|primeiro=Antônio|ultimo2=VILLAR|primeiro2=Mauro de Sales|ultimo3=FRANCO|primeiro3=Francisco Manoel de Mello|editora=Editora Moderna|ano=2009|local=Rio de Janeiro - RJ|página=717|acessodata=04/01/2019}}</ref>
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Esse fenômeno ocorre com inúmeros pares de palavras.


O fonema não pode ser confundido com letra. Enquanto o fonema é o som em si mesmo, a letra é a representação gráfica desse som. É bastante comum que um mesmo fonema seja representado por diferentes letras, como o caso do fonema /z/ que no português pode ser representado pelas letras S (CASA), Z (ZERO) ou X (EXAME). Também acontece de uma mesma letra representar mais de um fonema, isso acontece por exemplo, com a letra X, que no português pode ter o som (fonema) de /z/ (EXEMPLO), /ʃ/ (ENXAME), /s/ (APROXIMAR) e /ks/ (FIXO).
O fonema não pode ser confundido com letra. Enquanto o fonema é o som em si mesmo, a letra é a representação gráfica desse som. É bastante comum que um mesmo fonema seja representado por diferentes letras, como o caso do fonema /z/ que no português pode ser representado pelas letras S (CASA), Z (ZERO) ou X (EXAME). Também acontece de uma mesma letra representar mais de um fonema, isso acontece por exemplo, com a letra X, que no português pode ter o som (fonema) de /z/ (EXEMPLO), /ʃ/ (ENXAME), /s/ (APROXIMAR) e /ks/ (FIXO).

Revisão das 21h40min de 4 de janeiro de 2019

Em linguística, um fonema é a menor unidade sonora (fonológica) de uma língua. São sons que, articulados e combinados, constituem as sílabas, as palavras e a frase, na comunicação oral.[1][2]

Conceito

Ao ler um texto em voz alta, uma pessoa estará produzindo sons. Tais sons são gerados pela passagem de ar pelos mais diversos órgãos do trato respiratório e são conhecidos como sons da fala.[3]

Os sons da fala são diferentes de outros como espirro, ronco e tosse, porque por meio deles a comunicação humana a partir da língua falada se estabelece. Há inúmeras possibilidades de sons a serem produzidos graças a esse mecanismo, mas interessa à gramática aqueles que, sozinhos ou agrupados, formam palavras.[3]

Observe: pato e tato. A diferença entre tais palavras está somente nos sons p e t. Entretanto, essa diferença é imprescindível para distinguir o significado de cada uma:

- pato: ave aquática de pés palmados e bico largo;[4]

- tato: sentido pelo qual se percebem as sensações de temperatura, extensão e consistência.[4]

Esse fenômeno ocorre com inúmeros pares de palavras.

O fonema não pode ser confundido com letra. Enquanto o fonema é o som em si mesmo, a letra é a representação gráfica desse som. É bastante comum que um mesmo fonema seja representado por diferentes letras, como o caso do fonema /z/ que no português pode ser representado pelas letras S (CASA), Z (ZERO) ou X (EXAME). Também acontece de uma mesma letra representar mais de um fonema, isso acontece por exemplo, com a letra X, que no português pode ter o som (fonema) de /z/ (EXEMPLO), /ʃ/ (ENXAME), /s/ (APROXIMAR) e /ks/ (FIXO).

Obs.: na escrita os fonemas devem sempre ser representados entre barras. Isto é o que os distingue das letras. Ao se escrever uma letra sem barras, está se referindo a letra em si mesmo, e não ao fonema

Nem sempre há coincidência entre o número de letras e o número de fonemas em uma palavra. Exemplos:

TAXI - letras T A X I = 4, fonemas /t/ /a/ /k/ /s/ /i/ = 5

MANHÃ - letras M A N H Ã = 5, fonemas /m/ /a/ /ɲ/ /ɐ̃/ = 4

Algumas letras, em determinadas palavras, não representam fonemas. Por exemplo o N e o M nas palavras "VENDO" e "BOMBA" não representam um som isolado, mas servem para indicar a nasalização da vogal que lhes precede.

Algumas palavras são escritas com letras que não possuem qualquer som e, portanto, não representam nenhum fonema, como o caso do H em palavras como "HARMONIA" ou "HOJE", s em palavras como "NASCER" ou "DISCÍPULO" ou u nos grupos gu e qu seguidos de e ou i, em palavras como "GUERRA" e "QUERO" e o x em palavras como "EXCEÇÃO" ou "EXCEDER". Essas letras são conservadas na escrita por razões etimológicas, embora não apareçam na oralidade.

Alofone: são as várias possibilidades de pronúncia de um mesmo fonema. Exemplo: o fonema final /l/ da palavra "SOL" pode ser pronunciado como /l/, /w/ ou /ɾ/. Isto ocorre por causa de diferenças regionais, sociais ou individuais.

Classificação dos Fonemas

Os fonemas são classificados em vogais, semivogais e consoantes;

Vogais

Vogal é o fonema produzido pelo ar que, expelido dos pulmões, faz vibrar as cordas vocais e não encontra nenhum obstáculo na sua passagem pelo aparelho fonador. Classificam-se em:

Quanto à intensidade

  • Vogal tônica: é a vogal que se encontra na sílaba mais forte da palavra. Pode conter acentuação gráfica ou não, ficando dependente das regras de acentuação neste caso. Porém, quando houver acento, a vogal acentuada será sempre a vogal tônica, e, por consequência, a sílaba na qual ela se encontrar será a sílaba tônica.

Cada palavra possui somente uma vogal tônica.

  • Vogal átona: é a vogal que se encontra na(s) sílaba(s) mais fraca(s) da palavra.

Não possuem acentuação gráfica, mas podem apresentar o sinal gráfico de nasalação - til /~/ - quando a sílaba tônica for acentuada (órfão, órgão etc).

O número de vogais átonas em uma palavra varia, podendo até mesmo ser zero (no caso de palavras monossílabas).

Exemplos:

Pato - divide-se pa.to .

Então o a é a vogal tônica, pois a sílaba mais fortemente pronunciada é pa . O o é a vogal átona pois a sílaba to é fracamente pronunciada.

Neste caso, não há acento em nenhuma vogal.

Ábaco - divide-se á.ba.co .

Então o primeiro a é a vogal tônica pois a sílaba mais fortemente pronunciada é á . O segundo a e o o são as vogais átonas, pois as silábas ba e co são pronunciadas fracamente.

Neste caso, a sílaba tônica é acentuada.

Presidente - divide-se pre.si.den.te . A segunda vogal e é a vogal tônica, pois a sílaba mais fortemente pronunciada é den .

Nesse caso a palavra possui três vogais átonas - o primeiro e, o i e o último e -, que estão respectivamente nas sílabas pre , si e te .

- só há uma sílaba.

Neste caso o a é a vogal tônica e não há vogais átonas.

Quanto ao timbre

  • Vogais abertas: São as vogais articuladas ao se abrir o máximo a boca. Por exemplo: no Brasil, nas palavras "amora" e "café", todas as vogais são abertas.
  • Vogais fechadas: São as vogais articuladas ao se abrir o mínimo a boca. Por exemplo: nas palavras "êxodo" e "fôlego", todas as vogais são fechadas.

Alguns gramáticos da língua portuguesa ainda classificam as vogais "e" e "o" na categoria de vogais reduzidas quando são átonas no fim de uma palavra, que em geral são pronunciadas como "i" e "u". Por exemplo, nas palavras "análise" e "camelo".

Quanto ao modo de articulação

  • Vogais orais: São as vogais pronunciadas completamente através da cavidade oral. Em português, existem de sete a nove vogais orais, de acordo com o dialeto, a saber: "á" [ä], "â" [ɜ̝], "ê" [e], "é" [ɛ], "i" [ɯ̟], "í" [i], "ô" [o], "ó" [ɔ] e "u" [u] (as vogais representadas pelos símbolos [ɯ, ɜ] são comumente representados por [ɨ, ɐ] por sua aproximidade e também por sua semelhança gráfica).
  • Vogais nasais: São as vogais pronunciadas em que uma parte do ar usado para a pronúncia escapa pela cavidade nasal. Em português, existem cinco vogais nasais. Nas palavras: "maçã", "sempre", "capim", "bondade", e "fundo", os grafemas assinalados em negrito representam vogais nasais. Também são nasais os ditongos "ão", "ãe", "õe" e o ditongo "ui" da palavra "muito".

Quanto ao ponto de articulação

  • Vogais posteriores: São as vogais pronunciadas com a língua posicionada no fundo da boca, entre o dorso da língua e o véu palatino. Em português, são posteriores as vogais "ô", "ó" e "u".
  • Vogais anteriores: São as vogais pronunciadas com a língua posicionada na frente da boca entre o dorso da língua e o palato duro. Em português, são anteriores as vogais "ê", "é" e "í".
  • Vogais centrais: São as vogais pronunciadas com a lingua posicionada no centro da boca. Em português, são centrais as vogais "á", "â", e em alguns dialetos também têm o "i" átono, pronunciado ora central ora quase posterior.

Semivogais

As semivogais são fonemas que não ocupam a posição de núcleo da sílaba, devendo, portanto, associar-se a uma vogal para formarem uma sílaba. Em português, somente os fonemas representados pelas letras "i" e "u" em ditongos e tritongos são considerados semi-vogais. Um ditongo é sempre formado por uma vogal mais uma Semivogal. Quando a semivogal vem antes da vogal, o ditongo é dito "crescente" (como em "jaguar"). Quando a semivogal vem depois, o ditongo é dito "decrescente" (como em "demais"). Nos ditongos "ui" e "iu", uma das letras é sempre considerada vogal e a outra é semivogal. No caso dos tritongos, todos eles são formados por uma vogal intercalada entre duas semivogais.

Consoantes

Consoantes são fonemas assilábicos que se produzem após ultrapassar um obstáculo que se opõe à corrente de ar no aparelho fonador. Estes obstáculos incluem os lábios, os dentes, a língua, o palato, o véu palatino e a úvula.

Quanto ao papel das cordas vocais

  • Consoantes surdas (ou desvozeadas): São as consoantes pronunciadas sem que as cordas vocais sejam postas em vibração. São surdas as seguintes consoantes em português: f, k, p, c, s, t, x, ch.
  • Consoantes sonoras (ou vozeadas): São as consoantes pronunciadas com a vibração das cordas vocais. São sonoras as seguintes consoantes em português: b, d, g, j, l, lh, m, n, nh, r, v, z.

Quanto ao modo de articulação

  • Consoantes oclusivas: São as consoantes pronunciadas fechando-se totalmente o aparelho fonador, sem dar espaço para o ar sair. São oclusivas as seguintes consoantes: p, t, k, b, d, g.
  • Consoantes fricativas: São as consoantes pronunciadas através de uma corrente de ar que se fricciona em um obstáculo. São fricativas as seguintes consoantes em português: f, j, s, ch, v, z.
  • Consoantes laterais: São as consoantes pronunciadas ao fazer passar a corrente de ar nos dois cantos da boca ao lado da língua. Em português, são laterais apenas as consoantes "l" e "lh".
  • Consoantes vibrantes: São as consoantes pronunciadas através da vibração de algum elemento do aparelho fonador, em geral a língua ou o véu palatino. Em português, são vibrantes apenas as duas variedades do "r", como em "carro" e em "caro".
  • Consoantes nasais: São as consoantes em que o ar sai pelas fossas nasais, em vez da boca. Em português, são nasais as consoantes "m", "n" e "nh".

Quanto ao ponto de articulação

  • Consoantes bilabiais: São as consoantes pronunciadas com o contato dos dois lábios. Em português, são bilabiais as consoantes: p, b, m.
  • Consoantes dentais: São as consoantes pronunciadas com a língua entre os dentes. Em português são dentais as consoantes: t, d e n.
  • Consoantes alveolares: São as consoantes pronunciadas com o contato da língua nos alvéolos dos dentes. Em português, são alveolares as consoantes: s, z, l e o "r" fraco.
  • Consoantes labiodentais: São as consoantes pronunciadas com o contato dos lábios na arcada superior dos dentes. Em português, são labiodentais as consoantes "f" e "v".
  • Consoantes palatais: São as consoantes pronunciadas com o contato da língua com o palato. Em português, são palatais as seguintes consoantes: j, ch, lh e nh, e, em alguns dialetos, também as consoantes "t" e "d" antes de "i".
  • Consoantes retroflexivas: São as consoantes pronunciadas com a língua curvada. Em português, somente alguns dialetos do Brasil têm uma consoante retroflexiva, o chamado "r" caipira.
  • Consoantes velares: São as consoantes pronunciadas com a parte traseira da língua no véu palatino. Em português, são velares as consoantes: k, g e rr (em alguns dialetos brasileiros).
  • Consoantes uvulares: São as consoantes pronunciadas através da vibração da úvula. Em português, existem na variedade europeia e no dialeto fluminense; no caso, o "r" forte.
  • Consoantes glotais: São as consoantes pronunciadas através da vibração da glote. Exemplos de idiomas com consoantes glotais são o hebraico e o árabe. O "r" forte do português (como em marreta) também pode ocorrer como consoante glotal em muitos dialetos[5].

Nota: No Brasil, é perceptível a diferença de pronúncia da palavra tia entre pessoas do Rio de Janeiro e Nordeste, por exemplo. De modo geral, para os primeiros, a letra "t" é um fonema palatal (pronunciado mais ou menos como "tchia" ou "txia", enquanto para os segundos representa um fonema alveolar. Ainda que — assim como em prato e trato — os sons correspondentes à letra t de tia sejam diferentes (isto é, letras iguais e sons diferentes), o fonema é um só, visto que, na língua, não se estabelece distinção de significado ao pronunciar-se /tia/ ou /tʃia/.

Vogais e consoantes

  • Vogais e Consoantes de Ligação: As vogais e consoantes de ligação são morfemas que surgem por motivos eufônicos, ou seja, para facilitar ou mesmo possibilitar a pronúncia de uma determinada palavra.

Exemplo:: parisiense (paris= radical, ense=sufixo, vogal de ligação=i)

Outros exemplos:: gas-ô-metro, alv-i-negro, tecn-o-cracia, pau-l-ada, cafe-t-eira, cha-l-eira, inset-i-cida, pe-z-inho, pobr-e-tão, etc.

Referências

  • "Discutindo Língua Portuguesa", Ano 1 nº 2, página 60
  1. «Fonema. O que é? - Norma Culta». Norma Culta 
  2. FIGUEIREDO, Domingos Pascoal (1988). Novíssima Gramática. São Paulo-SP: Companhia Editora Nacional. p. 3 
  3. a b FRANCO, Carlos Emílio; DE MOURA, Francisco Marto (1990). Gramática. São Paulo-SP: Editora Ática 
  4. a b HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Sales; FRANCO, Francisco Manoel de Mello (2009). Minidicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro - RJ: Editora Moderna. p. 563  Erro de citação: Código <ref> inválido; o nome ":1" é definido mais de uma vez com conteúdos diferentes
  5. Barbosa & Albano (2004):5–6