Fábrica de Moagem de Sabóia

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Fábrica de Moagem de Sabóia
Fábrica de Moagem de Sabóia
Nomes alternativos Moagem de Sabóia
Tipo
Construção 1940
Património Nacional
SIPA 32796
Geografia
País Portugal Portugal
Região Alentejo
Coordenadas 37° 29' 34.5" N 8° 29' 53.9" O
Mapa
Localização em mapa dinâmico

A Fábrica de Moagem de Sabóia, igualmente conhecida como Moagem de Sabóia, é um antigo complexo industrial na aldeia de Sabóia, no Município de Odemira, em Portugal.

Publicidade de 1931 à moagem A Edificadora, propriedade da firma Pacheco Nobre & Matos.

Descrição[editar | editar código-fonte]

A antiga unidade fabril situa-se perto do centro da aldeia de Sabóia.[1] Era formada por várias estruturas ligadas à moagem de cereais, nomeadamente a fábrica em si, armazéns, residências dos operários, um escritório e oficinas.[2] Posteriormente, o edifício da moagem passou a ser utilizado como espaço cultural e para conferências.[3][4]

História[editar | editar código-fonte]

A história da moagem inicia-se em 9 de Setembro de 1935, com a fundação da Sociedade Comercial por Quotas Pacheco Nobre & Matos, Ldª., que estava sedeada em Sabóia.[5] Em 1935, um terreno desta empresa foi alugado a Jaime José Ribeiro e à sua esposa Cândida Pereira Ribeiro, que pretendiam instalar ali um centro para produção e comercialização de farinhas, além de várias funções agrícolas.[2] Na altura existia apenas um prédio rústico na propriedade, tendo os edifícios da moagem sido construídos pelo arrendatário entre 1935 e 1940.[5] Segundo a obra Diário Alentejano, publicada em 1931, existiam três fábricas de moagem em Sabóia, o que, em conjunto com as suas várias lojas, faz com que a aldeia tivesse uma grande dinâmica comercial.[6] Na freguesia havia abundante matéria-prima para as moagens, produzindo-se em grandes quantidades cevada, trigo, milho e aveia.[6]

Nos finais da centúria iniciou-se um processo legal pela posse da propriedade, tendo em 1997 a firma Pacheco Nobre & Matos, Ld.ª afirmado no Cartório Notarial de Almodôvar o direito de propriedade, através do processo de usucapião.[2] Porém, no ano seguinte os donos da antiga fábrica pediram a anulação da escritura, e após um processo favorável em tribunal tentaram despejar o arrendatário.[2] Em 2000 a Sociedade Pacheco Nobre e Matos respondeu com um processo em tribunal, alegando que as construções que esta empresa tinha feito no terreno eram de valor superior à situação primitiva, e reclamou o direito de adquirir a propriedade, através do pagamento da quantia a ser fixada, e ao mesmo tempo pediu a suspensão da instância, tendo este último requerimento sido deferido.[2] No entanto, em 2006 o Tribunal da Relação de Évora determinou que já tinha prescrito o direito da aquisição da propriedade por parte da Sociedade Pacheco Nobre e Matos.[2]

Em Abril de 2015, a Câmara Municipal de Odemira organizou uma sessão pública sobre qual deveria ser o fim a dar ao antigo complexo da moagem, pretendendo a autarquia devolver o edifício à população, como um espaço público de finalidade cultural, social ou económica.[1] Em Setembro desse ano, a moagem foi alvo de várias iniciativas no contexto das Jornadas Europeias do Património 2015, e que incluíram uma visita às instalações, uma tertúlia com participação de antigos operários daquela fábrica, o espectáculo de animação teatral Memórias da Moagem, e uma conferência pelo historiador António Martins Quaresma sobre a história da moagem e da sua importância na área Sul do concelho, do ponto de vista económico e social.[3] Em Agosto de 2018, recebeu o encontro Novos Caminhos para a Aguardente de Medronho, organizado pela Arbutus – Associação para a Promoção do Medronho, como parte da Feira das Actividades Culturais e Económicas de Sabóia.[4]

Em Outubro de 2019, foi iniciado o programa de reabilitação da antiga moagem, que seria transformada no Espaço Moagem - Centro Interpretativo do Medronho SW.[7] Esta iniciativa iria qualificar o antigo espaço, transformando-o num polo de desenvolvimento regional baseado em produtos endógenos, principalmente o medronho, que seria potenciado pela sua localização, perto da Estação Ferroviária de Santa Clara-Sabóia e da fronteira com o Algarve.[7] Ao mesmo tempo, iria ser preservar um importante componente do património local, que devido ao seu passado industrial é considerado como um testemunho da antiga dinâmica económica de Sabóia.[7] Este programa foi aprovado em Março de 2020,[7] e em Setembro desse ano, a autarquia iniciou o concurso público para a antiga Moagem de Sabóia, composto pelos edifícios designados de A4, A5 e H1.[8] Em Julho do ano seguinte, já tinha iniciado a fase de contrato para a reabilitação da Cerca da Fábrica de Moagem de Sabóia, prevendo-se que ali iria ser instalado uma incubadora de empresas, num investimento de cerca de 548 mil Euros.[9] Estava planeada a instalação de uma área de recepção e de apoio, uma sala para reuniões, um espaço comum para postos de trabalho, vários gabinetes individuais, uma copa, um auditório e uma área de esplanada.[9] A empreitada foi entregue à empresa Virgílio de Sousa Leal, e tinha um prazo de execução de 240 dias.[9]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b «Odemira promove discussão sobre futuro do edifício da Moagem de Sabóia». Sul Informação. 16 de Abril de 2015. Consultado em 19 de Março de 2022 
  2. a b c d e f GORDALINA, Rosário (2012). «Fábrica de Moagem Sabóia». Sistema de Informação para o Património Arquitectónico. Direcção-Geral do Património Cultural. Consultado em 19 de Março de 2022 
  3. a b «Jornadas do Património na moagem de Sabóia». Jornal Sudoeste. 26 de Setembro de 2015. Consultado em 19 de Março de 2022 
  4. a b CALDEIRA, Carlos (27 de Julho de 2018). «Odemira recebe debate sobre novos caminhos para a Aguardente de Medronho». Agricultura e Mar. Consultado em 19 de Março de 2022 
  5. a b «Acórdão do Tribunal da Relação de Évora». Instituto de Gestão Financeira e e Equipamentos da Justiça. 6 de Abril de 2006. Consultado em 19 de Março de 2022 
  6. a b Odemira - As suas freguesias. Album Alentejano: Distrito de Beja. Lisboa: Imprensa Beleza. 1931. p. 173. 216 páginas. Consultado em 19 de Março de 2022 – via Biblioteca Digital do Alentejo 
  7. a b c d «FEADER / Centro Interpretativo do Medronho SW». Câmara Municipal de Odemira. Consultado em 19 de Março de 2022 
  8. PORTUGAL. Anúncio de procedimento n.º 10373/2020, de 9 de Setembro.Município de Odemira. Publicado no Diário da República n.º 183, Série II, de 18 de Setembro de 2020.
  9. a b c «Odemira. Incubadora de empresas vai "nascer" em Sabóia». Correio Alentejo. 5 de Julho de 2021. Consultado em 19 de Março de 2022 

Leitura recomendada[editar | editar código-fonte]

  • QUARESMA, António Martins (2009). Cerealicultura e farinação no Concelho de Odemira: Da Baixa Idade Média à época contemporânea. Odemira: Câmara Municipal de Odemira. 124 páginas. ISBN 978-989-8263-02-5 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]


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