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Gabriel Monjane

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Gabriel Monjane
Nome completo Gabriel Estêvão Monjane
Nascimento 1944
Manjacaze,Gaza (província), Moçambique
Morte 1990
Manjacaze, Gaza, Moçambique
Nacionalidade moçambicano
Estatura 2,45m

Gabriel Estêvão Monjane (1944-1990), nascido em Manjacaze, em Moçambique, então província ultramarina portuguesa, foi um dos 24 recordistas a integrar a lista de pessoas mais altas do mundo[1], tendo alcançado os 2,45m. [2]

Enquanto criança, desenvolveu-se de forma aparentemente normal, sensivelmente até aos 10 anos, sendo que só mais tarde é que começou a crescer desmesuradamente.[3]

Assim, aos 12 anos, já media 1,90m, sendo certo que, porém, os médicos da época[4] atribuíram o seu gigantismo a um episódio traumático, sofrido na adolescência, quando caiu do primeiro andar de um edifício, o que lhe teria despoletado um distúrbio endócrino.[5]

Quando chegou aos 16 anos atingiu uma altura de 2,31m, pesando já cerca de 125 quilos.[6] Posteriormente, aos 26 anos de idade, o seu crescimento cessou, orçando já os 2,45m e pesando já à volta de 158 quilos.[7]

Apesar da sua considerável estatura, manteve-se fora da ribalta até aos 19 anos, em 1963, altura em que o jornal moçambicano “Notícias” fez uma reportagem sobre si, catapultando-o para a fama.[2]

Três anos mais tarde, em 1966, já com 21 anos[8], foi internado no Hospital Miguel Bombarda, em Lourenço Marques (actual cidade de Maputo), por determinação da ordem dos Serviços de Saúde de Moçambique, para que os médicos o pudessem estudar e para lenificar o mal-estar da fadiga crónica e dos pés gretados, de que sofria por mercê do seu quadro clínico.[4]

Originalmente, trabalhava numa fábrica de embalamento de cajus, como descascador, porém, graças à notoriedade que granjeara com o jornal Notícias, rapidamente foi contratado para fazer campanhas publicitárias em Lourenço Marques.[2]

Ainda no ano de 1966, foi contratado pelo empresário circense britânico Richard (Dick) Chipperfield[9], para integrar a trupe do conhecido circo circo homónimo.

Passou a viajar por todo o mundo em circos de curiosidades e exposições ambulantes, sendo que a carreira circense de Monjane se viria a arrastar durante quase vinte anos.[2]

Chegou a Lisboa em 1969, tendo sido encarado com admiração por portugueses e turistas. [10] Em Lisboa, foi exibido no Teatro Arco-Íris, na Feira Popular, acompanhado do anão Lúcio Pedro, conhecido como "o anão do Coliseu".[11]

A dupla teve bastante sucesso, tendo feito digressão várias vezes em Portugal e no estrangeiro.[11] Com efeito, apareceram juntos, inclusive, nas cerimónias fúnebres de António de Oliveira Salazar, em 1970.[10]

Recorde do Guinness

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O Guinness Book of World Records registou-o, na sua edição de 1988, como o homem mais alto do mundo.[1]

Problemas de saúde

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Com o passar dos anos o estado de saúde de Gabriel Monjane deteriorou-se, de tal modo que, ainda antes de ter completado 30 anos já padecia de fortes dores nas ancas, nos joelhos e nos tornozelos, sofrendo ainda de uma úlcera crónica no pé direito.[12][2] Tendo acabado por passar a precisar de usar bengala para se locomover.[11]

Foi submetido a diversas intervenções cirúrgicas durante a sua vida, tendo dificuldades em pagar as cirurgias.[12]

Faleceu em janeiro de 1990, aos 45 anos, depois de ter caído no pátio de cimento de sua casa, em Manjacaze, batendo com a cabeça, o que lhe valeu um traumatismo craniano, que se revelou fatal, tendo perdido a vida ainda enquanto estava a ser transportado para o hospital.[2]

Alusões culturais

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O músico moçambicano Silk Nobre fez uma homenagem a Gabriel Monjane, na sua canção «azul terylene»[13], com que concorreu ao Festival da Canção de 2024.[14]

Referências

  1. a b Childress, David Hatcher (2011). Yeti, Sasquatch & Hairy Giants. Adventures Unlimited Press. ISBN 9781935487562.
  2. a b c d e f Mariano, Fátima (2022). Grandes Figuras Excêntricas da História de Portugal. Lisboa: Contraponto Editores. 192 páginas. ISBN 9789896662677 
  3. Mariano, Fátima (2022). Grandes Figuras Excêntricas da História de Portugal. Lisboa: Contraponto Editores. 192 páginas. ISBN 9789896662677 
  4. a b Walt, Gillian; Melamed, Angela, eds. (1983). Mozambique: towards a people's health service. Col: Third World studies. London: Zed Books. ISBN 0862321298 
  5. Mariano, Fátima (2022). Grandes Figuras Excêntricas da História de Portugal. Lisboa: Contraponto Editores. 192 páginas. ISBN 9789896662677 
  6. Mariano, Fátima (2022). Grandes Figuras Excêntricas da História de Portugal. Lisboa: Contraponto Editores. 192 páginas. ISBN 9789896662677 
  7. Mariano, Fátima (2022). Grandes Figuras Excêntricas da História de Portugal. Lisboa: Contraponto Editores. 192 páginas. ISBN 9789896662677 
  8. Mariano, Fátima (2022). Grandes Figuras Excêntricas da História de Portugal. Lisboa: Contraponto Editores. 192 páginas. ISBN 9789896662677 
  9. Sansom, Ian (14 de maio de 2010). «Great dynasties of the world: The Chipperfields». The Guardian (em inglês). ISSN 0261-3077. Consultado em 26 de julho de 2024 
  10. a b «Gigante moçambicano chega a Lisboa». Consultado em 26 de julho de 2024 
  11. a b c «A história do gigante de Manjacaze. Este português foi o homem mais alto do mundo». NiT. Consultado em 26 de julho de 2024 
  12. a b «Gigante de Manjacaze regressa a Moçambique». Consultado em 26 de julho de 2024 
  13. Abreu, Rui Miguel (5 de maio de 2023). «Silk Nobre: "Quis fazer zoom na década de 70 e ir buscar a questão dos retornados que nunca foram, só vieram"». Rimas e Batidas. Consultado em 27 de julho de 2024. Esta música, “Azul Terylene”, eu dedico-a ao gigante Manjacaze, que usava uma balalaika azul terylene, que é a cor da esperança 
  14. «BIOGRAFIA: Silk Nobre». Festival da Canção. Consultado em 27 de julho de 2024