Fonema: diferenças entre revisões

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Algumas letras, em determinadas palavras, não representam fonemas. Por exemplo o N e o M nas palavras "VENDO" e "BOMBA" não representam um som isolado, mas servem para indicar a nasalização da vogal que lhes precede.
'''Algumas letras, em determinadas palavras, não representam fonemas'''. Por exemplo, o ''n'' e o ''m'', respectivamente, nas palavras ''vendo'' e ''bomba'' não representam um som isolado, mas servem para indicar a nasalização da vogal que lhes precede. Assim, quando essas letras sucedem vogais, em vez de produzir os fonemas /a/, /e/, /i/, /o/ e /u/; passa-se a emitir os sons /ã/, /ẽ/, /ĩ/, /õ/ e /ũ/ respectivamente. Outros exemplos em que esse fenômeno ocorre são: ''anta'', ''entrar'', ''índice'', ''oncologista'' e ''ungulado''.<ref name=":oi" />


Algumas palavras são escritas com letras que não possuem qualquer som e, portanto, não representam nenhum fonema, como o caso do H em palavras como "HARMONIA" ou "HOJE", s em palavras como "NASCER" ou "DISCÍPULO" ou u nos grupos gu e qu seguidos de e ou i, em palavras como "GUERRA" e "QUERO" e o x em palavras como "EXCEÇÃO" ou "EXCEDER". Essas letras são conservadas na escrita por razões etimológicas, embora não apareçam na oralidade.
Algumas palavras são escritas com letras que não possuem qualquer som e, portanto, não representam nenhum fonema, como o caso do H em palavras como "HARMONIA" ou "HOJE", s em palavras como "NASCER" ou "DISCÍPULO" ou u nos grupos gu e qu seguidos de e ou i, em palavras como "GUERRA" e "QUERO" e o x em palavras como "EXCEÇÃO" ou "EXCEDER". Essas letras são conservadas na escrita por razões etimológicas, embora não apareçam na oralidade.

Revisão das 19h22min de 5 de janeiro de 2019

Em linguística, um fonema é a menor unidade sonora (fonológica) de uma língua. São sons que, articulados e combinados, constituem as sílabas, as palavras e a frase, na comunicação oral.[1][2]

Introdução ao conceito

Ao ler um texto em voz alta, uma pessoa estará produzindo sons. Tais sons são gerados pela passagem de ar pelos mais diversos órgãos do trato respiratório e são conhecidos como sons da fala.[3]

Os sons da fala são diferentes de outros como espirro, ronco e tosse, porque por meio deles a comunicação humana a partir da língua falada se estabelece. Há inúmeras possibilidades de sons a serem produzidos graças a esse mecanismo, mas interessa à gramática aqueles que, sozinhos ou agrupados, formam palavras.[3]

Observe: pato e tato. A diferença entre tais palavras está somente nos sons /p/ e /t/. Entretanto, essa diferença é imprescindível para distinguir o significado de cada uma:

- pato: ave aquática de pés palmados e bico largo;[4]

- tato: sentido pelo qual se percebem as sensações de temperatura, extensão e consistência.[5]

Esse fenômeno ocorre com inúmeros grupos de palavra, como: cal e sal, calar e colar, vendo e vento.[3]

O fonema não deve ser confundido com letra. Na língua escrita, representa-se fonemas por meio de sinais chamados letras. Portanto, a letra é a representação gráfica do fonema. No vocábulo sol, por exemplo, a letra s representa o fonema /s/ (lê-se ); já na palavra casa, o fonema /z/ (lê-se ). [3]

Com base nos exemplos acima, percebe-se que fonemas devem ser representados entre barras.[3]

Às vezes, o mesmo fonema pode ser representado por mais uma letra do alfabeto. Um exemplo é o fonema /z/, o qual aparece representado pelas seguintes letras: z (cozinha, zero), s (asa, camisa) e x (exame, exato).[3]

Em algumas situações, a mesma letra pode representar mais de um fonema. A letra x, por exemplo, pode representar: o fonema (exemplo, exame), o fonema chê (enxame, xale), o fonema (aproximar, máximo) e o grupo de sons ks (fixo, êxtase).[3]

Nem sempre o número de letras coincide com o número de fonemas de uma palavra[3]
Palavra Fonemas Letras N. de fonemas x N. de letras
Manhã /m/ /a/ /nh/ /ã/ m a n h ã 4 x 5
Táxi /t/ /a/ /k/ /s/ /i/ t á x i 5 x 4

Algumas letras, em determinadas palavras, não representam fonemas. Por exemplo, o n e o m, respectivamente, nas palavras vendo e bomba não representam um som isolado, mas servem para indicar a nasalização da vogal que lhes precede. Assim, quando essas letras sucedem vogais, em vez de produzir os fonemas /a/, /e/, /i/, /o/ e /u/; passa-se a emitir os sons /ã/, /ẽ/, /ĩ/, /õ/ e /ũ/ respectivamente. Outros exemplos em que esse fenômeno ocorre são: anta, entrar, índice, oncologista e ungulado.[3]

Algumas palavras são escritas com letras que não possuem qualquer som e, portanto, não representam nenhum fonema, como o caso do H em palavras como "HARMONIA" ou "HOJE", s em palavras como "NASCER" ou "DISCÍPULO" ou u nos grupos gu e qu seguidos de e ou i, em palavras como "GUERRA" e "QUERO" e o x em palavras como "EXCEÇÃO" ou "EXCEDER". Essas letras são conservadas na escrita por razões etimológicas, embora não apareçam na oralidade.

Alofone: são as várias possibilidades de pronúncia de um mesmo fonema. Exemplo: o fonema final /l/ da palavra "SOL" pode ser pronunciado como /l/, /w/ ou /ɾ/. Isto ocorre por causa de diferenças regionais, sociais ou individuais.

Classificação dos Fonemas

Os fonemas são classificados em vogais, semivogais e consoantes;

Vogais

Vogal é o fonema produzido pelo ar que, expelido dos pulmões, faz vibrar as cordas vocais e não encontra nenhum obstáculo na sua passagem pelo aparelho fonador. Classificam-se em:

Quanto à intensidade

  • Vogal tônica: é a vogal que se encontra na sílaba mais forte da palavra. Pode conter acentuação gráfica ou não, ficando dependente das regras de acentuação neste caso. Porém, quando houver acento, a vogal acentuada será sempre a vogal tônica, e, por consequência, a sílaba na qual ela se encontrar será a sílaba tônica.

Cada palavra possui somente uma vogal tônica.

  • Vogal átona: é a vogal que se encontra na(s) sílaba(s) mais fraca(s) da palavra.

Não possuem acentuação gráfica, mas podem apresentar o sinal gráfico de nasalação - til /~/ - quando a sílaba tônica for acentuada (órfão, órgão etc).

O número de vogais átonas em uma palavra varia, podendo até mesmo ser zero (no caso de palavras monossílabas).

Exemplos:

Pato - divide-se pa.to .

Então o a é a vogal tônica, pois a sílaba mais fortemente pronunciada é pa . O o é a vogal átona pois a sílaba to é fracamente pronunciada.

Neste caso, não há acento em nenhuma vogal.

Ábaco - divide-se á.ba.co .

Então o primeiro a é a vogal tônica pois a sílaba mais fortemente pronunciada é á . O segundo a e o o são as vogais átonas, pois as silábas ba e co são pronunciadas fracamente.

Neste caso, a sílaba tônica é acentuada.

Presidente - divide-se pre.si.den.te . A segunda vogal e é a vogal tônica, pois a sílaba mais fortemente pronunciada é den .

Nesse caso a palavra possui três vogais átonas - o primeiro e, o i e o último e -, que estão respectivamente nas sílabas pre , si e te .

- só há uma sílaba.

Neste caso o a é a vogal tônica e não há vogais átonas.

Quanto ao timbre

  • Vogais abertas: São as vogais articuladas ao se abrir o máximo a boca. Por exemplo: no Brasil, nas palavras "amora" e "café", todas as vogais são abertas.
  • Vogais fechadas: São as vogais articuladas ao se abrir o mínimo a boca. Por exemplo: nas palavras "êxodo" e "fôlego", todas as vogais são fechadas.

Alguns gramáticos da língua portuguesa ainda classificam as vogais "e" e "o" na categoria de vogais reduzidas quando são átonas no fim de uma palavra, que em geral são pronunciadas como "i" e "u". Por exemplo, nas palavras "análise" e "camelo".

Quanto ao modo de articulação

  • Vogais orais: São as vogais pronunciadas completamente através da cavidade oral. Em português, existem de sete a nove vogais orais, de acordo com o dialeto, a saber: "á" [ä], "â" [ɜ̝], "ê" [e], "é" [ɛ], "i" [ɯ̟], "í" [i], "ô" [o], "ó" [ɔ] e "u" [u] (as vogais representadas pelos símbolos [ɯ, ɜ] são comumente representados por [ɨ, ɐ] por sua aproximidade e também por sua semelhança gráfica).
  • Vogais nasais: São as vogais pronunciadas em que uma parte do ar usado para a pronúncia escapa pela cavidade nasal. Em português, existem cinco vogais nasais. Nas palavras: "maçã", "sempre", "capim", "bondade", e "fundo", os grafemas assinalados em negrito representam vogais nasais. Também são nasais os ditongos "ão", "ãe", "õe" e o ditongo "ui" da palavra "muito".

Quanto ao ponto de articulação

  • Vogais posteriores: São as vogais pronunciadas com a língua posicionada no fundo da boca, entre o dorso da língua e o véu palatino. Em português, são posteriores as vogais "ô", "ó" e "u".
  • Vogais anteriores: São as vogais pronunciadas com a língua posicionada na frente da boca entre o dorso da língua e o palato duro. Em português, são anteriores as vogais "ê", "é" e "í".
  • Vogais centrais: São as vogais pronunciadas com a lingua posicionada no centro da boca. Em português, são centrais as vogais "á", "â", e em alguns dialetos também têm o "i" átono, pronunciado ora central ora quase posterior.

Semivogais

As semivogais são fonemas que não ocupam a posição de núcleo da sílaba, devendo, portanto, associar-se a uma vogal para formarem uma sílaba. Em português, somente os fonemas representados pelas letras "i" e "u" em ditongos e tritongos são considerados semi-vogais. Um ditongo é sempre formado por uma vogal mais uma Semivogal. Quando a semivogal vem antes da vogal, o ditongo é dito "crescente" (como em "jaguar"). Quando a semivogal vem depois, o ditongo é dito "decrescente" (como em "demais"). Nos ditongos "ui" e "iu", uma das letras é sempre considerada vogal e a outra é semivogal. No caso dos tritongos, todos eles são formados por uma vogal intercalada entre duas semivogais.

Consoantes

Consoantes são fonemas assilábicos que se produzem após ultrapassar um obstáculo que se opõe à corrente de ar no aparelho fonador. Estes obstáculos incluem os lábios, os dentes, a língua, o palato, o véu palatino e a úvula.

Quanto ao papel das cordas vocais

  • Consoantes surdas (ou desvozeadas): São as consoantes pronunciadas sem que as cordas vocais sejam postas em vibração. São surdas as seguintes consoantes em português: f, k, p, c, s, t, x, ch.
  • Consoantes sonoras (ou vozeadas): São as consoantes pronunciadas com a vibração das cordas vocais. São sonoras as seguintes consoantes em português: b, d, g, j, l, lh, m, n, nh, r, v, z.

Quanto ao modo de articulação

  • Consoantes oclusivas: São as consoantes pronunciadas fechando-se totalmente o aparelho fonador, sem dar espaço para o ar sair. São oclusivas as seguintes consoantes: p, t, k, b, d, g.
  • Consoantes fricativas: São as consoantes pronunciadas através de uma corrente de ar que se fricciona em um obstáculo. São fricativas as seguintes consoantes em português: f, j, s, ch, v, z.
  • Consoantes laterais: São as consoantes pronunciadas ao fazer passar a corrente de ar nos dois cantos da boca ao lado da língua. Em português, são laterais apenas as consoantes "l" e "lh".
  • Consoantes vibrantes: São as consoantes pronunciadas através da vibração de algum elemento do aparelho fonador, em geral a língua ou o véu palatino. Em português, são vibrantes apenas as duas variedades do "r", como em "carro" e em "caro".
  • Consoantes nasais: São as consoantes em que o ar sai pelas fossas nasais, em vez da boca. Em português, são nasais as consoantes "m", "n" e "nh".

Quanto ao ponto de articulação

  • Consoantes bilabiais: São as consoantes pronunciadas com o contato dos dois lábios. Em português, são bilabiais as consoantes: p, b, m.
  • Consoantes dentais: São as consoantes pronunciadas com a língua entre os dentes. Em português são dentais as consoantes: t, d e n.
  • Consoantes alveolares: São as consoantes pronunciadas com o contato da língua nos alvéolos dos dentes. Em português, são alveolares as consoantes: s, z, l e o "r" fraco.
  • Consoantes labiodentais: São as consoantes pronunciadas com o contato dos lábios na arcada superior dos dentes. Em português, são labiodentais as consoantes "f" e "v".
  • Consoantes palatais: São as consoantes pronunciadas com o contato da língua com o palato. Em português, são palatais as seguintes consoantes: j, ch, lh e nh, e, em alguns dialetos, também as consoantes "t" e "d" antes de "i".
  • Consoantes retroflexivas: São as consoantes pronunciadas com a língua curvada. Em português, somente alguns dialetos do Brasil têm uma consoante retroflexiva, o chamado "r" caipira.
  • Consoantes velares: São as consoantes pronunciadas com a parte traseira da língua no véu palatino. Em português, são velares as consoantes: k, g e rr (em alguns dialetos brasileiros).
  • Consoantes uvulares: São as consoantes pronunciadas através da vibração da úvula. Em português, existem na variedade europeia e no dialeto fluminense; no caso, o "r" forte.
  • Consoantes glotais: São as consoantes pronunciadas através da vibração da glote. Exemplos de idiomas com consoantes glotais são o hebraico e o árabe. O "r" forte do português (como em marreta) também pode ocorrer como consoante glotal em muitos dialetos[6].

Nota: No Brasil, é perceptível a diferença de pronúncia da palavra tia entre pessoas do Rio de Janeiro e Nordeste, por exemplo. De modo geral, para os primeiros, a letra "t" é um fonema palatal (pronunciado mais ou menos como "tchia" ou "txia", enquanto para os segundos representa um fonema alveolar. Ainda que — assim como em prato e trato — os sons correspondentes à letra t de tia sejam diferentes (isto é, letras iguais e sons diferentes), o fonema é um só, visto que, na língua, não se estabelece distinção de significado ao pronunciar-se /tia/ ou /tʃia/.

Vogais e consoantes

  • Vogais e Consoantes de Ligação: As vogais e consoantes de ligação são morfemas que surgem por motivos eufônicos, ou seja, para facilitar ou mesmo possibilitar a pronúncia de uma determinada palavra.

Exemplo:: parisiense (paris= radical, ense=sufixo, vogal de ligação=i)

Outros exemplos:: gas-ô-metro, alv-i-negro, tecn-o-cracia, pau-l-ada, cafe-t-eira, cha-l-eira, inset-i-cida, pe-z-inho, pobr-e-tão, etc.

Referências

  • "Discutindo Língua Portuguesa", Ano 1 nº 2, página 60
  1. «Fonema. O que é? - Norma Culta». Norma Culta 
  2. FIGUEIREDO, Domingos Pascoal (1988). Novíssima Gramática. São Paulo-SP: Companhia Editora Nacional. p. 3 
  3. a b c d e f g h i FRANCO, Carlos Emílio; DE MOURA, Francisco Marto (1990). Gramática. São Paulo-SP: Editora Ática 
  4. HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Sales; FRANCO, Francisco Manoel de Mello (2009). Minidicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro - RJ: Editora Moderna. p. 563 
  5. HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Sales; FRANCO, Francisco Manoel de Mello (2009). Minidicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro - RJ: Editora Moderna. p. 717 
  6. Barbosa & Albano (2004):5–6