Fonema: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
P.H.P. Martins (discussão | contribs)
P.H.P. Martins (discussão | contribs)
Linha 4: Linha 4:
Em [[linguística]], um '''fonema''' é a menor unidade sonora ([[Fonologia|fonológica]]) de uma língua. São sons que, articulados e combinados, constituem as sílabas, as palavras e a frase, na comunicação oral.<ref>{{Citar periódico|titulo=Fonema. O que é? - Norma Culta|url=https://www.normaculta.com.br/fonemas/|jornal=Norma Culta|lingua=pt-BR}}</ref><ref>{{citar livro|título=Novíssima Gramática|ultimo=FIGUEIREDO|primeiro=Domingos Pascoal|editora=Companhia Editora Nacional|ano=1988|local=São Paulo-SP|página=3|páginas=|acessodata=04/01/2019}}</ref>
Em [[linguística]], um '''fonema''' é a menor unidade sonora ([[Fonologia|fonológica]]) de uma língua. São sons que, articulados e combinados, constituem as sílabas, as palavras e a frase, na comunicação oral.<ref>{{Citar periódico|titulo=Fonema. O que é? - Norma Culta|url=https://www.normaculta.com.br/fonemas/|jornal=Norma Culta|lingua=pt-BR}}</ref><ref>{{citar livro|título=Novíssima Gramática|ultimo=FIGUEIREDO|primeiro=Domingos Pascoal|editora=Companhia Editora Nacional|ano=1988|local=São Paulo-SP|página=3|páginas=|acessodata=04/01/2019}}</ref>


== Introdução ao conceito ==
== Conceito ==
Ao ler um texto em voz alta, uma pessoa estará produzindo sons. Tais sons são gerados pela passagem de ar pelos mais diversos órgãos do [[trato respiratório]] e são conhecidos como sons da fala.<ref name=":oi" />
Ao ler um texto em voz alta, uma pessoa estará produzindo sons. Tais sons são gerados pela passagem de ar pelos mais diversos órgãos do [[trato respiratório]] e são conhecidos como sons da fala.<ref name=":oi" />


Linha 24: Linha 24:


Em algumas situações, '''a mesma letra pode representar mais de um fonema'''. A letra ''x'', por exemplo, pode representar: o fonema ''zê'' (exemplo, exame), o fonema ''chê'' (enxame, xale), o fonema ''sê'' (aproximar, máximo) e o grupo de sons ''ks'' (fixo, êxtase).<ref name=":oi" />
Em algumas situações, '''a mesma letra pode representar mais de um fonema'''. A letra ''x'', por exemplo, pode representar: o fonema ''zê'' (exemplo, exame), o fonema ''chê'' (enxame, xale), o fonema ''sê'' (aproximar, máximo) e o grupo de sons ''ks'' (fixo, êxtase).<ref name=":oi" />
{| class="wikitable"

|+'''Nem sempre o número de letras coincide com o número de fonemas''' de uma palavra<ref name=":oi" />
!Palavra
!Fonemas
!Letras
!N. de fonemas x N. de letras
|-
|Manhã
|/m/ /a/ /nh/ /ã/
|m a n h ã
|4 x 5
|-
|Táxi
|/t/ /a/ /k/ /s/ /i/
|t á x i
|5 x 4
|}
Algumas letras, em determinadas palavras, não representam fonemas. Por exemplo o N e o M nas palavras "VENDO" e "BOMBA" não representam um som isolado, mas servem para indicar a nasalização da vogal que lhes precede.
Algumas letras, em determinadas palavras, não representam fonemas. Por exemplo o N e o M nas palavras "VENDO" e "BOMBA" não representam um som isolado, mas servem para indicar a nasalização da vogal que lhes precede.



Revisão das 19h04min de 5 de janeiro de 2019

Em linguística, um fonema é a menor unidade sonora (fonológica) de uma língua. São sons que, articulados e combinados, constituem as sílabas, as palavras e a frase, na comunicação oral.[1][2]

Introdução ao conceito

Ao ler um texto em voz alta, uma pessoa estará produzindo sons. Tais sons são gerados pela passagem de ar pelos mais diversos órgãos do trato respiratório e são conhecidos como sons da fala.[3]

Os sons da fala são diferentes de outros como espirro, ronco e tosse, porque por meio deles a comunicação humana a partir da língua falada se estabelece. Há inúmeras possibilidades de sons a serem produzidos graças a esse mecanismo, mas interessa à gramática aqueles que, sozinhos ou agrupados, formam palavras.[3]

Observe: pato e tato. A diferença entre tais palavras está somente nos sons /p/ e /t/. Entretanto, essa diferença é imprescindível para distinguir o significado de cada uma:

- pato: ave aquática de pés palmados e bico largo;[4]

- tato: sentido pelo qual se percebem as sensações de temperatura, extensão e consistência.[5]

Esse fenômeno ocorre com inúmeros grupos de palavra, como: cal e sal, calar e colar, vendo e vento.[3]

O fonema não deve ser confundido com letra. Na língua escrita, representa-se fonemas por meio de sinais chamados letras. Portanto, a letra é a representação gráfica do fonema. No vocábulo sol, por exemplo, a letra s representa o fonema /s/ (lê-se ); já na palavra casa, o fonema /z/ (lê-se ). [3]

Com base nos exemplos acima, percebe-se que fonemas devem ser representados entre barras.[3]

Às vezes, o mesmo fonema pode ser representado por mais uma letra do alfabeto. Um exemplo é o fonema /z/, o qual aparece representado pelas seguintes letras: z (cozinha, zero), s (asa, camisa) e x (exame, exato).[3]

Em algumas situações, a mesma letra pode representar mais de um fonema. A letra x, por exemplo, pode representar: o fonema (exemplo, exame), o fonema chê (enxame, xale), o fonema (aproximar, máximo) e o grupo de sons ks (fixo, êxtase).[3]

Nem sempre o número de letras coincide com o número de fonemas de uma palavra[3]
Palavra Fonemas Letras N. de fonemas x N. de letras
Manhã /m/ /a/ /nh/ /ã/ m a n h ã 4 x 5
Táxi /t/ /a/ /k/ /s/ /i/ t á x i 5 x 4

Algumas letras, em determinadas palavras, não representam fonemas. Por exemplo o N e o M nas palavras "VENDO" e "BOMBA" não representam um som isolado, mas servem para indicar a nasalização da vogal que lhes precede.

Algumas palavras são escritas com letras que não possuem qualquer som e, portanto, não representam nenhum fonema, como o caso do H em palavras como "HARMONIA" ou "HOJE", s em palavras como "NASCER" ou "DISCÍPULO" ou u nos grupos gu e qu seguidos de e ou i, em palavras como "GUERRA" e "QUERO" e o x em palavras como "EXCEÇÃO" ou "EXCEDER". Essas letras são conservadas na escrita por razões etimológicas, embora não apareçam na oralidade.

Alofone: são as várias possibilidades de pronúncia de um mesmo fonema. Exemplo: o fonema final /l/ da palavra "SOL" pode ser pronunciado como /l/, /w/ ou /ɾ/. Isto ocorre por causa de diferenças regionais, sociais ou individuais.

Classificação dos Fonemas

Os fonemas são classificados em vogais, semivogais e consoantes;

Vogais

Vogal é o fonema produzido pelo ar que, expelido dos pulmões, faz vibrar as cordas vocais e não encontra nenhum obstáculo na sua passagem pelo aparelho fonador. Classificam-se em:

Quanto à intensidade

  • Vogal tônica: é a vogal que se encontra na sílaba mais forte da palavra. Pode conter acentuação gráfica ou não, ficando dependente das regras de acentuação neste caso. Porém, quando houver acento, a vogal acentuada será sempre a vogal tônica, e, por consequência, a sílaba na qual ela se encontrar será a sílaba tônica.

Cada palavra possui somente uma vogal tônica.

  • Vogal átona: é a vogal que se encontra na(s) sílaba(s) mais fraca(s) da palavra.

Não possuem acentuação gráfica, mas podem apresentar o sinal gráfico de nasalação - til /~/ - quando a sílaba tônica for acentuada (órfão, órgão etc).

O número de vogais átonas em uma palavra varia, podendo até mesmo ser zero (no caso de palavras monossílabas).

Exemplos:

Pato - divide-se pa.to .

Então o a é a vogal tônica, pois a sílaba mais fortemente pronunciada é pa . O o é a vogal átona pois a sílaba to é fracamente pronunciada.

Neste caso, não há acento em nenhuma vogal.

Ábaco - divide-se á.ba.co .

Então o primeiro a é a vogal tônica pois a sílaba mais fortemente pronunciada é á . O segundo a e o o são as vogais átonas, pois as silábas ba e co são pronunciadas fracamente.

Neste caso, a sílaba tônica é acentuada.

Presidente - divide-se pre.si.den.te . A segunda vogal e é a vogal tônica, pois a sílaba mais fortemente pronunciada é den .

Nesse caso a palavra possui três vogais átonas - o primeiro e, o i e o último e -, que estão respectivamente nas sílabas pre , si e te .

- só há uma sílaba.

Neste caso o a é a vogal tônica e não há vogais átonas.

Quanto ao timbre

  • Vogais abertas: São as vogais articuladas ao se abrir o máximo a boca. Por exemplo: no Brasil, nas palavras "amora" e "café", todas as vogais são abertas.
  • Vogais fechadas: São as vogais articuladas ao se abrir o mínimo a boca. Por exemplo: nas palavras "êxodo" e "fôlego", todas as vogais são fechadas.

Alguns gramáticos da língua portuguesa ainda classificam as vogais "e" e "o" na categoria de vogais reduzidas quando são átonas no fim de uma palavra, que em geral são pronunciadas como "i" e "u". Por exemplo, nas palavras "análise" e "camelo".

Quanto ao modo de articulação

  • Vogais orais: São as vogais pronunciadas completamente através da cavidade oral. Em português, existem de sete a nove vogais orais, de acordo com o dialeto, a saber: "á" [ä], "â" [ɜ̝], "ê" [e], "é" [ɛ], "i" [ɯ̟], "í" [i], "ô" [o], "ó" [ɔ] e "u" [u] (as vogais representadas pelos símbolos [ɯ, ɜ] são comumente representados por [ɨ, ɐ] por sua aproximidade e também por sua semelhança gráfica).
  • Vogais nasais: São as vogais pronunciadas em que uma parte do ar usado para a pronúncia escapa pela cavidade nasal. Em português, existem cinco vogais nasais. Nas palavras: "maçã", "sempre", "capim", "bondade", e "fundo", os grafemas assinalados em negrito representam vogais nasais. Também são nasais os ditongos "ão", "ãe", "õe" e o ditongo "ui" da palavra "muito".

Quanto ao ponto de articulação

  • Vogais posteriores: São as vogais pronunciadas com a língua posicionada no fundo da boca, entre o dorso da língua e o véu palatino. Em português, são posteriores as vogais "ô", "ó" e "u".
  • Vogais anteriores: São as vogais pronunciadas com a língua posicionada na frente da boca entre o dorso da língua e o palato duro. Em português, são anteriores as vogais "ê", "é" e "í".
  • Vogais centrais: São as vogais pronunciadas com a lingua posicionada no centro da boca. Em português, são centrais as vogais "á", "â", e em alguns dialetos também têm o "i" átono, pronunciado ora central ora quase posterior.

Semivogais

As semivogais são fonemas que não ocupam a posição de núcleo da sílaba, devendo, portanto, associar-se a uma vogal para formarem uma sílaba. Em português, somente os fonemas representados pelas letras "i" e "u" em ditongos e tritongos são considerados semi-vogais. Um ditongo é sempre formado por uma vogal mais uma Semivogal. Quando a semivogal vem antes da vogal, o ditongo é dito "crescente" (como em "jaguar"). Quando a semivogal vem depois, o ditongo é dito "decrescente" (como em "demais"). Nos ditongos "ui" e "iu", uma das letras é sempre considerada vogal e a outra é semivogal. No caso dos tritongos, todos eles são formados por uma vogal intercalada entre duas semivogais.

Consoantes

Consoantes são fonemas assilábicos que se produzem após ultrapassar um obstáculo que se opõe à corrente de ar no aparelho fonador. Estes obstáculos incluem os lábios, os dentes, a língua, o palato, o véu palatino e a úvula.

Quanto ao papel das cordas vocais

  • Consoantes surdas (ou desvozeadas): São as consoantes pronunciadas sem que as cordas vocais sejam postas em vibração. São surdas as seguintes consoantes em português: f, k, p, c, s, t, x, ch.
  • Consoantes sonoras (ou vozeadas): São as consoantes pronunciadas com a vibração das cordas vocais. São sonoras as seguintes consoantes em português: b, d, g, j, l, lh, m, n, nh, r, v, z.

Quanto ao modo de articulação

  • Consoantes oclusivas: São as consoantes pronunciadas fechando-se totalmente o aparelho fonador, sem dar espaço para o ar sair. São oclusivas as seguintes consoantes: p, t, k, b, d, g.
  • Consoantes fricativas: São as consoantes pronunciadas através de uma corrente de ar que se fricciona em um obstáculo. São fricativas as seguintes consoantes em português: f, j, s, ch, v, z.
  • Consoantes laterais: São as consoantes pronunciadas ao fazer passar a corrente de ar nos dois cantos da boca ao lado da língua. Em português, são laterais apenas as consoantes "l" e "lh".
  • Consoantes vibrantes: São as consoantes pronunciadas através da vibração de algum elemento do aparelho fonador, em geral a língua ou o véu palatino. Em português, são vibrantes apenas as duas variedades do "r", como em "carro" e em "caro".
  • Consoantes nasais: São as consoantes em que o ar sai pelas fossas nasais, em vez da boca. Em português, são nasais as consoantes "m", "n" e "nh".

Quanto ao ponto de articulação

  • Consoantes bilabiais: São as consoantes pronunciadas com o contato dos dois lábios. Em português, são bilabiais as consoantes: p, b, m.
  • Consoantes dentais: São as consoantes pronunciadas com a língua entre os dentes. Em português são dentais as consoantes: t, d e n.
  • Consoantes alveolares: São as consoantes pronunciadas com o contato da língua nos alvéolos dos dentes. Em português, são alveolares as consoantes: s, z, l e o "r" fraco.
  • Consoantes labiodentais: São as consoantes pronunciadas com o contato dos lábios na arcada superior dos dentes. Em português, são labiodentais as consoantes "f" e "v".
  • Consoantes palatais: São as consoantes pronunciadas com o contato da língua com o palato. Em português, são palatais as seguintes consoantes: j, ch, lh e nh, e, em alguns dialetos, também as consoantes "t" e "d" antes de "i".
  • Consoantes retroflexivas: São as consoantes pronunciadas com a língua curvada. Em português, somente alguns dialetos do Brasil têm uma consoante retroflexiva, o chamado "r" caipira.
  • Consoantes velares: São as consoantes pronunciadas com a parte traseira da língua no véu palatino. Em português, são velares as consoantes: k, g e rr (em alguns dialetos brasileiros).
  • Consoantes uvulares: São as consoantes pronunciadas através da vibração da úvula. Em português, existem na variedade europeia e no dialeto fluminense; no caso, o "r" forte.
  • Consoantes glotais: São as consoantes pronunciadas através da vibração da glote. Exemplos de idiomas com consoantes glotais são o hebraico e o árabe. O "r" forte do português (como em marreta) também pode ocorrer como consoante glotal em muitos dialetos[6].

Nota: No Brasil, é perceptível a diferença de pronúncia da palavra tia entre pessoas do Rio de Janeiro e Nordeste, por exemplo. De modo geral, para os primeiros, a letra "t" é um fonema palatal (pronunciado mais ou menos como "tchia" ou "txia", enquanto para os segundos representa um fonema alveolar. Ainda que — assim como em prato e trato — os sons correspondentes à letra t de tia sejam diferentes (isto é, letras iguais e sons diferentes), o fonema é um só, visto que, na língua, não se estabelece distinção de significado ao pronunciar-se /tia/ ou /tʃia/.

Vogais e consoantes

  • Vogais e Consoantes de Ligação: As vogais e consoantes de ligação são morfemas que surgem por motivos eufônicos, ou seja, para facilitar ou mesmo possibilitar a pronúncia de uma determinada palavra.

Exemplo:: parisiense (paris= radical, ense=sufixo, vogal de ligação=i)

Outros exemplos:: gas-ô-metro, alv-i-negro, tecn-o-cracia, pau-l-ada, cafe-t-eira, cha-l-eira, inset-i-cida, pe-z-inho, pobr-e-tão, etc.

Referências

  • "Discutindo Língua Portuguesa", Ano 1 nº 2, página 60
  1. «Fonema. O que é? - Norma Culta». Norma Culta 
  2. FIGUEIREDO, Domingos Pascoal (1988). Novíssima Gramática. São Paulo-SP: Companhia Editora Nacional. p. 3 
  3. a b c d e f g h FRANCO, Carlos Emílio; DE MOURA, Francisco Marto (1990). Gramática. São Paulo-SP: Editora Ática 
  4. HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Sales; FRANCO, Francisco Manoel de Mello (2009). Minidicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro - RJ: Editora Moderna. p. 563 
  5. HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Sales; FRANCO, Francisco Manoel de Mello (2009). Minidicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro - RJ: Editora Moderna. p. 717 
  6. Barbosa & Albano (2004):5–6