Felisberto José de Sequeira

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Felisberto José de Sequeira (? — ?) foi um sacerdote católico, ouvidor eclesiástico em São Roque do Pico, que exerceu as funções de deputado às Cortes Gerais e Extraordinárias da Nação Portuguesa, eleito pelo círculo eleitoral do Faial e Pico, onde se distinguiu na defesa da extinção da centralização em Angra do governo dos Açores.[1][2]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Era originário de uma família de proprietários e homens de negócio da ilha do Pico, mas com raízes na ilha de São Jorge. Presbítero secular, foi ouvidor eclesiástico na vila de São Roque do Pico (desde 1818) e vigário da paróquia de Santo António.[1]

Adepto do liberalismo e apoiante do levantamento que ocorreu de 11 de Maio de 1821 na então vila da Horta, foi candidato a deputado pelo círculo do Faial e Pico nas eleições de 1821 para as Cortes Gerais e Extraordinárias da Nação Portuguesa. Apesar das dificuldades da eleição, que devido a problemas na ilha do Pico só ocorreu a 23 de Agosto de 1821, quando as Cortes já estavam em funcionamento há mais de seis meses, foi eleito deputado em conjunto como Manuel José de Arriaga.[3]

Com Manuel José de Arriaga, partiu para Lisboa numa escuna americana a 13 de setembro, apenas prestando juramento e tomando posse a 2 de outubro de 1821, quando os trabalhos das Cortes Constituintes, que se haviam iniciado a 24 de janeiro de 1821, já iam bem avançados. Ainda antes de partir para Lisboa, refutou por escrito os argumentos aparecidos num folheto para manter o governo dos Açores unidos e com capital em Angra, opúsculo que depois publicou em Lisboa.[4][5]

Quando tomou assento nas Cortes a elaboração da Constituição de 1822 já ia adiantada e a discussão sobre a organização política e administrativa dos Açores já se tinha iniciado. Ainda assim, sob a liderança de Manuel José de Arriaga, foi um dos principais defensores da extinção da Capitania Geral dos Açores e da divisão do arquipélago em três comarcas com governos autónomos uns dos outros, tese que venceu e levou à Carta de Lei de 7 de Fevereiro de 1822.[6]

Terminados os trabalhos das Cortes Constituintes a 4 de novembro de 1822, não foi eleito para as Cortes ordinárias. Ainda assim terá ficado por Lisboa, pois recebeu o hábito da Ordem de Cristo em 1824, na igreja da Luz, em Lisboa.[1]

Notas

  1. a b c Nota biográfica na Enciclopédia Açoriana'.
  2. Zília Osório de Castro (coord.), Dicionário do Vintismo e do Primeiro Cartismo, pp. 622-624. Lisboa, Assembleia da República, 2002 (ISBN 9789723605778).
  3. Carlos Cordeiro, "O debate sobre a organização administrativa dos Açores no vintismo : O Faial em busca da emancipação". Horta, Boletim do Núcleo Cultural da Horta, n.º 17, pp. 85-98, 2007.
  4. Argumentos que appareceram em dois folhetos para desvanecer a ideia de se crearem nas ilhas dos Açores mais duas Juntas Governativas, além da de Angra, a saber uma em S. Miguel, e outra no Fayal, e uma breve refutação seguida aos mesmos em forma de diálogo. Lisboa, Impr. de Alcobia, 1821.
  5. A. L. Silveira Macedo, História das quatro ilhas que formam o distrito da Horta, vol. II: pp. 12-13; vol. III: p. 235. Angra do Heroísmo, Secretaria Regional da Educação e Cultura, 1981 (2.ª edição fac-sim.).
  6. Maria Fernanda D. T. Enes, O liberalismo nos Açores. Religião e política (1800-1832). Lisboa, Universidade Nova de Lisboa, 1994.