Gasoduto Turcomenistão-Afeganistão-Paquistão-Índia
O Gasoduto Turcomenistão-Afeganistão-Paquistão-Índia (também conhecido como Duto Trans-Afeganistão, TAP ou TAPI) é um projeto de duto de gás natural que está sendo desenvolvido pelo Banco Asiático de Desenvolvimento.[1][2][3][4] Esperado por ser concluído por volta de 2017, o gasoduto vai transportar gás natural do Mar Cáspio, do Turquemenistão através do Afeganistão para o Paquistão e depois para a Índia. A abreviatura vem das primeiras letras desses países. Os defensores do projeto o veem como uma continuação moderna da Rota da Seda.[5][6] O custo estimado do projeto do gasoduto é relatado em 7,6 bilhões dólares. A GAIL da Índia pode se tornar uma parte do projeto TAPI.[7]
História
[editar | editar código-fonte]As raízes deste projeto jazem da participação de empresas petrolíferas internacionais no Cazaquistão e Turcomenistão a partir de 1990. Com a Rússia, que controla todas as tubulações de exportação desses países, recusando-se consistentemente a permitir o uso de sua rede de dutos, essas empresas precisavam de uma rota de exportação independente, evitando tanto o Irã como a Rússia [8]
O projeto inicial começou em 15 de março de 1995, quando um memorando inaugural de entendimento entre os governos do Turcomenistão e do Paquistão para um projeto do gasoduto foi assinado. Este projeto foi promovido pela empresa argentina Bridas Corporation. A empresa Unocal, dos Estados Unidos, em conjunto com a empresa petrolífera saudita Delta, promoveram um projeto alternativo sem o envolvimento da Bridas. Em 21 de outubro de 1995, as duas empresas assinaram um acordo em separado com o presidente do Turcomenistão, Saparmurat Niyazov. Em agosto de 1996, a Central Asia Gás Pipeline, Ltd. (CentGas) formou um consórcio para a construção de um gasoduto, liderado pela Unocal.[9] Em 27 de outubro de 1997, CentGas foi criada em cerimônias de assinatura formal em Ashgabat, Turcomenistão, por várias empresas internacionais de petróleo, juntamente com o Governo do Turcomenistão.
O novo acordo sobre o gasoduto foi assinado em 27 de dezembro de 2002 pelos líderes do Turcomenistão, Afeganistão e Paquistão.[10] Em 2005, o Banco Asiático de Desenvolvimento apresentou a versão definitiva do estudo de viabilidade concebido pela companhia britânica Penspen. O projeto tem atraído forte apoio dos Estados Unidos[11], uma vez que permitiria que as repúblicas da Ásia Central exportassem recursos energéticos para os mercados ocidentais, "sem depender de rotas russas". O então embaixador estadunidense no Turcomenistão Ann Jacobsen observou que: "Estamos analisando seriamente o projeto, e é bastante possível que as companhias americanas irão entrar nele".[12] Devido à crescente instabilidade, o projeto foi fundamentalmente paralisado; a construção da parte turcomana deveria começar em 2006, mas a viabilidade global é questionável, uma vez que a parte sul da seção afegã atravessa território que continua sob o controle de facto do Talibã.[12]
Em 24 de abril de 2008, Paquistão, Índia e Afeganistão assinaram um acordo estrutural para comprar gás natural do Turcomenistão.[13] O acordo intergovernamental sobre o gasoduto foi assinado em 11 de dezembro de 2010 em Ashgabat.[14] No entanto, em abril de 2012, a Índia e Afeganistão não conseguiram chegar a um acordo sobre a taxa de trânsito para o gás que passaria através do território afegão. Consequentemente, Islamabad e Nova Deli também não conseguiram concordar com a taxa de trânsito para o segmento do oleoduto que passaria pelo Paquistão, que vinculava o seu sistema de taxas para qualquer acordo entre a Índia e o Afeganistão.[15] Em 16 de maio de 2012, o parlamento afegão aprovou o acordo sobre um gasoduto e no dia seguinte, o Conselho de Ministros da Índia permitiu que a empresa estatal de gás, GAIL, assinasse o Contrato de Compra e Venda de Gás (GSPA) com a TürkmenGaz, a companhia nacional de petróleo do Turcomenistão.[16]
Oleoduto
[editar | editar código-fonte]No final da década de 1990, a companhia estadunidense Unocal Corporation considerou construir em conjunto com o Gasoduto Turcomenistão-Afeganistão-Paquistão-Índia também um oleoduto para ligar Türkmenabat (anteriormente Chardzou), Turcomenistão, a costa do Mar Arábico no Paquistão. Esse oleoduto forneceria uma possível rota de exportação alternativa para a produção de petróleo a partir da região do Mar Cáspio. No entanto, devido à instabilidade política e de segurança, este projeto foi indeferido.
Teoria da conspiração
[editar | editar código-fonte]Após ataques de 11 de setembro alguns teóricos da conspiração alegaram que a possível motivação dos ataques incluem justificar a invasão do Afeganistão, bem como interesses geoestratégicos, como o projeto do duto.[17] Dessa forma, alguns críticos[18] propuseram que o motivo para invadir o Afeganistão em 2001, seria a sua importância como um canal para oleodutos do Azerbaijão para os países vizinhos do Afeganistão.[19] Ao contornar a Rússia e o Irã, romperia seu monopólio coletivo no fornecimento de energia da região.[20]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ «Firm to execute TAPI pipeline project». Pajhwok Afghan News. 13 de julho de 2013
- ↑ Shawn McCarthy (19 de junho de 2008). «Pipeline opens new front in Afghan war». Globe and Mail. CTVglobemedia Publishing Inc.
- ↑ John Foster (20 de agosto de 2008). «Asia's new 'great game' is all about pipelines». Toronto Star. Consultado em 7 de dezembro de 2009
- ↑ John Foster (19 de junho de 2008). «A Pipeline Through a Troubled Land» (PDF) 1 ed. Canadian Centre for Policy Alternatives. Foreign Policy Series. 3
- ↑ Mehdudia, Sujay (11 de dezembro de 2010). «TAPI project will be the new Silk Route, says Deora». The Hindu. Kasturi & Sons Ltd. / The Hindu Group
- ↑ 0 Bhadrakumar, M. K. (24 de dezembro de 2010). «U.S. brings Silk Road to India». The Hindu. Kasturi & Sons Ltd. / The Hindu Group
- ↑ «GAIL may become partner in TAPI gas pipeline project». 8 de Junho de 2012
- ↑ Brisard, Jean-Charles; Dasquie, Guillaume (2002). Forbidden Truth – U.S. Taliban Secret Oil Diplomacy and the Failed Hunt for bin Laden. [S.l.]: Nation Books. pp. ?. ISBN 978-1-56025-414-0
- ↑ «Taleban in Texas for talks on gas pipeline». BBC. 4 dezembro de 1997
- ↑ McWilliam, Ian (27 de dezembro de 2002). «Central Asia pipeline deal signed». BBC
- ↑ «Países fecham acordo de gasoduto no Afeganistão». Estadão. 11 de dezembro de 2010
- ↑ a b Nafeez Mosaddeq Ahmed (outubro 2009). «Our Terrorists». New Internationalist
- ↑ «Trio sign up for Turkmen gas». Upstream Online. NHST Media Group. 25 de abril de 2008
- ↑ «Agreement sought on Afghan-Pakistan gas pipeline». CNBC. Associated Press. 11 de dezembro de 2010
- ↑ «TAPI: India, Afghanistan Fail to Agree on Transit Fee». The Gazette of Central Asia. Satrapia. 18 de abril de 2012
- ↑ «India Authorizes to Sign TAPI Gas Sales and Purchase Pact». The Gazette of Central Asia. Satrapia. 18 de maio de 2012
- ↑ Knight, Peter (2008). «Outrageous Conspiracy Theories: Popular and Official Responses to 9/11 in Germany and the United States». New German Critique. 35: 165–93. doi:10.1215/0094033X-2007-024
- ↑ Prof Michel Chossudovsky. «"The War is Worth Waging": Afghanistan's Vast Reserves of Minerals and Natural Gas». GlobalResearch.ca
- ↑ Seth Stevenson (6 de dezembro de 2001). «Pipe Dreams». Slate. Cópia arquivada em 4 de agosto de 2008
- ↑ Seth Stevenson (29 de outubro de 2001). «Afghanistan: the pipeline war?». BBC. Cópia arquivada em 19 de agosto de 2008
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- «A grande disputa pela Ásia Central». www.diplomatique.org.br - Le Monde Diplomatique Brasil
- «Os novos caminhos da seda na Ásia». noticias.bol.uol.com.br - BOL Notícias
- «Energia e geopolítica: a batalha pela Ásia Central». outraspalavras.net - Outras Palavras