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Estação Ferroviária de Olhão

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Olhão
Estação de Olhão, em 2010.
Estação de Olhão, em 2010.
Linha(s): Linha do Algarve
(PK 349,951)
Coordenadas: 37° 01′ 49,01″ N, 7° 50′ 23,42″ O
Município: Olhão
Serviços: Serviço de táxis Bilheteiras e/ou máquinas de venda de bilhetes Lavabos Bar ou cafetaria Estação sem barreiras arquitectónicas Posto de informações Sala de espera
Inauguração: 15 de Maio de 1904
Website:

A Estação Ferroviária de Olhão, também conhecida por Estação de Olhão, é uma interface ferroviária da Linha do Algarve, que serve a localidade de Olhão, no Distrito de Faro, em Portugal.

Caracterização

Vias e plataformas

A estação incluía, em 2007, 3 vias de circulação, tendo cada uma 275 metros de extensão, e 3 plataformas, com 114, 100 e 65 metros de comprimento.[1]

Em Janeiro de 2011, já se tinham verificado algumas modificações nas vias, passando as duas primeiras linhas a deter 253 metros de comprimento, e a terceira, 190 metros; as plataformas também foram alteradas, passando a apresentar 114 a 65 metros de comprimento, e 30 e 20 centímetros de altura.[2]

Localização e acessos

Esta interface situa-se junto à Avenida dos Combatentes da Grande Guerra, na localidade de Olhão.[3]

História

Ver artigo principal: História da Linha do Algarve
Estação de Olhão à noite, em 2009.

Planeamento e construção

Em 1898, o engenheiro Pedro Inácio Lopes escolheu um local para a futura estação de Olhão, num ponto a Noroeste daquela localidade, com um ramal para o cais de pesca[4]; uma portaria de 21 de Novembro de 1902 aprovou o plano definitivo para a construção do segundo lanço da ligação ferroviária entre Faro e Vila Real de Santo António, estando incluída uma estação de segunda classe na localidade de Olhão, uma via férrea entre a estação e o cais da localidade, para o transporte de pescado, e uma plataforma rotativa na estação para acesso de vagonetas.[5][6]

Porém, pouco tempo após a aprovação do projecto, a autarquia de Olhão reclamou da localização da Estação, defendendo um novo local, a Norte da vila, a cerca de 500 metros de distância do sítio original, e que se encontrava entre as Estradas Municipais 9 e 53; aquele organismo apontou várias razões de ordem estética, e argumentou que o novo local oferecia melhores acessos.[4] Em Dezembro desse ano, a autarquia enviou duas representações aos escritórios da Companhia dos Caminhos de Ferro do Sul e Sueste, para defender a nova localização.[7] Esta questão dividiu a população da vila, com alguns habitantes do lado da Câmara Municipal, e outros a defender a localização original.[8]

A Direcção do Sul e Sueste chegou à conclusão que os custos de construção seriam idênticos em ambos os locais, e que nenhum oferecia maiores benefícios, em termos técnicos, sobre o outro; no entanto, o Conselho de Administração revelou-se contra a alteração.[4] Esta questão foi discutida na sessão de 1902-1903 das Câmaras Legislativas, que teve lugar nos inícios de 1903.[9]

Para resolver este problema, o Governo ordenou, por uma portaria de 7 de Fevereiro de 1903, a criação de uma comissão, para estudar as reclamações da autarquia e da população, e propor, assim, o local mais conveniente para os interesses locais e regionais.[8] A comissão reuniu-se no dia 11, tendo resolvido, por maioria, aceitar a solução da Câmara Municipal.[4], pelo que, em 12 de Fevereiro, o Estado ordenou que a Estação fosse construída no novo local.[8]

No dia 14 de Setembro do mesmo ano, teve lugar a arrematação para a empreitada da construção dos muros de vedação.[10]

Inauguração

A Estação de Olhão foi inaugurada a 15 de Maio de 1904, na presença de grande multidão; nessa altura, encontrava-se nos limites desta localidade, mas longe dos núcleos comerciais e industriais.[11]

Em 1933, a Comissão Administrativa do Fundo Especial de Caminhos de Ferro aprovou obras de melhoramento das comunicações telefónicas, entre as Estações de Olhão e Vila Real de Santo António.[12]

Movimento de mercadorias e passageiros

A partir do princípio da Primeira Grande Guerra, verifica-se uma redução no volume de mercadorias recebidas; em geral, reduzem-se as expedições de peixe nesta região, mas aumentam-se as de polvo.[13] Na segunda metade do Século XX, verificou-se um aumento no movimento de mercadorias desta estação, em detrimento de Vila Real de Santo António.[14]

As principais mercadorias expedidas foram peixe congelado em salgado em caixas de madeira, para todo o país.[15] Em regime de pequenos volumes em grande velocidade, as principais expedições foram hortaliças e frutas (principalmente para Vila Nova de Gaia) (especialmente citrinos, na Primavera e no Outono, polvo (no Outono), azeite em embalagens e farinha e óleo de peixe (para Setúbal e Lisboa).[16] As principais mercadorias recebidas foram adubos, carvão e metais vários, vindos de Vila Real de Santo António, palha, materiais de construção (especialmente cimento), papel (vindo de Cacia) (principalmente no Outono), trigo de semente, batatas, óleos vegetais, arroz e cartão.[16]

Em termos de passageiros, esta foi uma das principais estações no Algarve, em movimento de veraneantes.[16] Nas deslocações regulares, verificou-se um elevado tráfego de passageiros entre esta estação e Faro, Fuzeta - Moncarapacho, Tavira e Monte Gordo.[16]

Século XXI

Entre Fevereiro e Maio de 2009, esta estação sofreu várias obras de remodelação e manutenção, por parte da Rede Ferroviária Nacional.[17]

Em Setembro de 2008, dois jovens foram capturados pela polícia nesta estação, suspeitos de um assalto na Estação de Boliqueime.[18]

Em 2010, a Estação de Olhão continuou a ser uma das principais em termos de movimento de passageiros, no Sotavento Algarvio.[19]

No dia 7 de Novembro de 2011, a Rede Ferroviária Nacional emitiu o Anúncio de procedimento n.º 5428/2011, que se refere a um contrato para várias obras no interior desta interface, junto com a de Fuseta - Moncarapacho; as intervenções incluem a substituição de travessas de madeira por betão, troca de carris defeituosos, reparação das passadeiras de madeira, e comutar os equipamentos de mudança de via.[20]

Ver também

Referências

  1. «Directório da Rede 2007 - 1.ª Adenda». Rede Ferroviária Nacional. 26 de Junho de 2007: 75, 87 
  2. «Directório da Rede 2012». Rede Ferroviária Nacional - REFER, E.P. 6 de Janeiro de 2011. 85 páginas 
  3. «Olhão - Linha do Algarve». Rede Ferroviária Nacional. Consultado em 14 de Fevereiro de 2012 
  4. a b c d «Linhas Portuguezas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (364). 16 de Fevereiro de 1903. 58 páginas. Consultado em 1 de Setembro de 2012 
  5. «Linhas Portuguezas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 15 (358). 16 de Novembro de 1902. 346 páginas. Consultado em 14 de Fevereiro de 2012 
  6. «Olhão à Fuzeta» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 15 (359). 1 de Dezembro de 1902. 366 páginas. Consultado em 14 de Fevereiro de 2012 
  7. «Linhas Portuguezas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (361). 1 de Janeiro de 1903. 11 páginas. Consultado em 14 de Fevereiro de 2012 
  8. a b c «Parte Official» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (364). 16 de Fevereiro de 1903. 52 páginas. Consultado em 1 de Setembro de 2012 
  9. SIMÕES, J. de Oliveira (16 de Maio de 1903). «As vias ferreas no parlamento» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (370). 160 páginas. Consultado em 1 de Setembro de 2012 
  10. «Arrematações» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (379). 1 de Outubro de 1903. 338 páginas. Consultado em 3 de Agosto de 2012 
  11. Marques, 1999:391
  12. «Direcção Geral de Caminhos de Ferro» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 46 (1102). 16 de Novembro de 1933. 601 páginas. Consultado em 1 de Setembro de 2012 
  13. Cavaco, 1976II:438
  14. Cavaco, 1976II:357
  15. Cavaco, 1976II:251
  16. a b c d Cavaco, 1976II:436-438
  17. «Directório da Rede 2009». Rede Ferroviária Nacional. 3 de Abril de 2008. 103 páginas 
  18. LINO, Mário (2 de Setembro de 2008). «Apanhados jovens que assaltaram turista alemão». Expresso. Consultado em 14 de Fevereiro de 2012 
  19. ANTUNES, Filipe (19 de Janeiro de 2010). «Futuro da linha ferroviária do Algarve está nas mãos de Lisboa». Barlavento. Consultado em 14 de Fevereiro de 2012 [ligação inativa] 
  20. PORTUGAL. Anúncio de procedimento n.º 5428/2011, de 7 de Novembro de 2011. Rede Ferroviária Nacional - REFER, E.P.. Publicado na Série II do Diário da República n.º 213, de 7 de Novembro de 2011.

Bibliografia

  • CAVACO, Carminda (1976). O Algarve Oriental. As Vilas, O Campo e o Mar. II. Faro: Gabinete de Planeamento da Região do Algarve. 492 páginas  Parâmetro desconhecido |volumes= ignorado (|volume=) sugerido (ajuda)
  • MARQUES, Maria da Graça Maia; et al. (1999). O Algarve da Antiguidade aos Nossos Dias. Elementos para a sua História. Lisboa: Edições Colibri. 750 páginas. ISBN 972-772-064-1 
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Ligações externas