Filibote

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Filibotes holandeses do século XVII.

O filibote (em holandês antigo: fluyt boot ou fluyt; em holandês moderno: fluitschip ou fluit) é um tipo de navio cargueiro holandês originário da República Holandesa no final do século XVI. Projetado pelos estaleiros navais de Hoorn como um navio de carga dedicado ao comércio internacional.[1] A embarcação foi projetada para facilitar o transporte transoceânico com o máximo de espaço e eficiência da tripulação. Ao contrário dos rivais, não foi construído para ser convertido em navio de guerra em tempos de guerra, por isso era mais barato de construir.[2] O filibote foi um fator importante na ascensão do império marítimo holandês no século XVII, durante o Século de Ouro dos Países Baixos.[3][4]:68 Em 1670, a marinha mercante holandesa totalizava 568.000 toneladas de frete - cerca de metade do total europeu.[5]

Foi muito utilizado pela Companhia Holandesa das Índias Orientais (VOC).

Etimologia[editar | editar código-fonte]

A palavra filibote é originária do holandês vlieboot, que consiste na junção de duas outras: vlie, que refere à ilha de Vlieland, e, boot, que significa barco.[6] Vlieboot significa então "barco de Vlieland".[6]

Na área da náutica, a palavra filibote refere-se a uma embarcação grande, mais precisamente um navio de carga neerlandês.[7] Devido a sua forma o filibote (em neerlandês: fluit (= flauta)) foi provalmente nomeado após o instrumento flauta.[8]

Características[editar | editar código-fonte]

O filibote é um antigo navio de transporte, redondo de três mastros e dotado de velas quadradas originário da República Holandesa no final do século XVI. Medindo de 35 a 37 metros de comprimento e pesando em média entre 70 e 100 toneladas, o filibote era rápido e podia carregar apenas doze membros da tripulação.[9][6]

Era capaz de transportar até o dobro da carga de navios rivais e podia ser manuseado por tripulações pequenas. A construção por estaleiros especializados usando novas tecnologias reduziu o custo pela metade dos navios rivais. Esses fatores combinados reduziram drasticamente o custo de transporte para os comerciantes holandeses, dando-lhes uma grande vantagem competitiva.[10][4]:20

História[editar | editar código-fonte]

Primeiro navio destinado ao comércio (século XVII)[editar | editar código-fonte]

O primeiro filibote foi construído em 1595 em Hoorn, um porto então tão ativo como o de Amsterdã, conforme o design do comerciante Pieter Jansz Vael.[11] Devido ao seu calado raso, o navio era capaz de enfrentar os mares mais severos, como o Mar do Norte, bem como o Oceano Pacífico.[12] Dotado de uma popa redonda e alta, tinha uma capacidade máxima de carga. Seu comprimento variava de 30 a 43 m.[13] Foi um filibote, o Concorde, que acompanhou o navio Hoorn, na expedição de dois anos e dez dias (1615-1617) de Willem Schouten e Jacob Le Maire que cruzou, pela primeira vez, o Cabo Horn.[13]

O filibote é rapidamente copiado pelos vizinhos alemães (fleute), ingleses (flyboat), com variantes de acordo com as necessidades: no Báltico, o navio é dotado de uma grande abertura na parte de trás para o comércio de madeira; nos mares boreais, eram usados filibotes baleeiros com um casco reforçado na frente contra icebergs e com equipamento de elevação para cetáceos capturados.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Vergé-Franceschi, Michek (2002). Dictionnaire d’Histoire maritime (em francês) éditions Robert Laffont ed. Paris: Bouquins. 1508 páginas. ISBN 2-221-08751-8  ;
  • Villiers, Patrick; Duteil, Jean-Pierre; Muchembled, Robert (1997). L’Europe, la mer et les colonies, siècle XVII - XVIII. Col: Carré Histoire (em francês) Hachette supérieur ed. Paris: [s.n.] 255 páginas 

Referências

  1. Wheatley, Joe. «Fluyts and Katts». The Captain Cook Society. Consultado em 11 de maio de 2017 
  2. «Ship - 17th-century developments». www.britannica.com (em inglês). Encyclopædia Britannica. Consultado em 23 de setembro de 2021 
  3. «Fluyt - Dutch ship». www.britannica.com (em inglês). Encyclopædia Britannica. Consultado em 23 de setembro de 2021 
  4. a b Boxer, CR (1965). The Dutch Seaborne Empire 1600–1800. [S.l.]: Alfred A. Knopf 
  5. Blanning, Tim (2007). The Pursuit of Glory: Europe, 1648–1815. [S.l.]: Penguin. p. 96 
  6. a b c «El filibote: Una aproximación al cambio tecnológico en la carrera de Indias» (PDF) (em espanhol). Academia.edu. Consultado em 27 de setembro de 2021 
  7. «Filibote». Real Acamemia Espanõla (em espanhol). Diccionario de la lengua española. Consultado em 26 de setembro de 2021 
  8. Sleeswyk, André Wegener (27 de março de 2003). De Gouden Eeuw van het fluitschip. Franeker: Uitgeverij Van Wijnen. ISBN 9789051942590 
  9. «Fluitschip – Beroemd Nederlands scheepstype» (em neerlandês). Historiek. 7 de outubro de 2019. Consultado em 25 de setembro de 2021 
  10. de Vries, Jan (1976). The Economy of Europe in an Age of Crisis, 1600–1750. [S.l.]: Cambridge University Press. pp. 117–18 
  11. Theodorus Velius (1604). «Chronijck van de Stadt van Hoorn». Hoorn: Willem Andriesz. 244 páginas.
  12. Villiers, Duteil y Muchembled, 1997, p. 14.
  13. a b Vergé-Franceschi, 2002, p. 610-611
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Filibote
Ícone de esboço Este artigo sobre tópicos navais é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.